Retrospectiva 2019: destaques de Campos e região
28/12/2019 21:14 - Atualizado em 21/01/2020 17:22
Familiares e amigos se despedem de Regiane
Familiares e amigos se despedem de Regiane / Genilson Pessanha
Crimes chocaram a sociedade
Em praticamente todos os meses, tragédias ocorridas dentro da segurança das casas marcaram o ano de 2019
No ano de 2019, famílias protagonizaram os noticiários policiais com tragédias que sensibilizaram a sociedade. Casos de feminicídios, estupros e violências que atingiram parentes de mesmas famílias, marcaram negativamente o ano. Crimes, em sua maioria inevitáveis, que aconteceram sob a atmosfera de confiança e proteção das residências familiares.
Em 11 de janeiro, o corpo de Zeli Aparecida de Lima foi encontrado pelos filhos, no chão, ao lado da cama, em sua própria casa, que ficava atrás do “Restaurante da Família”, no Centro de Campos. O registro de feminicídio qualificado, por asfixia, apontava o marido como autor. O suspeito continua foragido.
No dia 22, o bebê Dione Valentin morreu, três dias após ser internado, em estado grave, no Hospital Ferreira machado (HFM). O pai da criança, Lucas do Espírito Santo, de 21 anos, preso na manhã do dia 22, foi indiciado e preso preventivamente por homicídio qualificado por motivo fútil. Ele teria jogado o filho na cama e desferido, contra sua cabeça, cinco ou seis socos somente porque o bebê teria golfado em sua roupa.
Em abril, a jovem Tamires Ramos Martins, de 23 anos, foi morta a tiros na localidade de Donana, na noite do dia 2. Ela voltava da escola quando foi abordada por um homem, que, segundo a Polícia, seria seu ex-namorado, que se apresentou à delegacia no mês de maio e permanece preso pelo crime.
Também em abril, a mãe de Jéssica Cordeiro de Freitas, de 13 anos, foi presa em casa, em Travessão, apontada como principal suspeita de ter matado a filha a facadas, na madrugada do dia 27 de maio, dentro da residência. O delegado responsável pelo caso afirmou que a menina teria sido morta pela própria mãe, no ensejo de uma discussão.
Em junho, o primo do menino Matheus de Almeida dos Santos, de 10 anos, foi preso em bom Jesus de Itabapoana, por estupro e homicídio duplamente qualificado. Ele confessou o crime em depoimento, e afirmou que matou a vítima, no dia 16 de junho, porque ela teria dito que contaria à mãe que tinha sido estuprada.
Um homem de 36 anos foi preso na noite do dia 20 de junho, sob suspeita de estuprar a própria mãe, de 68 anos, dentro de casa, em Travessão, em Campos. Segundo a vítima, o filho teria praticado a violência por cerca de sete horas.
Suspeito de espancar e matar o bebê Ícaro, de nove meses, no dia 24 de junho, em Conceição de Macabu, o padrasto da criança se apresentou à 122ª Delegacia de Polícia dois dias após o crime. O suspeito, de 23 anos, teria confessou o crime.
Em julho, a professora Regiane da Silva Santos, de 36 anos, morta a tiros na noite do dia 3, dentro de uma academia, no distrito de Travessão, em Campos. Ela estava sob o amparo de três medidas protetivas, sendo a mais recente requerida em maio. Três dias após o crime, o ex-marido da vítima se apresentou na delegacia de Itaperuna. Juntos, vítima e suposto assassino tiveram três filhas.
Em novembro, a Polícia Civil da 146ª DP de Guarus apresentou o suspeito de ser mandante do crime que resultou na morte do menino Luis Gabriel, de apenas 5 anos, e do seu avô, Elcilênio Pinheiro da Fonte, de 38 anos, no Parque Canaã, dia 7 daquele mês. O homem teria determinado a morte do pai do menino, que na noite em que o filho morreu, estava trabalhando. Biraldo comandaria de Guarapari (ES), onde foi preso, o tráfico de drogas de Ururaí. Além dele, cinco pessoas foram presas como executores.
Em dezembro, uma tragédia familiar deixou a cidade em choque. Priscila Silva Gomes, de 37 anos, foi morta a facadas, na noite do dia 4, pelo marido, Carlos Eduardo Teixeira Gomes, de 38 anos, que se matou em seguida. O homicídio seguido de suicídio aconteceu na avenida Newton Guaraná, na Penha, no minimercado do pai de Carlos Eduardo, no qual os dois trabalhavam. Segundo familiares, eles estavam em processo de separação e tinham dois filhos juntos.
Novo sistema de transporte
Novo sistema de transporte / Genilson Pessanha
Transporte ainda em transição
Implantação começou, mas há alterações previstas para janeiro
Etapas de transição do transporte público em Campos alteraram a vida do cidadão em 2019. Ainda em janeiro, a declaração do presidente do Instituto Municipal de trânsito e Transportes (IMTT) de que “o ano de 2019 é decisivo para o transporte público em Campos” já dava indícios de todos os percalços que viriam pelo caminho. A próxima fase da transição deve acontecer na primeira semana de janeiro.
O novo modelo intitulado de “Sistema de Transporte Alimentador”, vans deixarão de circular na área central, passando a operar na ligação entre distritos e terminais de integração. A previsão é de seis pontos distribuídos próximo à área central, onde o passageiro pega um ônibus para o seu destino final. A última etapa para implantação é a licitação do sistema alimentador, realizado por vans e micro-ônibus.
Falhas na transição do serviço originaram manifestações de moradores em diversas localidades do município.
O novo sistema entrou em sua fase, no ano de 2019, na manhã dia 18 de dezembro e dividiu opiniões dos permissionários nos setores A e C. A partir da data, passageiros de ônibus e vans, que atuam em integração na área central, têm que utilizar os cartões AndaCampos ou RioCard, dependendo do local, no embarque e no desembarque, mas apenas o valor de uma passagem, de R$ 2,75, será descontado. A primeira informação dava conta do uso apenas uma vez e causou discórdia entre permissionários e usuários.
A prefeitura informou que a alteração visa ao controle, por parte do poder público, da quilometragem percorrida por cada veículo e, consequentemente, do valor que deve ser pago, como subsídio, aos permissionários do sistema. Por causa da medida, não haverá mais tarifas promocionais diferentes dependendo da localidade.
Outro aspecto importante para o funcionamento pleno do sistema de transporte alimentador é a interoperabilidade das duas empresas de bilhetagem, prevista para ser iniciada a partir do dia 3 de janeiro de 2020. Por meio dela, os cartões tanto da AndaCampos quanto da RioCard poderão ser aceitos em quaisquer setores de integração, o que não ocorre atualmente.
Saúde enfrenta ano de embates
Mesmo com impasses, município inaugurou o São José
A Saúde de Campos foi uma pasta com turbulências em 2019. Muitas delas só serão resolvidas no ano novo. Mesmo com investimentos e emendas que permitiram a inauguração do Hospital São José, em julho, obra iniciada ainda na gestão de Rosinha Garotinho, prevista para 2013 e que ficou como presente de grego para o Governo atual, foram muitos os embates e imprevistos como a queda do telhado do Hospital Geral de Guarus, impasse no repasse dos hospitais contratualizados e a greve dos médicos que fecharam o ano agendando nova assembleia, onde poderão decidir nova greve.
Na noite do dia 5 de julho, o prefeito Rafael Diniz, ao lado do secretário de Saúde, Abdu Neme, inaugurou a obra com custo final de R$ 9 milhões do novo prédio do Hospital São José, na Baixada Campista. Dentre as implementações na pasta estão aquisições de equipamentos hospitalares e de suporte, como as 10 ambulâncias, com recursos próprios, na véspera de Natal, em investimento total de R$ 768 mil.
Com os hospitais contratualizados, Hospital Plantadores de Cana (HPC), Hospital Beneficência Portuguesa (HBC), Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA) e a Santa Casa de Misericórdia de Campos seguiram com débitos em aberto pela prefeitura, mesmo com o aporte de R$ 2 milhões, feito pelo governo do Estado e intermediado pelo deputado Rodrigo Bacellar (SD), para quitação de parte da dívida do município que estava desde julho sem realizar repasses pelos atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ficou ainda em discussão a criação do Portal da Transferência, alterações nas regras de repasse de verba municipal e no Conselho Municipal da Saúde, que não foi bem aceito pelos gestores dos filantrópicos.
Em dezembro, o Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), discutiu, em assembleia o não cumprimento, por parte da Prefeitura, do acordo que pôs fim à greve, decretada em agosto. Os profissionais reclamaram que ainda não foram atendidas reivindicações como previsão de pagamento dos 50% de gratificações e substituições, direito a férias e mudanças no atendimento ambulatorial, com foco na produtividade. A categoria tentaria novo diálogo e devem definir a situação em nova assembleia no dia 8 de janeiro.
Eleições marcam ano de IFF e Uenf
UFF comemora emenda para retomada de obras do campus
O ano foi de renovação na reitoria da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy Ribeiro (Uenf) que definiu como novo reitor e vice, os professores Raúl Palacio e Rosana Rodrigues. A dupla, que compunha a chapa 10 “Cada vez mais Uenf: Inovadora e Participativa”. No Instituto Federal Fluminense, os diretores de campus foram renovados mas, Jefferson Manhães de Azevedo foi mantido, por maioria absoluta de votos, na reitoria de uma das mais importantes instituições federais do interior do estado, até 2024. A Educação federal na região, foi ainda agraciada com a retomada das obras da Universidade Federal fluminense (UFF), paradas desde de 2015.
Raúl e Rosana foram eleitos com 51,25% dos votos, em apuração encerrada no início da madrugada do dia 17 de setembro. Logo após a vitória, o professor Palacio disse que tem planos para colocar a universidade, seu espaço físico e infraestrutura, de maneira mais ativa e participativa nas atividades culturais de Campos.
No IFF, a comunidade dos 12 campi, espalhados por 11 municípios do Rio de Janeiro definiu diretores e reitor pelos próximos quatro anos, no dia 11 de dezembro. Jefferson Manhães de Azevedo foi reeleito em votação histórica, com 73,63% do total de votos válidos. Após a votação, o atual reitor e ex-diretor do campus Centro falou sobre o compromisso de unir ainda mais a instituição, “a favor de um projeto de educação que fortaleça todo o Instituto Federal”.
Abandonadas desde 2015, as obras do novo campus da UFF-Campos, serão retomadas com os R$ 25 milhões conseguidos por uma emenda da bancada federal fluminense, em trabalho articulado pelo deputado Wladimir Garotinho (PSD), a emenda teve a assinatura de outros 13 parlamentares fluminenses, do Psol ao PSL, além do deputado Chico D’Ângelo (PDT), que esteve à frente do processo desde a desapropriação do terreno da antiga Rede Ferroviária Federal, ainda no Lula (PT), quando as obras foram iniciadas, e posteriormente, abandonadas pela metade no governo Dilma Rousseff (PT). O feito foi comemorado em cerimônia pelos 10 anos do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
Foz fechada e com óleo do Nordeste
Atafona continua não sendo mais a foz do rio Paraíba do Sul. Em agosto deste ano, o avanço das areias foi mostrado em matéria, quando a passagem de pescadores foi bloqueada e a solução foi a abertura de um canal. Segundo prospecções do ambientalista Aristides Soffiati, se medidas para reverter a situação não forem tomadas com urgência, a tendência é de que o local vire uma espécie de lagoa, como ocorreu em Barra do Furado e nas lagoas do Açu, Iquipari e Grussaí. O agravante é o fato dos exemplos citados não se tratarem de um rio principal e perene, como o Paraíba. Além disso, fragmentos do óleo que atingiu as praias do Nordeste em agosto, foram detectados no litoral são-fraciscano e sanjoanense, em novembro.
O ambientalista recorda que se sempre houve dificuldades das embarcações entrarem ou saírem do mar para o rio, a situação foi agravada ao logo do tempo por diversos fatores que têm a ação humana como protagonista.
No início de dezembro, a Prefeitura de São João da Barra instalou placas na antiga foz do Paraíba do Sul, no Pontal de Atafona, alertando que as águas do rio estão impróprias para banho. A constatação se deu por meio de análise do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), indicando altos índices de coliformes termotolerantes.
Após serem encontrados fragmentos de óleo do Nordeste, em São Francisco de Itabapoana e São João da Barra, foi encerrado em dezembro, o monitoramento da orla marítima, implantado pela Marinha, Ibama e Agência Nacional de Petróleo (ANP).
 
 
Tragédia anunciada faz mortes em Minas
Janeiro de 2019 foi marcado por uma das maiores tragédias ambientais em mineração no país. A barragem de rejeitos da Vale, no córrego do Feijão se rompeu, na cidade de Brumadinho, em Belo Horizonte e deixou mais de 200 mortos. As buscas por corpos atravessaram o ano inteiro e uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi montada na Câmara dos Deputados, em Brasília, para apurar as causas do rompimento que, de acordo com informações da Agência Nacional de mineração (ANM), poderia ter sido evitado. Ao todo, mais de 22 pessoas já foram indiciadas por homicídio doloso, lesão corporal dolosa, destruição de área florestal e poluição ambiental com sérios danos à saúde e ao meio ambiente.
Em novembro foi anunciado um trabalho, que será realizado pela Universidade Politécnica da Catalunha, de modelagem e simulação por computador para identificar as causas do rompimento. O contrato foi celebrado como parte de um acordo entre o Ministério Público Federal (MPF) e a mineradora.
Tanto o MPF como a Policia Federal querem esclarecer qual foi o que fez com que o rejeito, que estava sólido, se convertesse em fluido. A expectativa é de que os trabalhos ofereçam respostas.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS