La Visita De La Muerte
BNB CRÔNICA
NinoBellieny
A gente perde a quem ama, perde muitos e nunca aprende, vai perder e desaprender, vai corroer as veias, em vez de sangue, ferrugem líquida, em vez de coração batendo, será coração sentindo punções, à cada segundo uma dor maior até ser tudo dor e somente dor, sem tamanho e com todos os sentidos.
A gente vai ter todas as lembranças, das mais frescas como alface recolhida na horta às mais enterradas como um caroço de abacate esperando um dia ser abacateiro, as dores serão em cada respirar, no corpo todo, e nada nem ninguém nem palavras conseguirão deter, dirão que tudo passa, que a vida é forte, dirão mantras, cantos, rezas, frases feitas e bobagens, mas a gente nem ouve, a gente nem sabe se houve passado, se há presente, se virá o futuro, porque agora tudo para e nem quem já sentiu a dor da perda poderá nos dizer...
toda ela é diferente, inteira ela é vórtice, vácuo, pressão, opressão, onda e arrebentação. E enquanto houver corda no relógio ela irá durar para sempre e mais meia-hora. E o relógio não tem corda, nem bateria. É feito de pesadelo.

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    Nino Bellieny

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