Mês de combate à hanseníase
Daniela Abreu 11/01/2020 16:07 - Atualizado em 21/01/2020 17:11
O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase no mundo, perdendo somente para a Índia. Anualmente, são registrados mais de 30 mil diagnósticos da doença. Por conta dessa estatística, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) lançaram a campanha Janeiro Roxo, com a hashtag #TodosContraaHanseniase, para disseminar os cuidados com a pele e prevenir a doença, que é causada por um bactéria e não exposição ao sol, como o câncer de pele. A médica dermatologista Ana Maria Pellegrini falou sobre as duas doenças, na prevenção à hanseníase e cuidados com a pele durante o verão, para prevenir não só o câncer de pele, mas também o envelhecimento precoce. A Prefeitura de Campos mantém um programa de combate e tratamento à doença no Centro de Referência Augusto Guimarães, prédio anexo ao Hospital Geral de Guarus (HGG).
Ana Pellegrini explicou que há tipos diferentes da hanseníase e que muitas pessoas não têm predisposição a desenvolvê-la. “Hanseníase é causada por uma micro bactéria e a contaminação depende muito de um fator de predisposição individual. A maioria da população é resistente ao bacilo, pode entrar em contato e não desenvolver a doença. E a transmissão se dá pelas vias respiratórias. Você inala gotículas de um paciente que é portador de uma forma transmissível da doença, porque existe a forma transmissível e não-transmissível. Então as formas benignas, teoricamente, o paciente não elimina pelas vias respiratórias. As formas contagiosas, que são teoricamente malignas, o paciente transmite o bacilo se não estiver em tratamento. A partir do momento em que começa o tratamento, ele deixa de eliminar o bacilo pelas vias respiratórias. Não tem porque estigmatizar, isolar o paciente. Se ele está em tratamento, não transmite”, disse a dermatologista que alertou que muita gente tem fator de resistência e não desenvolve a doença. 
A médica falou ainda sobre os cuidados e vigilância que parentes de pessoas infectadas devem ter. “Na família pode ter alguém suscetível e acabar não valorizando uma mancha, porque muitas vezes os sinais são discretos, você pode ter umas manchinhas claras ou avermelhadas e a diminuição ou ausência de sensibilidade ao calor, ao frio e ao tato nem sempre acontece”, alerta.
Ana Pellegrini enfatiza que a melhor prevenção é mesmo a vigilância: “É basicamente o diagnóstico precoce para diminuir a incidência da doença. Qualquer sinal, principalmente manchas que têm alteração de sensibilidade, porque inúmeras doenças de pele se manifestam com manchas. A maioria das manchas não tem nada a ver com hanseníase, mas é uma doença infectocontagiosa, causada por micro-organismo, uma micro bactéria e a evolução geralmente é crônica, então a gente tem que fazer um diagnóstico precoce para o paciente não evoluir com alterações neurais, comprometendo os nervos periféricos e isso gerar toda uma complicação como deformidades e incapacidade física”.
Em nota, a Prefeitura informou que “o Programa de Controle da Hanseníase da secretaria municipal de Saúde de Campos desenvolve durante o ano campanhas de conscientização e atendimento especializado para pessoas encaminhadas para o programa. Em agosto de 2019, recebeu o ‘Roda Hans-Carreta da Saúde-Hanseníase’, projeto do Ministério da Saúde, em parceria com estados e municípios”.
Exposição excessiva ao sol é preocupante
O verão é a estação mais quente do ano e, por isso, as pessoas ficam mais vulneráveis aos efeitos nocivos do sol. Segundo Ana Pellegrini, a incidência do câncer de pele na região é semelhante a do restante do país e ocorre por um culto excessivo ao bronzeamento. “As pessoas utilizam o filtro solar de maneira deficiente, ou seja, na quantidade e frequência incorretas. Os números da doença no Brasil são alarmantes. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), anualmente, sãodiagnosticados180 mil casos novos da doença. Isso significa que um em cada quatro casos novos de câncerno Brasil é de pele”, alerta.
A médica explicou ainda que para evitar a doença é necessário "evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV são as melhores estratégias para prevenir o melanoma e outros tipos de tumores cutâneos”, disse, alertando para a abolição do bronzeador e uso do filtro solar fator 30 para peles morenas e 50 para peles mais claras. Além disso, o indicado é evitar a exposição ao sol das 9h às 15h e o uso de roupas com proteção UV.
Uso de protetor solar deve ser primordial
O indicado para se proteger do sol e evitar o câncer de pele, segundo Ana Pellegrini, é usar chapéus, camisetas, óculos escuros e protetores solares; cobrir as áreas expostas com roupas apropriadas, como uma camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas, além de evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre 9h e 15h.
Na praia ou na piscina, o ideal é barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material.
Para a pele o alerta da médica é: “Usar filtros solares diariamente e não somente em horários de lazer ou de diversão. Utilizar um produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. O correto é reaplicar o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Ao utilizar no dia a dia, aplique uma boa quantidade pela manhã e reaplique antes de sair para o almoço. Observe regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas e mantenha bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses”, indicou.
Ana explicou ainda que a exposição à radiação ultravioleta (UV) tem efeito cumulativo e penetra profundamente na pele, sendo capaz de provocar diversas alterações, como o bronzeamento e o surgimento de pintas, sardas, manchas, rugas e outros problemas. “A exposição solar em excesso também pode causar tumores benignos (não cancerosos) ou cancerosos, como o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma. A maioria dos cânceres da pele está relacionada à exposição ao sol, por isso todo cuidado é pouco”, finalizou.

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