Juiz responsável pelo julgamento da Operação Chequinho na Folha FM
10/10/2019 07:55 - Atualizado em 14/10/2019 14:01
Responsável por julgar as Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) da operação Chequinho, o juiz Eron Simas rebateu as afirmações do ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) de que as eleições municipais de 2016 foram definidas por um “conluio do Judiciário, do Ministério Público, da mídia e da oposição”: “se teve alguma reunião, eu não participei”. No programa Folha no Ar, na rádio Folha FM 98,3, nesta quinta-feira (10), o magistrado ainda defendeu o colega de toga Glaucenir Oliveira, que enfrenta um processo disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) após insinuar que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, teria recebido propina para soltar Garotinho no âmbito de outra operação, a Caixa d’Água.
— É uma situação muito delicada, obviamente. Glaucenir é um colega que tem uma história muito bonita na magistratura, são mais de 20 anos servindo ao nosso Estado. Ele é reconhecido em todo o Estado pela firmeza em suas decisões. Ele atua em vara criminal e não é fácil. Foi um incidente, obviamente todo mundo erra. Ele fez um pedido formal de desculpa ao ministro. O que a gente torce por ele enquanto colega é para que se resolva da melhor maneira possível, que ele possa superar esse incidente e aguardar a decisão do Conselho.
Eron foi responsável por julgar 38 Aijes e por condenar eleitoralmente 11 vereadores eleitos em 2016 pelo que o Ministério Público chamou de “escandaloso esquema” de troca de votos por Cheque Cidadão. Todos tiveram as sentenças confirmadas em segunda e terceira instâncias e foram afastados dos seus cargos. A ex-prefeita Rosinha Garotinho (Patri) também foi condenada a oito anos de inelegibilidade.
— Pela quantidade de dinheiro movimentada, não havia como passar despercebido (pela prefeita). É lógico que a prefeita não tem como saber de tudo. Mas, pela magnitude de tudo que era feito, o conhecimento amplo que se tinha do fato já na cidade, muito difícil dela não saber.
Ao comentar sobre o vazamento da delação do ex-ministro Antonio Palocci a uma semana do primeiro turno da eleição presidencial de 2018, Eron afirmou que não faria o mesmo, mas fez a ressalva sobre a atuação do então juiz Sérgio Moro: “não sei o motivo pelo qual foi liberado, mas acredito que ele não tenha uma motivação política”.
Ainda sobre os desdobramentos da Lava Jato, o magistrado defendeu que o juiz deve ter atuação discreta. “Numa operação tão grande assim é natural que o juiz tenha que conversar com o promotor, eventualmente receber o advogado de defesa e não vai significar que vai influenciar a decisão dele, mas tudo tem limite e é uma linha muito tênue”.
O convidado desta sexta-feira (11) do programa, a partir das 7h, será o ex-secretário municipal de Campos e Niterói, além de primeiro diretor eleito da Escola Técnica Federal (depois Cefet e, hoje, IFF), Luciano D’Ângelo. (A.S.)
Confira a entrevista:
 
 
 
 

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