frases nem tão soltas XVIII
- Atualizado em 09/10/2019 22:04
Frases nem tão soltas XVIII
Cândida Albernaz
Coloquei-me à disposição da vida. Ela pareceu não saber o que fazer comigo. Então peguei o laço, girei no ar e joguei. Ao conseguir prendê-la, depois de lutar e lutar obriguei-a a seguir na direção escolhida.
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Quando faço perguntas que nãos sei responder, procuro na mente as anotações um dia feitas com o sangue retirado dos profundos cortes provocados na alma.
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Vi olhos sorrindo esperança, o que me provocou enorme dor por não conseguir acreditar também.
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Se pudesse a levaria em meu colo até onde seu sorrir encontrasse um lugar de paz. Eu a depositaria na grama a olhar o céu para que não apenas sonhasse, mas tivesse a chance de viver o seu desejo de menina, agora mulher.
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Quando a dor é grande demais, anestesio uma parte de mim para que de vez em quando possa ficar no não sentir.
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Na renda do tempo bordei a vida. Pedaço por pedaço com a dedicação que a paciência do construir exige.
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Colocou perspectivas em mãos alheias. Que estúpido não perceber que só suas mãos tinham o poder de realizar desejos contidos.
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No tecido branco usei linhas coloridas para alinhavar onde a costura rompera. Não precisava que ficassem imperceptíveis. O que queria mesmo era poder enxergá-las para sempre lembrar de que era capaz.
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Quando foi ao jardim colher flores não esperou encontrar um espinho tão grande entre elas. Vendo o sangue que pingava imaginou ter furado o dedo, mas enganou-se. Foi no peito onde ele se alojou perfurando-o de um lado a outro.
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A noite chega mansa entre sombras e penumbras com o som surdo dos passos em beco escuro. E quando o sono enfim faz seu fechar de olhos já cansados de não ver, a mente foge para o lugar onde sonhos de cantar embalam o dormir. A melodia que escuta vai aprisionando sua dor e transformando-a em doce ninar. Já não há becos escuros ou sombras. O que permanece agora é o ressonar na espera do dia que logo vai nascer.
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Não é preciso ser feliz o tempo todo. Pequenas felicidades nos completam.
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Gosto quando meus anjos descansam suas asas e sorrindo brincam de me fazer feliz

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    Sobre o autor

    Candida Albernaz

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    Candida Albernaz escreve contos desde 2005, e com a necessidade de publicá-los nasceu o blog "Em cada canto um conto". Em 2012, iniciou com as "Frases nem tão soltas", que possuem um conceito mais pessoal. "Percebo ser infinita enquanto me tornando uma, duas ou muitas me transformo em cada personagem criado. Escrever me liberta".