A fúria dos elementos
06/01/2020 18:45 - Atualizado em 20/01/2020 16:52
(Frozen 2) — Sempre é possível arrancar um novo roteiro de uma fonte que parecia estar seca. Foi o que aconteceu com “Frozen”. Todos, inclusive as crianças, estariam contentes com o final de “Frozen 1”. A rainha Elsa com seus poderes congelantes e sua solidão ao lado da amorosa irmã Anna casada com Kristoff. Mas, como o casamento não se realizou e Elsa continuou com seu poder, agora controlado, Jennifer Lee e Allison Schroeder exploraram uma brecha (elas sempre existem e permitem muitas continuações) que resultou em “Frozen 2”, com direção da própria Jennifer Lee e de Chris Buck. O que conta mais é a produção pelo mais poderoso estúdio do mundo: a Walt Disney Pictures.
Elsa começa a ouvir uma voz e entende que é um chamado. Uma catástrofe climática expulsa os habitantes do reino de Arendelle. Uma das pedras falantes revela que existe um mistério no passado que deve ser resolvido. Algo muito grave. Elsa, Anna, Kristoff, sua rena e Olaf partem para a floresta mágica do reino. Arendelle é um país nórdico com uma floresta fria (as florestas são sempre mágicas, devíamos lembra muito dessa característica nos dias de hoje) e uma fauna típica. A animação se mostra fiel ao ambiente.
O mergulho na floresta e no passado me evocou “A Viagem de Chihiro”, do genial Hayio Miyazaki, mas apenas isso. A Disney produz blockbusters e não filmes artesanais. É na floresta que os quatro elementos — ar, fogo, água e terra — começam a se manifestar. É sozinha que Elsa deve descobrir o mistério de seu superpoder (bastante parecido ao de um super-herói) e o que envolve seus pais e avô.
Essa viagem até que apresenta encantos, sobretudo quanto a Elsa. As críticas têm buscado muito definir a orientação sexual dela. Queriam ver nela uma lésbica. Concluíram que é assexuada. A meu ver, é uma discussão tola e superficial que não interessa ao público infantil. De repente, o mundo se volta para a definição de orientações sexuais. Todos devem ter uma e a proclamar ao mundo. Ao menos, explicitá-la. É politicamente correto. Mas, em certos casos, cansa. Elsa é uma pessoa diferente. A questão dela não é definição de sexualidade ou ausência dela (que não deixa de ser uma orientação).
Elsa é uma moça que deve descobrir e assumir a sua condição de pessoa especial. Ela é mágica. Seu lugar não é no trono de Arendelle. Na verdade, ela não é humana como sua irmã. Que a coroa do reino fique com Anne. No mais, a animação computadorizada não inova. Pelo contrário, pasteuriza. A trilha sonora também não explode com uma melodia merecedora de concorrer ao Oscar. Mas, tudo é possível em Hollywood. Por ora, o que conta é que quase todas as animações agradam as crianças. “Frozen 2” está bombando em termos de bilheteria. Isto é que importa.
Por isso, podemos esperar continuação. Como eu disse, sempre fica uma brecha a ser aproveitada.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS