Milhares de estudantes fazem segunda fase do Enem em Campos
Paulo Renato Pinto Porto 10/11/2019 12:52 - Atualizado em 11/11/2019 15:42
Isaías Fernandes
Milhares de candidatos realizaram a segunda etapa da prova do Enem em Campos neste domingo (10). Ansiedade, tensão e expectativa foram as expressões mais utilizadas para resumir o estado de ânimo dos que aspiram uma vaga na universidade. Atrasos e tristeza também marcaram o dia do exame para alguns estudantes. 
Em todo o país, estudantes fizeram provas de ciências da natureza e matemática. O exame foi aplicado em 10.133 locais de 1.727 municípios brasileiros.
Sentada num dos bancos da Praça Barão do Rio Branco (Pracinha do Liceu), enquanto aguardava a abertura do portão no Liceu de Humanidades, Pollyana Barreto, de 27 anos, dividia um problema pessoal com a preocupação em relação às provas. "Minha avó que ajudou a me criar faleceu ontem, está sendo sepultada agora. Mas eu decidi não abrir mão de vir fazer a prova porque ela mesma lá na roça (zona rural de São Francisco de Itabapoana) me incentivava muito a estudar. Com minha mãe, que ficou grávida de mim aos 15 anos, vovó praticamente decretou que, após a gravidez, minha mãe teria que voltar a estudar. Então, em nome desse legado e dessa lição de vida que ela deixou, estou aqui", relatou.
Pollyana afirma que seu foco é propriamente o Enem. "Meu foco é a UERJ, em Macaé, onde tranquei a matrícula do curso de Engenharia. Agora pretendo fazer medicina", frisou.
Júnior Mariano, 27 anos, que mora em Grussaí, admite ter estudado o suficiente para as provas. "Dizer que estou preparado, acho que sim. Quem trabalha não tem muito tempo para estudar, mas fiz o que pude. Estudei o suficiente, aproveitei o tempo que tive".
A pressão social e a própria cobrança pessoal levam o candidato a um estado de ansiedade. "Pressão da família? Sempre tem, às vezes se não passar é melhor morrer...", brincou Calvino Cossich Almeida, 17 anos, que pretende cursar letras.
- Lá em casa já falaram que, se eu entrar para a faculdade, vão me dar um descanso. Se não passar, vou arranjar um emprego", disse Lucas Gabriel Terra, de 21 anos.
Lucas, que pretende cursar farmácia, disse ter feito boa prova no último domingo. Só não concorda com a escolha da democratização do cinema como tema da prova de redação. "Com tanta coisa acontecendo neste país, eles me vem com redação sobre cinema", alfinetou.
Para as provas deste domingo, Lucas disse ter se informado sobre "alguns macetes" pela internet. "Vou usar bem a regra de três e alguns macetes que soube pela internet. O resto é torcer para que tudo dê certo. Ninguém sabe o que vai cair na prova", finalizou.
Nas imediações da Universidade Cândido Mendes, alguns minutos apenas das 13h, ambulantes soltavam a voz para lembrar aos retardatários. "Ainda tem água e caneta preta aqui na mão, não vai esquecer!", bradavam.
Entre os últimos dos últimos retardatários, um deles chegou a "perder" uma sandália para chegar antes do portão ao imprimir uma corrida, exatamente às 12h59. Alguém devolveu o calçado logo depois do portão fechado. Mesma sorte não teve uma menina, que chegou num veículo, atravessou a rua, mas perdeu a prova e retornou aos prantos.
Morador de Murundu, no Norte do município, Gilmar Vieira, 25 anos, carregava uma imagem de frustração no semblante. Chegou meia hora após o horário depois de uma longa viagem de ônibus. "Saí de lá às oito e meia, só consegui chegar aqui agora. Acho que para pessoas que moram num local mais distante deveria haver uma tolerância quanto ao horário", queixou-se.
 
 

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