Bozo: "desmatamento e queimadas são culturais". / Seu bife causa quase 90% da destruição
21/11/2019 03:16 - Atualizado em 21/11/2019 17:48
Nesta quarta-feira (20), na saída do Palácio da Alvorada, ao encontrar eleitores, o presidente Jair Bolsonaro disse que o desmatamento e as queimadas são "práticas culturais no Brasil". Ele ainda criticou a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, dizendo que quando Marina estava à frente da pasta houve "a maior quantidade de ilícitos na Amazônia". Mas, Bolsonaro não apresentou dados que sustentem sua afirmação. 
Na última segunda-feira (18), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que, entre agosto de 2018 e 31 de julho deste ano, a Amazônia perdeu 9.762 km² de floresta, uma alta de 29,5% (quase 30%) em relação ao mesmo período anterior. ESTE É O MAIOR PERCENTUAL DE DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA DESDE 1998, quando o estrago avançou 31% (pouca coisa acima da destruição de agora), e significa, mais ou menos, quase 13 mil quilômetros de mata devastada.
O Sinistro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ignorou, como sempre, sua responsabilidade e a de Bolsonaro em relação a essa destruição, e disse, com o ar debochado que sempre mantém em sua fala, que o aumento se deve a "motivos já conhecidos", que "acontecem há anos". A chamada Amazônia Legal é formada por nove estados, e o Pará é o que responde por 39,6% do desmatamento.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DESMONTE DAS POLÍTICAS AMBIENTAIS,
FEITO NA CARA DE PAU
FUNDO AMAZÔNIA - O Fundo Amazônia tem por finalidade captar doações para investimentos não-reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia, nos termos do Decreto no 6.527, de 1º de agosto de 2008. Ele estava funcionando normalmente por dez anos (de 2008 a 2018), mas está paralisado em 2019. O Fundo, que já recebeu R$3,4 bilhões de doações desde sua criação, em 2008, foi desmontado por Ricardo Salles, que tentou mudar o conselho responsável por sua administração e a destinação das verbas. O estrago assinado por esses nomes do (des)governo é tão absurdo que em agosto a Noruega, que financia 94% da iniciativa, cancelou um repasse de R$133 milhões, e a Alemanha também cancelou repasse ao Fundo. Após o Inpe, por várias vezes, deixar claro a destruição da Amazônia, Jair Bolsonaro simplesmente demitiu, em agosto, o então presidente do órgão, Ricardo Galvão. 
 
 
IBAMA SUCATEADO - Desde quando tomaram posse, Jair Bolsonaro e o sinistro Ricardo Salles atacam agentes do Ibama, acusando-os de promoverem uma "indústria de multas". Em abril, o presidente disse que mandou Salles "fazer uma limpa" no órgão, e nesse mesmo mês o orçamento do Ibama teve uma redução de 24%, saindo de R$368,3 milhões para R$279,4 milhões. 
BOLSONARO E SALLES SÃO ESTRATÉGICOS - O Observatório do Clima disse, em nota, que o aumento da destruição ambiental na Amazônia ocorreu por conta da estratégia de Bolsonaro de desmontar o Ministério do Meio Ambiente, desmobilizar a fiscalização, engavetar os planos de combate ao desmatamento feitos pelos governos anteriores (PT) :) , e empoderar, no discurso, criminosos ambientais.
O QUE OS DADOS DO ANO QUE VEM VÃO REVELAR?
Ambientalistas acreditam que, em 2020, o Prodes, uma ferramenta do Inpe que mede as taxas anuais de desmatamento, e que indicou esses 29,5% de agora, vai mostrar uma Amazônia muito mais destruída. Apenas entre agosto e a primeira semana deste mês de novembro, o Deter, sistema de alertas do Inpe, registrou 3.929 km² desmatados, o que quer dizer 57% de tudo o que foi destruído até agora em 2019. Em 2020, o setor de monitoramento de matas do Inpe pode ter um corte de 38%, saindo de R$2,01 milhões e indo para R$1,21 milhão.   
O SEU BIFE TAMBÉM ASSINA ESSA DESTRUIÇÃO
- A FLORESTA VIRANDO CAPIM! -
O compromisso do Brasil era de não desmatar mais de 3.900 km² até 2020. E de agosto até a primeira semana de novembro tivemos nada mais nada menos do que mais que isso, 3.929 km². Diante de toda essa destruição, Bolsonaro diz que o Código Florestal "é o suficiente".
"Se fosse, não estaríamos vendo a floresta virar capim", disse a professora Mercedes Bustamante, da UnB.
Quase 90% do desmatamento na região amazônica é em decorrência da pecuária (EXTERMÍNIO DE ANIMAIS). O fogo é usado para limpar o terreno, pra colocar milhares de animais (a maioria, bois) que serão assassinados pouco tempo depois. E a pecuária continua liderando, também, os índices de trabalho escravo, na Amazônia e no restante do país.
Dados do TerraClasse, programa de monitoramento das áreas que já foram abertas, feito pelo Inpe e pela Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], nessas áreas se colocam espécies de gramíneas, forrageiras, capim para os bois. O Pará é hoje um dos maiores "criadores" de bois do Brasil. 
A Amazônia tem hoje 85 milhões de bois "criados" para o extermínio, três para cada habitante humano. Na década de 1970, a quantidade desses animais era um décimo desse tamanho e a floresta estava quase intacta. Desde então, uma porção equivalente ao tamanho da França desapareceu, da qual 66% virou pastagem. A mudança foi incentivada pelo governo, que motivou a chegada de milhares de fazendeiros de outras partes do país. A pecuária tornou-se bandeira econômica e cultural da Amazônia, no processo, elegendo poderosos políticos para defender a atividade. 
ALÉM DE LUTAR CONTRA O DESMONTE AMBIENTAL DESSE (DES)GOVERNO, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO PARA NÃO COMPACTUAR COM ESSA DESTRUIÇÃO? VOCÊ PODE SIMPLESMENTE TOMAR OS DADOS COMO BASE E INICIAR UMA ALIMENTAÇÃO VEGANA, TIRANDO OS ANIMAIS E SUAS SECREÇÕES (LEITE E OVOS) DO PRATO. PELOS ANIMAIS, PELO MEIO AMBIENTE E POR SUA SAÚDE.
Mais informações sobre a DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA, QUE É CAUSADA PELA PECUÁRIA, você encontra em documentários, artigos, pesquisas, e dentre eles estão os documentários: "Sob a pata do boi" (2018), nacional, do diretor Marcio Isensee e Sá; e Cowspiracy (2014), de Kip Andersen, que você pode assistir à versão legendada aqui: www.youtube.com/watch?v=18LTa6W8wtI 

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    Thaís Tostes

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