Debate sobre incineração de corpos em Cambaíba volta à pauta do Folha no Ar
Arnaldo Neto 27/02/2020 08:01 - Atualizado em 10/03/2020 14:54
Carlos Alberto Senra participou do Folha no Ar
Carlos Alberto Senra participou do Folha no Ar / Genilson Pessanha
“Um delírio do Cláudio Guerra”. É assim que o advogado Carlos Alberto Senra, que representa a família do ex-proprietário da Usina Cambaíba, o ex-deputado Heli Ribeiro Gomes, define o relato do ex-delegado do Departamento de Ordem e Política e Social (Dops) sobre a incineração de 12 corpos de presos políticos nos fornos da empresa campista entre os anos de 1974 e 1975. No Folha no Ar, da Folha FM 98,3, desta quinta-feira (27) ele afirmou que seria impossível se aproximar dos fornos, com alta temperatura, para jogar os corpos como Guerra disse no seu livro “Memórias de uma guerra suja”. Senra ainda disse que o ex-delegado do Dops cai em contradição nos seus discursos, se mostra “onipresente” nas ações relatadas.
— Ele [Guerra] como ex-delegado do Dops, logicamente, conheceu fatos, leu, teve conhecimento de muitas coisas dos bastidores. E aí ele fez uma narrativa, talvez, até para mostrar uma importância aparente que ele tivera no período da ditadura e que agora, sendo um pastor evangélico, botou a mão na consciência e resolveu se redimir dos crimes. Mas, em relação à Cambaíba, ele e nem o Ministério Público [Federal] provarão nada, já que nada disso aconteceu lá — destacou o advogado.
De acordo com Carlos Alberto, assim que tomou conhecimento das declarações de Cláudio Guerra, em 2012, ele buscou que a história fosse esclarecida: “Com um exemplar da Folha da Manhã [que noticiou o fato], eu entrei com uma representação junto ao Ministério Público Estadual narrando os fatos, porque aquelas afirmações eram muito graves e mereciam a investigação isenta do Ministério Público Estadual. Da mesma forma, nós fomos ao Ministério Público Federal e representamos no sentido de investigar”.
Senra destacou que o promotor estadual Marcelo Lessa chegou à conclusão de que era impossível provar que a incineração teria acontecido nos fornos da usina. Logo, foi contestado sobre o MPF que concluiu um inquérito na qual afirma que as declarações de Cláudio Guerra são verdadeiras:
— Quem vai avaliar, afinal, se é procedente ou não, é o juiz, o julgador. E essas causas dão uma dimensão muito grande, um eco junto à imprensa, de quem está atuando e, principalmente, de quem está acusando. Inclusive, se não me falha a memória, foi até laureado o procurador Eduardo Santos, que é um grande procurador, pela atuação nesse caso, em razão de se buscar a verdade. Só que essa verdade não ocorrera. Vai haver um embate entre a acusação e defesa e o julgamento, afinal. Quem conhece Campos sabe que isso é impossível.
Quanta a Cláudio Guerra, Senra disse que já entrou com uma representação no Ministério Público Estadual pelo crime de calúnia e difamação.
A possível incineração de corpos nos fornos da Usina Cambaíba voltou à pauta na última semana, com uma inspeção da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. No Folha no Ar, na quinta-feira da semana passada, o presidente da comissão, Marco Vinícius de Carvalho, disse que a possibilidade de encontrar qualquer vestígio é “praticamente impossível”.
Confira entrevista completa:
 
 

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