Vigário Geral lacra com o Bozonaro fazendo arminha no Carnaval do Rio. Deveria levar o primeiro lugar
22/02/2020 14:04 - Atualizado em 22/02/2020 15:26
A Escola de Samba Acadêmicos de Vigário Geral mostrou que o Carnaval no Brasil não está morto na arte do protesto. A agremiação que abriu a primeira noite de desfiles da Série A, que é o grupo de acesso do Carnaval carioca, jogou na Sapucaí um boneco gigante do palhaço Bozo batendo continência com uma das mãos e fazendo "arminha" com a outra. O boneco é uma referência ao presidente Jair Bolsonaro, que vem assinando vários retrocessos no processo democrático do Brasil e ganhando imensa rejeição pública (inclusive de eleitores que votaram nele nas últimas eleições, dentre eles militares). O enredo da agremiação levou o título de "O conto do vigário".
Um dos trechos do samba-enredo da escola faz referência a índios e quilombolas, para quem Bolsonaro deixou claro que não cederia "nem um centímetro de terra" em demarcações. Para quem não lembra: Bolsonaro também verbalizou que esteve numa comunidade quilombola e que os quilombolas, lá, "não faziam nada".
A escola também colocou integrantes levantando plaquinhas com dizeres como "Meu partido é o Brasil", "Não à ideologia de gênero" e "Fim da velha política", bandeiras fascistas do governo Bolsonaro.
"Tupiniquins, Tupinambás e Potiguaras/ Tamoios, Caetés e Tabajaras/ É Banto, é Congo, é de Angola/ Somos da tribo quilombola/ Que segue aguerrida/ Mas sempre esquecida Por quem tem poder/ Montando em cabrestos/ Matando direitos de quem quer viver/ O homem de terno pregando mentira/ Desperta a ira em nome da fé/ Pois é, na crise nossa gente acende vela/ Pra santo que nem olha pra favela/ E brinca com direito social/ Ó mãe, o morro é o retrato do passado/ Legado de um mito mal contado/ Vigário, teu protesto é Carnaval!, diz um dos trechos do samba-enredo.
A Vigário Geral também fez crítica a Crivella.
Depois da passagem do boneco Bozo, a escola de samba passou com a ala "Bloco Sujo", fazendo uma homenagem aos blocos de rua que se manifestam contra o descaso do poder público - dos políticos. Os integrantes da ala estavam vestidos de marinheiro e melindrosa, carregavam estandartes com as palavras "Educação", "Cultura", "Saúde" e "Democracia". 

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    Thaís Tostes

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