Candidato busca a consolidação das unidades IFF
07/12/2019 19:33 - Atualizado em 11/12/2019 13:03
Genilson Pessanha
Folha da Manhã – Atualmente você atua como diretor de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação do campus Centro. O que te motivou a lançar chapa própria?
Jonivan Lisboa – Em algumas situações a gente entende que determinados problemas e questões, poderiam ser abordadas, em nível de reitoria, de uma forma mais abrangente e participativa. Enquanto gestor de Pesquisa e Pós-graduação, a gente lida direto com as Câmaras técnicas, a pró reitoria envolvida com isso e a gente sente que determinadas decisões de políticas institucionais poderiam ser melhor aproveitadas na Câmara. Eu tenho ouvido de alguns servidores, principalmente os administrativos, que em alguns setores existe alguma sobrecarga de trabalho porque a equipe estaria mal dimensionada. Então, fazer avaliações, redimensionamentos de serviços, até atuação de ideias, me motivou a ter essa candidatura própria. Eu tenho falado, não chega a ser uma candidatura de oposição, mas alternativa porque a gente julga que tem coisa que estão funcionando bem, mas tem coisas que poderiam ser abordadas e funcionar com mais eficiência.
Folha – Em seu plano de gestão você disse que pretende propor mudanças significativas em aspectos que forem considerados insuficientes. Quais aspectos seriam esses?
Jonivan – Um eu já citei, a questão de fluxo de trabalho, entre as dimensões formativas, ensino, pesquisa e extensão e disciplinas transversais, que têm que permear o ensino, a pesquisa e a extensão de forma equalificada, institucional. Claro, existem ações que vão de encontro a determinados objetivos, por exemplo, existe um plano de cultura, existe um plano de esportes, mas não existem políticas, coisas que já seriam radicadas, independente de gestores. Acho importante a gente tentar consolidar esse tipo de coisa que não existe.
Folha – você atua na instituição desde 1993 e também é ex-aluno. Ao longo dessa experiência, quais aspectos evoluíram na comunidade acadêmica e quais você acha que devem avançar?
Jonivan – Na verdade eu acho que são escolas totalmente diferentes. Antigamente o curso técnico era o ensino Médio integrado com a formação técnica que. Não é só uma mudança de nome. Quando a gente passou a ser Cefet, por exemplo, a prerrogativa era oferecer cursos de Ensino Superior, isso foi no final dos anos 1990. Abriram-se horizontes para o Ensino Superior e depois, com a criação dos Institutos Federais, em 2008, realmente ampliou-se o horizonte para atuar desde a formação inicial do trabalhador. Então, além do tamanho, dos números, mudou também esse aspecto de poder atuar com horizontes mais amplos. O grande desafio é amadurecer relações profissionais, de trabalho, normatizações que ainda têm que ser definidas de modo que a gente possa definir os fluxos de processos, que as pessoas não sejam, por exemplo, detentoras de memória do setor. A maturidade nas relações, termos relações mais impessoais, no sentido de não depender de pessoas para que determinados fluxos aconteçam. Ainda tem muito isso, falta amadurecer nessa parte. É o que eu considero até insuficiente.
Folha – Você falou que participou da gestão do campus Centro com o atual reitor e que acha que coisas poderiam ser diferentes. Como você avalia a atual gestão?
Jonivan – É claro que houve avanços. Vou falar muito da seara que eu estou militando atualmente, que é a pesquisa e extensão. Os editais de pesquisa e extensão foram unificados, porque você tem a oportunidade de que as pessoas proponham projetos integradores, entre pesquisa e extensão, por exemplo, é uma articulação maior. Só que, um senão, os editais de arte, cultura, desporto, que seriam disciplinas transversais, são propostos por uma outra diretoria, que tem pouca articulação com a pró-reitoria de extensão e pesquisa. Esse tipo de coisa ainda é insuficiente. Essa questão da articulação entre as dimensões formativas tem que avançar bastante.
Folha – O diálogo também é uma das bandeiras definidas pela sua candidatura. Como você pretende dar voz a uma comunidade?
Jovivan – Na verdade a comunidade acadêmica já tem uma voz, porque existem as câmaras técnicas e os conselhos, que têm participação por categoria, existem acentos para docentes, discentes, técnicos administrativos..., cada um com sua representação local e global, em nível de instituto também vão ter, em nível local, sua articulação para que isso seja atingido. A estrutura já existe, a questão é estimular que as pessoas ocupem as vagas, os assentos e realmente, e aí soa como crítica, que as reuniões desses conselhos sejam efetivas. Hoje o que acontece, e eu já conversei com colegas que participam dos conselhos e câmaras, é que as reuniões são maçantes, cansativas e pouco produtivas. Invariavelmente, acontecem na sede da reitoria, em Guarus. Então vem gente de bom Jesus, de Cabo Frio, Maricá, enfrentam tempo para, na maioria das vezes, ouvir uma espécie de palestra do presidente do fórum. A pessoa fica cansada. Ela quer tomar parte, decidir, ter pautas propositivas. Eu acho que a gente pode melhorar isso. Até melhorando o tempo da reunião e a efetividade, talvez estimule mais as pessoas a participarem.
Folha – Se você for eleito como pretende lidar com a verba destinada ao IFF e como vai buscar soluções para amenizar possíveis futuros problemas financeiros?
Jonivan – Um dos pontos positivos da atual gestão foi ter criado uma diretoria responsável por captar emendas, com articulação política. Isso é uma coisa que a gente pode dar prosseguimento como ponto positivo. O que pode acontecer é ampliar essa situação para que os campi tenham também essa autonomia para buscar emendas. A gente notou um certo cerceamento, que houve uma espécie de centralização das emendas na reitoria. O diretor do campus escolhe se ele vai ter um setor só para isso, se ele mesmo vai negociar. Eu acho que deixar a liberdade para que o diretor de cada campus também possa fazer isso. Eu soube de iniciativas que foram um pouco tolhidas, nesse sentido. Outra coisa que acontece, é claro a gente tem tido muita restrição em verba para investimento. Isso é chamado de verba de material permanente que o governo federal tem cerceado muito isso na nossa gestão. E as verbas parlamentares, normalmente o deputado prefere que seja de investimento, para que o nome dele fique vinculado. Então uma ação a ser trabalhada é talvez tentar sensibilizar deputados e senadores que eles também vejam que a educação também se coloca com emendas para verba de custeio.
Folha – Você tem estratégia para manter o diálogo com deputados estaduais e federais e até mesmo com o presidente, para buscar apoio para a instituição?
Jonivan – A estratégia seria estudar como essa diretoria funciona hoje e tentar entender. Pelo que eu sei essa diretoria é uma pessoa só, mas talvez colocar uma equipe a serviço, porque a questão de aumentar essa possibilidade de descentralizar, de que os campi possam indicar também algumas pessoas que possam fazer isso. Mas, como eu sempre coloco, o diálogo tem que ser institucional e dialogo de ‘deputado instituição’. O deputado é uma pessoa, mas ele também é uma instituição. Ele representa um poder da República, colocado no estado, um deputado estadual, federal ou senador, mas a gente vai lidar com ele enquanto instituição. Instituição IFF, instituição parlamentar.
Folha – A questão da segurança nas imediações do IFF foi um assunto amplamente discutido, após vários alunos terem sido assaltados. Como pretende trabalhar para evitar tais situações?
Jonivan – Tem coisas que estão na nossa alçada e tem coisas que não estão. Então a gente tem que estudar caso a caso e ver o que está ao alcance da instituição e da alçada da instituição para fazer e também reforçar a articulação com as forças de segurança, porque nem tudo é responsabilidade do instituto. Eu vou citar exemplo, como eu faço parte da gestão do campus centro, o nosso diretor, o Carlos Alberto, participa do Conselho de Segurança da PM aqui em Campos, então ele tem um assento e discute estratégias com a Polícia Militar. Com essas conversas e articulação com as forças de segurança, a gente conseguiu pelo menos conscientizar as forças de segurança. Claro, tem contingenciamento da própria força, a PM sempre coloca que efetivo, essas coisas têm limites, mas a gente tem que fazer a nossa parte no que é da nossa responsabilidade. É um tema muito crítico, que envolve a segurança das pessoas da nossa comunidade e talvez do entorno que, por tabela, conseguem ser auxiliadas.
 
 
Folha – Como você avalia a relação do IFF com a comunidade e externa e o que pretende fazer para ampliar isso?
Jonivan – Eu circulo pelas outras unidades e eu vejo que é uma satisfação muito grande para as comunidades que abrigam uma unidade do IFF, ter essa unidade do IFF. Eu vejo que as unidades promovem iniciativas de pertencimento e de inclusão e se envolvem, por exemplo, em articulações com as secretarias de educação para que os estudantes conheçam as unidades, envolvem articulações com arranjos locais para que, de alguma maneira, projetos de extensão e de pesquisa tenham uma aderência. Isso envolve uma articulação ainda maior com as secretarias, para que a gente tenha parcerias com escolas, para que sejam feitas visitas, conhecimentos, projetos, qualquer coisa que vá atingir a esse jovem ainda no Ensino Fundamental para fazer o médio e o Ensino Médio para fazer o Ensino Superior. Acho importante essa coisa de ter projetos que envolvam a popularização da ciência, nos próprios estudantes e também em articulação com a comunidade. A parte de esportes eu acho muito importante porque ajuda muito na formação humana. Nós temos muitos municípios que têm uma riqueza cultural, muito grande. Eu vejo a riqueza muito grande da rede de institutos federais nesse sentido.
 
 
Folha — Dentro do seu plano de gestão, tem pretensão de expansão territorial, com novos campi e ofertas de novos cursos?
Jonivan – A fala do secretário é de consolidar. Eu acho que a gente tem uma capilaridade muito boa nas regiões do estado que estão sob nossa jurisdição. Eu acho que a gente tem que, não se conformar com a situação, mas se adequar ao momento geral que a gente vive. Eu vejo necessidade, primeiro, de consolidar o que já tem, de dar força às nossas unidades. A gente não pode pensar em fechar nenhuma unidade, tem que resolver os problemas. Minha pauta está sempre colocada na questão do equilíbrio, mas eu penso em consolidar o instituto. Não sei se tem limite. O limite pode ser hoje, imposto por questões externas, mas no futuro, quem sabe? A gente não tem como prever.
 
 
Folha — Você tem segurança que o resultado da eleição vai prevalecer?
Jonivan – O decreto que rege nosso processo diz que o conselho superior deve indicar um único nome, então isso já é diferente, por exemplo, da lista tríplice que existe em outras instituições, e é a critério do ministério, que tem a prerrogativa e pode escolher qualquer um dos três. Mas, no nosso caso, Instituto Federal , no nosso formato, Instituto Federal de Ensino e Tecnologia, os IFFs, são 38, o decreto que regulamenta a eleição e a indicação diz lá. É um nome que o Conselho Superior tem que indicar, o Consup que é o órgão deliberativo máximo da instituição, então esse nome vai ser indicado, claro que se não houver uma auto-sabotagem, mas aí é outra história. No nosso caso, eu sempre digo, é um decreto que pode ser mudado com uma caneta, mas eu acho que é muito temerário se isso acontecer. É mudar a regra do jogo do meio pro fim.
 
 
Folha – Desde a eleição de Luciano D´Ângelo, todos os diretores e depois reitores têm o aspecto político da esquerda, sem exceção. Você perpassa isso, você não quer entrar nesse assunto porque você é educador. Como ser social, como você olha para isso?
Jonivan – Eu acho, como ser social, que a gente, enquanto pessoa tem que defender a humanidade, as coisas da humanidade. Qualquer coisa que atente contra a humanidade, contra o ser humano, nas suas diferentes vertentes e versões, eu acho que a gente tem que ser contra. Eu até converso com colegas que são desses mais radicais, eu acho que qualquer radicalidade para mim não tem valor porque você acaba ficando cego para outros pontos, por isso até eu perpasso sobre isso, mas não é ignorar. É questão de não me envolver nisso a ponto de que isso possa afetar, por exemplo, uma possível gestão ou até minha própria vida. Mas eu acho que, embora haja candidatos que tenham um viés mais explícito, num primeiro momento e até num segundo momento isso não vai ser colocado. Acho importante a gente saber separar e saber que isso é uma coisa forte, mas uma coisa que tem potencial para ser minimizado nas ações da gestão institucional.
 
 
Folha – Em 2017 houve aquele episódio que ganhou notícia internacional, dos alunos maranhenses, que vieram a Campos para evento cultural e sofreram racismo dentro do IFF. Como você pretende trabalhar essas questões?
Jonivan – O episódio aconteceu só que houve uma condução até das próprias pessoas. O que a gente pode fazer é se houver uma denúncia formal. Não houve uma denúncia formal, houve queixas, relatos, alguma militância, que sempre têm os grupos radicais. Mas vamos supor que o gestor tome uma ação baseada numa queixa, numa fala. Ele não vai estar embasado. A gente sempre orienta as pessoas que existem órgãos para você registrar os fatos, existe ouvidoria, por exemplo, que é o oficial. Você tem garantido o anonimato e tudo que chega é apurado, mesmo que seja uma coisa que não tenha fundamento. Vai se buscar o fundamento do que foi colocado. O gestor precisa desse primeiro movimento para tomar uma decisão. E não estou negando os fatos, a gente sabe que aconteceu. Mas talvez os processos não vão pra frente por falta de denúncia formal, por falta de registro.

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