Policiais pressionam governadores
- Atualizado em 25/02/2020 03:06
José Cruz/Agência Brasil
O ato de policiais militares que culminou com o senador licenciado Cid Gomes baleado na cidade de Sobral/CE expôs algo que vem ocorrendo em diversos estados da federação: o aumento da pressão de policiais por reajustes salarias. Mesmo com um quadro de dificuldade fiscal, pelo menos outros dez estados estão sendo pressionados a aumentar os gastos com as folhas salariais de trabalhadores da área de segurança pública.
As manifestações no Ceará começaram no mês de dezembro do ano passado. Policiais militares, bombeiros e seus familiares tem participado de diversas manifestações por aumentos salariais. Em uma tentativa de diminuir as tensões o governador do estado chegou a anunciar um acordo com representantes dos profissionais, porém parte da categoria não concordou e continuou a convocar protestos. Enquanto isso, em Minas Gerais, o governador Romeu Zema, do partido Novo, temendo protestos como os do Ceará, decidiu atender às reivindicações dos policiais e propôs à Assembleia Legislativa do estado reajuste de mais de 40% divididos em três parcelas anuais, recebendo pesadas críticas de seu partido em razão da situação fiscal do estado.
Na Paraíba, agentes de segurança paralisaram as atividades por 12 horas na quarta-feira em razão da demora do governo estadual em negociar o reajuste de 24% pretendido para os próximos dois anos. A proposta do governo foi de reajuste de 5%. Já em Alagoas, a Polícia Civil tem feito as chamadas “operações tartarugas” onde retarda a realização de serviços e seus representantes prometem paralisar as atividades durante três dias a partir da quarta-feira de cinzas. Os policiais reivindicam reposição salarial mínima de 16% e aumento no salário inicial.
No Rio e em São Paulo, os governadores também enfrentam grande insatisfação de suas tropas desde o ano passado. O reajuste salarial de 5% anunciado por Doria para a PM paulista foi criticado por policiais, que apontam uma defasagem salarial de cerca de 40%. No Rio, o acordo de recuperação fiscal com a União impede reajustes salariais para a polícia e tem causado grande desgaste ao governador que foi eleito prometendo investir nos policiais.
Nas últimas eleições ficou clara a relevância que o tema segurança pública tem para os eleitores, porém a situação fiscal impede aumento de gastos em grande parte dos estados. Como resolver esse dilema? Como remunerar de forma digna os agentes de segurança enquanto estados enfrentam déficits enormes em seus orçamentos? Essas são as respostas que devem ser encontradas e os governadores foram eleitos para isso. O que não se pode permitir é a anarquia e a imposição do terror como ferramenta de negociação.

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    Roberto Uchôa

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