Mario Sergio Junior, Paula Vigneron e Camilla Silva
29/01/2020 07:53 - Atualizado em 31/01/2020 16:38
Bloqueio de manilha na BR 356
Bloqueio de manilha na BR 356
Bloqueio de manilha na BR 356
Bloqueio de manilha na BR 356
Polícia Civil usa helicóptero para auxiliar ação
Água potável é entregue a moradores
Rio Muriaé afeta BR 356, em Três Vendas
A Defesa Civil manteve nesta quarta-feira (29), a ação para bloquear a passagem das águas do rio Muriaé por manilhas sob a BR 356, no trecho próximo a Três Vendas, em Campos. Desde a tarde dessa terça (28), quando o dique da Boianga rompeu, a rodovia federal é a única barreira que impede uma inundação da localidade. Equipes da Prefeitura estão no local e o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) acompanhou o trabalho. Durante todo o dia, a estrada ficou interditada no trecho entre Campos e Cardoso Moreira por risco de erosão na pista. Procurado pela Folha, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), não se manifestou. Em Itaperuna, a Marinha do Brasil montou uma base operacional, no aeroporto, para ajudar as cidades atingidas no Norte e Noroeste. A Defesa Civil do Estado, estima cerca de 16 mil pessoas fora de casa, nos 10 municípios atingidos.
— A gente acordou de madrugada com o carro da Defesa Civil buzinado e avisando todo mundo que haveria alagamento porque a intervenção não tinha dado certo. Fomos correndo na casa de alguns amigos para trazer as coisas aqui para o alto. Depois, veio a notícia que eles tinham conseguido diminuir a vazão da água. Ficamos mais tranquilos. Mas a expectativa é grande já que existe a possibilidade da rodovia arrebentar — afirmou o pastor Silas Nascimento que desde o fim de semana, está no segundo andar da igreja acompanhado de outras famílias que tiveram que deixar suas casas.
Morador de Três Vendas há mais de 30 anos, o pedreiro Joelson Ferreira lamentou e declarou que a população da localidade afirmou que o cenário se tornou mais preocupante no último domingo.“A gente se sente triste vendo isso. Não temos como nos comunicar com os nossos parentes porque tiraram a internet. Graças a Deus, estão dando água (potável) para a gente, porque isso está ruim também”, relatou.
O trabalho de fechamento das manilhas foi feito após o rompimento do dique, para evitar que a água do rio Muriaé passasse sob BR 356. Além de equipes da Prefeitura, atuam na localidade Corpo de Bombeiros, Marinha, Defesa Civil estadual e Polícia Civil, que chegou com dois helicópteros carregados de água potável, que foi distribuída à população. Nessa madrugada, o rio Muriaé, em Campos, recebeu um grande volume de água.
Por telefone, no programa Folha no Ar 1ª edição, o prefeito Rafael Diniz falou sobre as ações que estão sendo realizadas na localidade. "Estamos com o Grupo de Emergência em Alagamentos na localidade desde ontem (terça). Com a cheia do rio Muriaé, já fizemos, desde ontem, uma intervenção. Foi ela que permitiu que, hoje, Três Vendas não estivesse alagada", informou.
De acordo com o prefeito, o poder público trabalha para que a água não chegue à localidade. “Nós não podemos garantir isso pela força da água. A secretaria de Obras está atuando com máquinas desde cedo. Estou acompanhando pessoalmente todo o trabalho. E outro trabalho que estamos fazendo, junto às secretarias de Governo e de Desenvolvimento Humano e Social, e tratando direto com a população, é para uma possível retirada. Mas isso com muita cautela, com muita responsabilidade, sem apavorar ninguém. Tudo que o poder público municipal pode fazer já está sendo feito, com a presença da Defesa Civil estadual”, destacou.
Responsável pela operação da Defesa Civil municipal em Três Vendas, o major Leandro Paiva explicou que as equipes têm feito trabalhos preventivos e de alerta à população, inclusive com retirada de famílias para outros locais. Ele destacou que, em contrapartida, o nível dos rios Paraíba do Sul e Muriaé registrou baixa entre essa terça e quarta-feira.
— Estamos monitorando esse fluxo de água e a comunidade. Também estamos retirando as pessoas da comunidade, dando suporte a elas, e monitorando o nível do rio. Estamos com toda a infraestrutura do poder municipal e, também, com os poderes estadual e federal. Então, temos toda a estrutura para fazer a retirada da população dessa localidade e preservar o bem deles — pontuou o coordenador.
Rompimento do dique — O dique da Boianga, na localidade de Três Vendas, em Campos, não suportou a força da água com a cheia do rio Muriaé e se rompeu na tarde desta terça-feira (28), apesar do trabalho da Defesa Civil para reforçar a barragem. A estrutura foi estabelecida, após os rompimentos da BR 356 (Campos-Itaperuna) nas cheias de 2007 e 2012, como forma de impedir que a água chegasse à rodovia, que funciona como um segundo dique para evitar alagamentos na localidade. No local onde o asfalto cedeu nos anos anteriores, foi instalada uma manilha para preservar a estrutura da estrada, que, caso ficasse aberta, direcionaria o volume do rio para o bairro. Por isso, a Defesa Civil realizou o bloqueio com a colocação de barros e pedras na abertura.
O Grupo de Emergência em Alagamentos, que está durante todo o dia em Três Vendas, é composto pela Defesa Civil Municipal, secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, secretaria de Desenvolvimento Ambiental, superintendência de Limpeza Pública, secretaria de Desenvolvimento Humano e Social, secretaria de Governo, Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) e Empresa Municipal de Habitação (Emhab).
Dois abrigos — escolas municipais nos bairros Fundão e Aldeia — foram disponibilizados pela Prefeitura para a transferência das famílias. Em caso de emergência, os telefones de contato da Defesa Civil são: 199 ou 22- 98175 2512.