Estado das pontes de Campos é questionado
Daniela Abreu 09/11/2019 15:41 - Atualizado em 13/11/2019 14:50
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Cortada pelo rio Paraíba do Sul, Campos conta com cinco pontes que ligam a área central à Guarus. A primeira a ser construída foi a ponte Dr. João Barcelos Martins, inaugurada em abril de 1873 e custeada pelo Barão da Lagoa Dourada. Ela também foi a primeira a ter o trânsito interditado para carros, devido a comprometimento na estrutura. A ponte General Dutra foi construída no governo de Juscelino Kubitschek e entregue em 1957. No verão de 2007, não resistiu à cheia do Paraíba e ruiu, recebendo uma ponte nova em seu lugar. Homenageando o engenheiro e sanitarista campista, Francisco Rodrigues Saturnino de Brito, a ponte que leva seu nome é conhecida como ponte da Lapa e foi construída em 1964. Ela também já teve o trânsito interditado em uma das vias e teve risco de queda por falta de manutenção e acúmulo de vegetação nos pilares em 2007. As mais recentes, ponte Leonel Brizola, inaugurada em 2004 e a Alair Ferreira, em 2007, resistem, no entanto, este ano, motoristas apontaram um desnível na descida da ponte Leonel Brizola, no Centro. O desnível recebeu recapeamento asfáltico, mas a estrutura apresenta rachaduras e perda do concreto na lateral. Especialistas apontam a necessidade de manutenção, pelo menos, a cada cinco anos. A prefeitura de Campos disse que uma equipe da secretaria de Obras faz o levantamento da situação e que adéqua as necessidades à previsão orçamentária.
O Engenheiro Civil e mestre em estrutura, Ênio Amaral, disse que há um prazo regular para a manutenção de pontes e que o não cumprimento desses prazos influencia diretamente na estrutura das mesmas.
— Onde os carros passam é solto, são os tabuleiros, que estão em cima de pastilhas de borracha, que a gente chama de junta neoprene. Essa junta tem que ser trocada em, no máximo, cinco anos, porque como é de borracha, vai ressecar e rachar. Quando se tem o desgaste desse neoprene, começa a bater concreto com concreto. Esses viadutos que caíram no Rio, a maioria foi por conta disso. Quando bate concreto com concreto começa o que a gente chama de flambagem do pilar, porque o pilar começa a se mexer junto com a ponte, o que não era para acontecer. A junta de neoprene iria evitar que o pilar se mexa junto com o tabuleiro. Na ponte de ferro, a junta é de ferro, um rolete de metal. Quando faz sol a ponte incha e ele se movimenta de acordo com a dilatação da ponte. Quando esfria, volta ao normal e movimenta de novo. Quando não há a junta de neoprene para fazer o tabuleiro escorregar sobre o pilar, começa a forçar o pilar e ele acaba colapsando — disse o engenheiro civil.
Maria Aparecida Manhães trabalha no Centro, passa frequentemente pelo local e diz que vê perigo. “Alguma coisa tem que ser feita. O muro na parte de cima está quebrado e uma parte de concreto pode cair na cabeça de alguém.”
Na ponte da Lapa, a falta de manutenção também é evidente. Na subida, na área central, a estrutura de concreto que segura o guarda corpo está com as vigas de metal aparentes e penduradas. Na rua dos Goitacazes, antes da subida, um bueiro sem grade de proteção deixa motoristas e pedestres expostos ao perigo.
Em nota, a prefeitura de Campos disse que com relação à Ponte Saturnino de Brito, “a Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana informou que realizou os levantamentos necessários e definirá ações no local a partir da previsão orçamentária para o próximo ano. Sobre o bueiro mencionado e a necessidade de reparo no asfalto, uma equipe será encaminhada para verificação e tomada de medidas necessárias.
Quanto à ponte Leonel Brizola, o secretário de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Cledson Bitencourt, informou que “a equipe da secretaria está monitorando e que reparos foram realizados, incluindo melhoria da parte asfáltica. Nova visitação da equipe da secretaria está prevista para avaliação da estrutura, inclusive, junto à coordenadoria de Defesa Civil”.
Ponte Alair Ferreira e seu desenho curioso
Inaugurada em 2007, na gestão do então prefeito Alexandre Mocaiber, a ponte Alair Ferreira ganhou maior importância em 2012, quando, passou ser rota para quem trafega pela BR 101 com direção ao Rio de Janeiro. Com a intervenção, a ponte General Dutra também passou a ser mão única para quem trafega pela rodovia federal com sentido ao Espírito Santo. O desenho da ponte, no entanto, nunca deixou de ser curioso. Esbarrado em desapropriações que não foram feitas, quem desce na área Central se depara com casas e uma descida brusca. Em Guarus, a avenida de faixa dupla nunca foi terminada.
Questionada sobre possível resolução do problema, a prefeitura de Campos informou que “hoje há um custo elevado, tanto com relação à desapropriação, quanto na execução do alongamento na descida, para diminuir inclinação. Em virtude da dificuldade financeira, a Prefeitura de Campos se viu obrigada a reduzir investimentos, priorizando os serviços essenciais e o pagamento da folha salarial dos servidores. O município, que em 2014 teve uma arrecadação de R$ 2,84 bilhões, deve fechar o ano de 2019 com uma receita de R$ 1,6 bilhão. Diante do quadro, a Prefeitura trabalha com foco no aumento da receita tributária própria e no fortalecimento de novos potenciais econômicos”
Estado das pontes é questionado
Estado das pontes é questionado / Folha da Manhã
O dia que a General Dutra caiu
O início do ano de 2007 foi marcado por fortes chuvas, enchentes e inundações em vários municípios do Rio de Janeiro. A ponte Sarturnino de Brito já estava interditada parcialmente, com somente uma das faixas liberadas e passava por análise nos pilares, mas foi a General Dutra, que caiu, depois do vão central ceder, na tarde do dia 06 de janeiro daquele ano. A tragédia já era anunciada pelos alarmes dados ao longo de muitos anos, diante da falta de manutenção e das obras emergenciais que se faziam necessárias para reforço dos pilares extremos. O trecho foi implodido e recebeu uma estrutura metálica que foi inaugurada em 2008.
Em nota a Arteris Fluminense, que administra o trecho da BR 101 entre Niterói até a divisa com o Espírito Santo, disse que toda a extensão sob concessão passa por monitoramento anual e que as intervenções são programadas conforme as análises dos relatórios técnicos dessas vistorias. No último monitoramento realizado nos meses de setembro e outubro desse ano, a ponte General Dutra não apresentou problemas estruturais.

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