Na crise financeira, quem lucra com baile funk a céu aberto no Tamandaré?
- Atualizado em 24/01/2020 08:11
Só dinheiro?
Parte da mesma população que considerou a segunda gestão Rosinha Garotinho (hoje, Patri) tão ruim ao ponto de eleger Rafael Diniz (Cidadania) no primeiro turno de 2016, não faz juízo diferente de quem hoje o governa. Se a ex-prefeita teve em seus oito anos de administração a média de R$ 120 milhões de Participação Especial (PE) de petróleo, sem correção pelo IPCA, as dificuldades financeiras são bem maiores para quem teve média de PE de R$ 40 milhões, como Rafael. Sendo que a última, paga em novembro, não chegou a R$ 17 milhões. Mas dinheiro, ou sua falta, não é a única explicação.
Procura-se a GCM
Desde que o grupo que explora a boate Luxx se instalou comercialmente na rua Pero de Góis, ainda no governo rosáceo, o bairro residencial do Parque Tamandaré, com um dos IPTUs mais caros da cidade, passou a viver um inferno nas suas noites e madrugadas antes tranquilas. Só que, com Rosinha no poder, a Guarda Civil Municipal (GCM), atendia às chamadas e enviava viaturas para coibir o estacionamento em fila dupla, por vezes tripla, dos clientes da casa noturna na Pero de Góis. Só que, nos três anos do governo Rafael, a GCM simplesmente deixou de fazer esse tipo de serviço.
Brigas e tiros
Autorizada provisoriamente pela superintendência de Postura a cada novo evento, a seleta clientela da boate Luxx transformou as madrugadas das ruas do Parque Tamandaré em palco para brigas generalizadas, agressões físicas e verbais a mulheres, e até disparos com arma de fogo, como foram flagrados por câmeras de vídeo na madrugada de 1º de novembro de 2018. Diante da divulgação do fato pela Folha, a Postura foi forçada a agir. Em dezembro daquele ano fechou a casa noturna para tratamento acústico, depois da qual foi novamente liberada em maio de 2019.
Fogueteiro
A vedação acústica da Luxx é cobrada com juros por seus frequentadores. Com a inação da GCM, os baladeiros de outros bairros não só voltaram a parar carros em filas duplas e até triplas no Tamandaré, como acintosamente elevam potentes sons automotivos à máxima altura. E transformam noites e madrugadas de quem quer dormir, dentro da sua casa, em um inferno. Seu sinal verde é bem conhecido dos residentes do bairro. Como fogueteiro do tráfico, uma moto passa pela Pero de Góis roncando o motor. É a senha para que o baile funk a céu aberto comece. Quase sempre, até raiar o dia.
Adestrados
Com o movimento nas praias nos finais de semana, o verão trouxe uma novidade. Os ilícitos dos frequentadores da boate, que fazem da rua a sua extensão, começaram esta semana na noite de quarta (22). E se estenderam pela madrugada de ontem. Avisado da bandalha acústica, o comandante do 8º BPM, tenente-coronel Henrique, enviou uma viatura ao local. Mas, na mesma sincronia com o ronco da moto como fogueteiro do tráfico, os frequentadores da Luxx abaixam o som dos seus carros quando chega a patrulha. Que retornam ao máximo volume assim que a PM dobra a esquina.
Jogo de empurra
Nesse jogo de gato e rato, duas viaturas da PM flagraram um carro parado na contramão, em frente à Luxx, que acabara de abaixar o volume do som. Saudados pelos seus ocupantes, como filmado por um morador insone do Tamandaré, os PMs nada fizeram. Após assistir ao vídeo, o comandante Henrique disse que a função de coibir o estacionamento na contramão é da GCM sempre ausente. Como a Postura diz que sua função é coibir o som da boate, não dos carros, que seria função da PM. E nesse jogo de empurra, o prejudicado é o cidadão pagador dos seus impostos e impedido de dormir.
Quem lucra?
O superintendente da Postura é pré-candidato a vereador. Se confirmar a pretensão, dificilmente terá um voto no Parque Tamandaré. Por enquanto, é membro da mesma gestão cuja GCM se omite. Mas é estranho que um governo sem receio de se indispor com a população carente no corte de programas sociais, ou com médicos, hospitais, servidores e comerciantes da CDL, pareça ter medo em fazer cumprir a lei sobre uma boate instalada em bairro residencial. Em um município em crise financeira, até onde se saiba, só quem tem lucrado com o inferno do Tamandaré são os donos da Luxx.
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