Geraldo Pudim diz que vai apoiar Caio Vianna para prefeito
24/01/2020 07:40 - Atualizado em 19/02/2020 16:42
Geraldo Pudim foi entrevistado nesta sexta
Geraldo Pudim foi entrevistado nesta sexta / Cláudio Nogueira
Atual secretário-geral da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e pré-candidato a vereador, Geraldo Pudim (MDB) afirmou, em entrevista ao programa Folha no Ar, na rádio Folha FM 98,3, nesta sexta-feira (24), que vai caminhar ao lado do pré-candidato Caio Vianna (PDT) em 2020. O ex-deputado, que integrou o grupo político do ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) por 30 anos, também disse que nunca foi “traíra” e que sua rejeição se deve ao tempo que esteve ligado ao político da Lapa. Pudim criticou o governo Rafael Diniz (Cidadania) e aposta numa disputa entre Caio e Wladimir Garotinho (PSD) no pleito de outubro, mas analisou que o próximo prefeito terá uma situação ainda mais complicada que a de Rafael.
Pudim foi candidato a prefeito em 2016, quando teve o apoio do ex-prefeito Arnaldo Vianna (então no MDB e atualmente no PDT) e recebeu 2.160 votos, ficando na quinta colocação. Na época, Arnaldo não apoiou a candidatura do filho, Caio, que chegou a liderar as pesquisas de intenção de votos, mas sofreu grande queda sem a aprovação do pai e terminou na terceira posição. O ex-deputado – que foi vice de Arnaldo quando os dois pertenciam ao grupo político do ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) – voltou a se aproximar do pedetista depois de romper relações com o político da Lapa.
— Tive uma conversa com o pré-candidato Caio, que me procurou para que pudéssemos conversar sobre a política municipal. Foi muito interessante porque pude ver o amadurecimento e crescimento. Hoje eu posso garantir que o Caio está maduro para ser o prefeito de Campos. Nessa conversa eu disse que quero ajudar, sim, pela experiência que tive de ser ex-vereador, ex-deputado federal, ex-deputado estadual, ex-vice-prefeito e de ter assumido prefeitura.
Recentemente, o diretório municipal do PT divulgou que fez uma votação e decidiu, por unanimidade, por não aceitar a filiação de Pudim ao partido. No entanto, o ex-deputado negou que tenha formalizado qualquer tipo de pedido para ingressar na legenda e chamou a atitude do diretório de “deselegante”.
—Posteriormente, Caio me perguntou se eu não gostaria de ser vereador para ajudá-lo nesta tarefa. Eu estou no Rio de Janeiro, trabalhando de segunda a sexta-feira. Eu falei que ia conversar primeiro com minha família e eles aceitaram. A segunda pessoa que eu precisava conversar era o presidente (da Alerj) André Ceciliano (PT), que foi quem me nomeou e me acolheu na Alerj. Por dever de lealdade, eu o consultei. Qual seria, em tese, a preferência do presidente? Que eu fosse para o partido dele. Mas eu não formalizei em momento algum pedido de entrada no PT. Achei de uma deselegância, de uma falta de sensibilidade tremenda do PT de Campos. Discutiram uma coisa que não foi provocada, como se o PT não tivesse me aceitado. O presidente (Ceciliano) fez uma consulta ao presidente estadual do partido e ele, provavelmente, deve ter feito uma consulta ao diretório municipal de Campos. E aí ela (Odisséia Carvalho, presidente do diretório) vai e me execra.
Pudim também criticou o governo e disse que o projeto do atual prefeito foi apenas derrotar Garotinho. “Não estou falando da pessoa Rafael, que é um amigo. Mas foi um voto de ódio, foi um voto contra e não a favor. Quando Rafael assumiu a Prefeitura de Campos, tive várias conversas com o ex-prefeito Sérgio Mendes (então presidente do PPS em Campos) e nas conversas que tive com algumas pessoas, falavam: “qual o projeto?”. Não tinha projeto. O projeto era derrotar Garotinho. E eu dizia que isso era muito pequeno para a cidade de Campos”, disse o ex-vereador, que completou dizendo que as “bombas” deixadas pelo último governo explodiram.
— Todas as bombas explodiram. O Brizola falava que para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer vento é contra. Esse é o ponto central que envolve a administração do prefeito Rafael Diniz. Onde ele queria ou quer chegar? Campos não tem R$ 1 para investimento. O dinheiro hoje está sendo utilizado para pagamento de pessoal, custeio da máquina, pagamento de juros da dívida e para recompor o Instituto de Previdência que é deficitário. E o que estamos assistindo é esse caos e o prefeito não sabe o que fazer. Não tem saída para Campos se não tiver parcerias público-privada, parcerias com os governos federal e estadual porque você não pode onerar mais o contribuinte de Campos com impostos.
O secretário-geral da Alerj analisou, ainda, que o próximo prefeito pode pegar uma situação ainda pior por causa das “bombas” deixadas pelas últimas gestões que gastaram dinheiro dos royalties sem pensar em sustentabilidade. “As vilas olímpicas e o Cepop são exemplos clássicos de investimentos que não trazem retorno ao município. As pessoas acharam que isso (royalties) não iria acabar e agora é hora de repensar Campos, começar do zero. Isso significa ter clareza do fundo do poço e ter coragem para enfrentar as dificuldades que ainda virão. Esse processo de Campos ainda não terminou. O próximo prefeito enfrentará as mesmas circunstâncias do prefeito Rafael ou até piores”.
Ruptura com Garotinho
Durante a entrevista, Geraldo Pudim também falou sobre o seu processo de ruptura com o grupo político de Garotinho, do qual fez parte por aproximadamente 30 anos. Além de 2016, ele também tentou retornar à Câmara Federal em 2018, quando somou 5.046 votos e passou longe de se eleger. O ex-deputado reconheceu que a candidatura há dois anos foi um erro e mais uma tentativa de demonstrar que não estava mais ligado ao garotismo.
— Essas duas eleições estão diretamente ligadas. Isso é uma demonstração clara que, depois de 30 anos, eu não fui desleal com o ex-governador Garotinho, eu não fui traíra porque eu não formei grupo político. Eu entendia que o meu grupo político era o dele. Quando houve a ruptura, eu disse que ninguém devia nada a ninguém e que iríamos tocar a vida sem mágoas. Eu saí com uma mão na frente e outra atrás. Claramente o resultado da eleição demonstrou o meu tamanho, que estava contido dentro do grupo que ajudei a criar por 30 anos. Para usar uma expressão forte, se eu desse um tiro e matasse Garotinho na praça São Salvador, as pessoas diriam que era bala de festim. Ninguém acreditou, mas minha ruptura aconteceu. Além de estar preparado, minha candidatura foi efetivamente para demonstrar a ruptura e tentar criar um novo caminho para mim. E minha candidatura para deputado realmente foi um erro. Eu tinha vontade de voltar ao Congresso Nacional, onde fiz um mandato excepcional de 2007 a 2010, mas foi um erro.
Atrito com Wladimir
Pudim relatou, ainda, que decidiu deixar o grupo de Garotinho por causa de um “projeto familiar” do ex-governador e que, segundo o ex-deputado, Wladimir achou que ele atuou para evitar sua candidatura para Alerj em 2014.
— Eu achei que o tecido esgarçou. Começou a ter um projeto de família. Veja quem são os deputados hoje? Era Garotinho governador, Rosinha prefeita, Rosinha governadora, Clarissa vereadora, Clarissa deputada estadual, Clarissa deputada federal. E Wladimir me responsabilizou pela não candidatura dele a deputado estadual em 2014 e apoiou Bruno Dauaire. Ele me responsabilizou quando eu não tinha responsabilidade nenhuma. Eu fazia parte de um grupo e só segui a orientação desse grupo que resolveu me lançar candidato a deputado estadual. Eu nem viria a candidato. Eu não indiquei ninguém no governo porque entendia que fazia parte daquele grupo político. Quem tinha controle da máquina, já que Garotinho estava em campanha, era Wladimir.
Para o político campista, sua alta rejeição também se deve ao tempo que esteve ligado a Garotinho. “Todo mundo que participa da disputa eleitoral tem rejeição. Acho que recai sobre ele (Caio) alguma rejeição sobre o pai, na minha concepção. E quem tem mais rejeição ao Caio é o grupo adversário que sabe que Caio é o adversário do grupo do Garotinho e, mesmo assim, a rejeição dele é a mais baixa. Como não grudou nele a rejeição que algumas pessoas possam ter ao Arnaldo. Eu entendi, com relação a mim, que a minha rejeição era monstruosa. E era em relação a mim? O que eu fiz de mal? A minha rejeição era diretamente ligada ao Garotinho”.
Máquina pública
Durante a campanha de 2004, quando disputou a eleição para prefeito com Carlos Alberto Campista, houve denúncias do aporte de Cheque Cidadão do Governo do Estado – então comandado por Rosinha Garotinho – para campanha de Pudim. Porém, o ex-parlamentar negou qualquer irregularidade.
— O uso da máquina pública não é no sentido pejorativo. O eleitor gostaria de ver um Cepop, dez vilas olímpicas? Claro. O Garotinho é uma máquina de produzir. Isso reverte em reconhecimento e em voto. Só que a preocupação dele não no que vai acontecer depois. Comigo, particularmente, não era o uso da máquina para me eleger. Falaram dessa questão do Cheque Cidadão, mas o que ficou provado? Absolutamente nada. Na operação Chequinho eu já não estava mais no grupo, não sei como funcionou isso. Eu sou a favor de aumentar o mandato para cinco anos e acabar com reeleição. Não tem como não usar a máquina administrativamente. Custear passagem a R$ 1 é o que? Transferência de renda através do Cheque Cidadão é o quê? Não há impedimento nisso, mas é uma utilização do que o prefeito tem para benefício da sua reeleição.
Confira a entrevista completa:

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