O deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) continua afirmando que ainda não é pré-candidato a prefeito de Campos. No entanto, na última quarta-feira, após a tradicional missa de Santo Amaro, o parlamentar admitiu pela primeira vez que vai bater o martelo sobre uma possível candidatura somente após o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode redistribuir os royalties do petróleo. Caso o entendimento do STF seja contra estados e municípios produtores, a maior cidade do interior — que já vive uma situação financeira difícil — pode entrar em estado de insolvência.

Wladimir garante que seu foco atual é na atuação em Brasília em defesa dos royalties. “Continuo meu trabalho como deputado federal e temos muitas coisas para serem definidas, principalmente os royalties do petróleo no dia 29 de abril. Esse é meu foco no momento, fazer com que não haja a redistribuição. E só depois disso vou definir sobre pré-candidatura ou não. O momento agora é de trabalhar como deputado federal para impedir que a gente perca o que é nosso”, disse o parlamentar do PSD.

O último ano terminou quente, com o racha na base governista na Câmara de Campos, surgimento do G8 e os embates com o prefeito Rafael Diniz (Cidadania). Durante 2019, alguns dos principais cotados a disputar o pleito municipal trocaram farpas publicamente, aquecendo o clima pré-eleitoral. No entanto, 2020 começou — por ora — com o tom mais ameno entre os pré-candidatos, que também estão de olho no julgamento do STF para dar os próximos passos no tabuleiro político em meio a tantas incertezas.

Depois da missa de Santo Amaro, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) recebeu diversas autoridades locais e estaduais para um almoço. O parlamentar relatou que tem conversado com todos os demais pré-candidatos e pregou união entre todas as forças políticas neste momento: “O momento é de diálogo. O momento das finanças do município, principalmente, é muito caótico. Não adianta acirrar muito a disputa, precisamos somar forças para chegar ao consenso de um nome e aqueles que não forem escolhidos, que deem as mãos e somem junto. Quem é deputado federal, estadual, cada um trazer apoio, emendas para nossa cidade”.

Outro exemplo foi o diálogo entre Fred Machado (Cidadania) e Wladimir, revelado pelo presidente da Câmara em entrevista ao Folha no Ar, na Folha FM, na última quarta-feira. O vereador disse que conversou com o deputado para chegar a um meio termo sobre a questão do limite para remanejamento dentro da Lei Orçamentária Anual (LOA). Após entendimento com o presidente, a bancada de oposição apresentou uma emenda para que o teto fosse de 20%, ficando no meio do caminho entre os 30% do governo e os 10% almejados pelo G8. Apesar das críticas do deputado federal ao governo, o diálogo entre ele e Fred ajudou a destravar a LOA.

Aliás, na queda de braço entre governo, G8 e oposição, quem se sobressaiu foi Fred Machado. Aliado de primeira hora do prefeito Rafael Diniz, o presidente da Casa foi eleito para o cargo por unanimidade e tem ótima relação com todas as correntes dentro do Legislativo. O tom conciliador que se destaca na política local – pelo menos por ora – neste início do ano, tem levado a melhor sobre os tradicionais embates bélicos que Campos ficou acostumada nos últimos anos. Claro que os debates acalorados chamam a atenção, mas a população está cada vez mais atenta e espera por soluções para suas demandas.

O jornalista Ancelmo Gois destacou ontem em sua coluna no jornal O Globo a nota “Isto é Brasil” e disse: “Lembra do caso do servidor da Alerj Ricardo Dauaire, tio do deputado Bruno Dauaire (PSC), que foi denunciado como funcionário fantasma? Foi aposentado pela Alerj com salário mensal de R$ 28.027,13”. À época das denúncias, divulgadas pela TV Globo, no telejornal carioca RJ TV 2ª Edição, Ricardo não foi encontrado pela Folha. Ontem, após a nota de Ancelmo, Bruno foi procurado, mas preferiu não emitir nenhum posicionamento sobre o assunto.