Chuva na região deixa 120 desabrigados e 200 desalojados
Paula Vigneron e Camilla Silva 24/01/2020 11:27 - Atualizado em 31/01/2020 16:26
Chuva na região deixa desalojados
Chuva na região deixa desalojados / Reprodução
As fortes chuvas que atingem os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais desde quinta-feira (23) continuam a oferecer riscos à população das regiões Norte e Noroeste Fluminense e mantêm as Defesas Civis dos municípios em alerta. Nesta sexta-feira (24), a Marinha do Brasil confirmou a formação do Ciclone Kurumí em alto-mar, com centro a 700 km de Arraial do Cabo, que vem influenciando o tempo na região durante a semana. Em Bom Jesus, o rio Itabapoana ultrapassou em mais de dois metros o seu nível de transbordo, o que causou a interdição de ruas e deixou cerca de 120 pessoas desabrigadas e 180 desalojadas. Em Itaperuna, pelo menos seis famílias tiveram que deixar suas casas devido ao risco de deslizamento de barrancos e foram alocadas em abrigos. Por volta das 14h desta sexta, o rio Carangola, que passa pelos estados do Rio e de Minas, superou a cota de transbordo em 20 cm no município de Porciúncula. Em Italva, o rio Muriaé ultrapassou sua cota máxima, por volta de 21h desta sexta, quando marcou 4,33m e já invadiu as ruas da cidade. Nos três casos, há previsão de que níveis continuem a subir nas próximas horas. Em Cardoso Moreira e Cambuci, córregos também transbordaram. O município de Campos registrou alguns pontos de alagamentos, como na rua Rocha Leão e na ponte Leonel Brizola. De acordo com a Defesa Civil, houve um chamado de emergência para o esgotamento do quintal de uma casa no bairro Fundão, em Guarus. 
Chuva alaga portão do estádio Antônio Ferreira de Medeiros, em Cadoroso Moreira
Chuva alaga portão do estádio Antônio Ferreira de Medeiros, em Cadoroso Moreira
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), informou que Santo Antônio de Pádua está em atenção, Cardoso Moreira e Itaperuna em alerta e Italva e Laje do Muriaé em Alerta Máximo. O coordenador regional da Defesa Civil da Região Norte e Noroeste, coronel Joelson Oliveira, informou que, com as chuvas registradas no Espírito Santo e em Minas Gerais, o órgão segue monitorando a área.
Devido às chuvas intensas e à cheia do rio Itabapoana, em Bom Jesus de Itabapoana, no Noroeste Fluminense, a Cedae informou que interrompeu temporariamente o funcionamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) do município. “A estação entrará em operação imediatamente após a normalização do nível do rio, retomando o fornecimento de água. No entanto, o abastecimento pode levar até 24 horas para ser normalizado por completo em alguns locais, como ruas altas e pontas de sistema”, afirmou. O prefeito do município, Roberto Tatu, chamou a medida de “covarde”.
— A Defesa Civil de Porciúncula está mobilizada, junto ao prefeito e secretários, e está emitindo alerta, avisando, dando a oportunidade para as pessoas saírem de suas casas — adiantou o coordenador. 
Já em Itaperuna, de acordo com Oliveira, duas famílias foram retiradas devido a deslizamento de barrancos. Na BR 356, que ficou interditada, nessa quinta, após queda de barreira e bolsões de água na pista, houve transbordamento de um córrego. Famílias que vivem nos arredores foram retiradas temporariamente, mas já retornaram às suas casas.
— Todos os municípios estão em alerta porque está programado para chover em toda a região, com possibilidade de maior chuva para hoje (sexta-feira). Sempre tem problemas pontuais, como deslizamento de terra. O grande problema agora é que a terra está encharcada. Então, o perigo é para quem mora em área de encosta — explicou Oliveira.
A Defesa Civil de Itaperuna informou que o município se encontra no nível laranja (de alerta), com risco de transbordo do rio Muriaé ainda nesta sexta-feira. 
Cardoso Moreira também teve transtornos
Cardoso Moreira também teve transtornos / Divulgação
O coordenador pediu que a população permaneça em áreas seguras, distante de encostas e de regiões de rios, ribeirões e córregos.
— A gente orienta que as pessoas que moram em área de encosta, neste momento de chuva, vão para a casa de um amigo ou parente. Se não tiver essa possibilidade, acionem as Defesas Civis para elas providenciarem abrigo público. Se não tiver nenhuma dessas oportunidades, que elas frequentem o cômodo da frente da casa das encostas. Não dá para prever quando uma inundação vai acontecer, mas outra preocupação é enxurrada. Tem esses córregos muito pequenos. Não dá para prever porque é uma nuvem que descarrega na cabeceira deles, e eles transbordam com muita força e velocidade. Então, é outro alerta para as pessoas que moram em torno desses ribeirões — complementou Joelson.
Campos — O Grupo de Emergência em Alagamento, formado pela Defesa Civil, secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, secretaria de Desenvolvimento Ambiental, superintendência de Limpeza Pública e Empresa Municipal de Obras Públicas (Emhab), segue monitorando toda a cidade de Campos. Alagamentos pontuais, em locais já conhecidos pelos campistas, foram registrados na cidade. Segundo o Inmet, choveu 68 mm até as 19h desta sexta. Alguns bolsões de água se formaram, mas não gerou grandes problemas para os moradores. 
Chove em Campos continua
Chove em Campos continua / Genilson Pessanha
O coordenador da Defesa Civil, major Edison Pessanha, informou que o órgão não recebeu chamadas de emergência, mas os trabalhos do grupo foram reforçados, por determinação do prefeito Rafael Diniz, após os alertas emitidos para o Norte Fluminense.
— As secretarias e superintendências estão atuando nas suas áreas de competência. Estamos monitorando o clima de acordo com os institutos (de meteorologia) para ver o que teremos nas próximas horas. Mas a tendência é que essa frente fria perca a força a partir de amanhã (sábado). A previsão para amanhã é de 25 mm e para domingo, de 5 mm. Aí, vai perdendo força no decorrer da próxima semana. As pessoas devem ficar atentas às informações dos órgãos competentes — salientou o major.
  • Município de Campos

    Município de Campos

  • Município de Campos

    Município de Campos

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    Município de Campos

Pessanha comentou sobre o alerta de ciclone subtropical no litoral da região Sudeste, emitido pela Marinha do Brasil e válido até este sábado. “O alerta é para alto-mar, para atividades de navegação e pesqueiras. Todas as colônias de pescadores estão em alerta para não praticar atividades, nem artesanal nem industrial. É bom ficar atento aos alertas do Corpo de Bombeiros, com sinalizações de alto risco nas praias. É bom obedecê-las por medidas de segurança, mas não existe alerta de ressaca na praia campista”, finalizou.
Cancelamento de eventos — Os municípios de Bom Jesus do Itabapoana e São Francisco de Itabapoana divulgaram informações sobre suspensão de atividades e eventos devido às fortes chuvas. Por meio de nota, o diretor-geral do Instituto Federal Fluminense de Bom Jesus do Itabapoana informou que “decidiu suspender as atividades da instituição na tarde desta sexta-feira, dia 24 de janeiro de 2020, devido à possibilidade de transbordamento do Rio Itabapoana, conforme alerta da Defesa Civil. A orientação está prevista na Ordem de Serviço nº 01, de 24 de janeiro de 2020”.
Já a Prefeitura de SFI cancelou os eventos do “Verão da Alegria” que ocorreriam nesta tarde. “Desta forma, Edivane Santos e Rock + não vão se apresentar em Sossego e Santa Clara, respectivamente”. A prefeita Francimara Barbosa Lemos declarou que o poder público está em alerta. “Na semana passada, quando começou esta chuva, a previsão indicava 50 mm, mas choveu 120 mm. Sendo assim, temos que ter cautela na promoção dos eventos”, declarou.
Espírito Santo — No estado do Espirito Santo, onde as chuvas também causaram estragos em vários municípios, o número de pessoas fora de casa já passou de 3,2 mil, entre desalojados e desabrigados. Segundo o último boletim da Defesa Civil do ES, há registro de desabrigados e desalojados em Iconha, Alfredo Chaves, Rio Novo do Sul, Vargem Alta e Anchieta. O maior registro de desalojados é em Alfredo Chaves, que contabilizou 1.107 pessoas fora de casa.
No estado desde essa quinta, veículos do Exército Brasileiro, por serem de maior porte, estão sendo usados para levar doações recolhidas na sede de Iconha até comunidades no interior do município, que estão com acesso dificultado. A cidade foi uma das mais prejudicadas pela forte chuva de sexta-feira (17), que fez o nível do rio subir cerca de cinco metros. Muitas pessoas perderam tudo o que tinham e tiveram que sair de suas casas, por isso as doações estão sendo tão necessárias.

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