Falta de resposta sobre diques
Camilla Silva 15/02/2020 20:08 - Atualizado em 18/02/2020 14:51
Dique da Boianga rompeu e água do Muriaé chegou a BR 356 na localidade de Três Vendas, em Campos
Dique da Boianga rompeu e água do Muriaé chegou a BR 356 na localidade de Três Vendas, em Campos / Rodrigo Silveira
Após oito municípios do Norte e Noroeste Fluminense decretarem situação de emergência devido aos problemas decorrentes da chuva volumosa nos estados do RJ, MG e ES em janeiro, a região voltou a enfrentar problemas neste mês. Ontem (15), os rios Muriaé, Pomba, Itabapoana e Paraíba do Sul começaram a estabilizar. No entanto, mais de 8,5 mil estavam desalojadas ou desabrigadas na região devido às inundações. Na sexta, a RJ 194, que funciona com um dique de proteção para propriedades rurais à margem do rio Paraíba do Sul entre Campos e São Francisco, foi interditada após o asfalto ceder. Em mais uma cheia do rio Muriaé em 2020, as águas voltaram a alcançar, na última quinta-feira (13), o dique da Boianga, em Três Vendas, que continua rompido. No entanto, a inundação não chegou à BR 356 que funciona como uma segunda barreira a localidade campista, até o fechamento desta edição. Sem nenhuma intervenção anunciada para o local, a Folha tenta encontrar os responsáveis pela manutenção destas e de outras estruturas de contenção ao longo do rio Paraíba do Sul e Muriaé, no entanto, órgãos federais e estadual não assumem diques.
Desde o fim de janeiro, a Folha tem tentado confirmar com o Departamento Nacional de Infraestruturas Terrestres, Ministério do Meio Ambiente e Instituto Estadual de Ambiente do estado do Rio de Janeiro, quando foi a última manutenção do dique da Boinga I e II, localizados em Campos, e quem é o responsável pela manutenção dessa e de outras estruturas existentes ao longo dos rios Muriaé e Paraíba do Sul, nos municípios de Cardoso Moreira, Campos e São João da Barra (Dique da Onça, Santa Bárbara e do Viana).
Ao entrar em contato com o Comitê do Baixo Paraíba e pesquisadores da região, a informação é de que as estruturas foram construídas pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). Segundo eles, após a extinção do órgão, convênios foram realizados para que fossem preservados, incluindo uma intervenção realizada pelo Inea-RJ, entre 2008 e 2010. Depois disso, não houve definição da propriedade e responsabilidades sobre os equipamentos.
Nesta semana, os órgãos foram novamente foram procurados. Conforme mostram as imagens ao lado, nenhum deles assumiu as obras ou indicou o setor ou a instituição responsável por fazê-las. Segundo o município, a situação foi notificada ao Ministério Público estadual para que providências de reparação sejam realizadas. A Defesa Civil de Campos afirmou, ainda, que 4 mil pessoas que estão na localidade de Três Vendas não correm risco de inundação, já que manilha localizada na BR 356, que funciona como uma segunda barreira, permanece fechada após intervenção.
RJ 194 - O Departamento de Estradas de Rodagem informou que, na noite dessa sexta, uma equipe técnica esteve na RJ 194, que liga os municípios de Campos e SFI, para avaliação. O trânsito foi totalmente liberado na pista. O rompimento da rodovia, que funciona como um dique, ocorreu por infiltração e colapso da estrutura. A situação continua crítica em outros pontos da rodovia.

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