Dois PMs e uma Missão Quase Impossível
21/02/2020 20:01 - Atualizado em 21/02/2020 21:09
NinoBellieny
 
São 10:50h de sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020, uma mulher atravessa a passarela ànexa à ponte sobre o Rio Itabapoana, divisor das cidades de Bom Jesus do Norte-ES e Bom Jesus do Itabapoana-RJ.
Quem a vê caminhando tranquila, de boa aparência, não percebe que algo não está bem com ela. 
A mulher está no limite, e não é só o dos 2 municípios. Está na divisa e não é só a dos 2 estados. Acontecimentos tantos a deixam tonta, não consegue pensar direito, duvida que tenha ainda o direito de continuar a viver., quer dar um fim em tudo.
E no impulso salta da passarela dentro das águas barrentas do velho rio. 
É véspera de Carnaval, dois sargentos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Sizenando e Bartholazi, estão cumprindo mais um dia de serviço dentro das espessas fardas. Já se acostumaram, calor ou frio tanto faz, é a segunda pele, e eles têm orgulho daquele azul-escuro temido por alguns, amado por outros, ignorado também como se quem vestisse farda não existisse.
Mas existe. E quando ambos avistam a mulher pular no rio, não pensam, um deles age por instinto e anos de treinamento: salta também. Não há tempo de tirar os boots*, nem o pesado colete à prova de balas ou a camisa, sequer a arma.
Vai conseguir ou afogar-se e perder a vida tentando salvar uma desconhecida...?
Sizenando sai das águas trazendo a mulher, Bartholazi ampara-os na margem. 
Se gastasse 5 segundos pensando em socorrê-la ou não, de nada adiantaria, a correnteza a levaria mais e mais longe.
As pessoas se aglomeram diante da cena, o sargento cumpre a missão. Voltará para casa, contará para a família, sairá na mídia.
E logo será esquecido como tantos outros colegas de profissão, mas não é para ser lembrado pelos outros que ele faz o que fez e sempre fará enquanto forças tiver. É para cumprir o juramento de quando entrou na PM, é para dormir em paz, é para agradecer a Deus mais uma oportunidade de resgatar uma vida e honrar a farda.
A mulher foi levada para uma unidade de saúde e vai ter pela frente uma nova chance.
Depois de cumprirem a escala e a provável folga normal, Sizenando e o colega Bartholazzi, terão novos desafios na inquietante rotina da polícia, aliás chamar de rotina é um contrassenso. Nada nunca é igual no dia a dia de um policial.
Os dois são do 29º BPM, sediado em Itaperuna, orgulho da cidade, por ter em seus quadros centenas de exemplos semelhantes em garra e bravura.
Como é bom ter heróis por perto.
* Botas militares
 

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