"Lula Livre" e Bolsonaro: duas ameaças à esquerda e ao Mercosul
29/10/2019 16:09 - Atualizado em 29/10/2019 20:54
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Diz a sabedoria popular que um erro não justifica o outro. As recentes declarações de Bolsonaro sobre as eleições na Argentina e a foto do presidente eleito por lá pedindo “Lula Livre”, parecem confirmar o ditado.
No último domingo (27) Bolsonaro afirmou que os argentinos “escolheram mal” e que não pretende cumprimentar o presidente eleito Alberto Fernández. São posições de conflito. O presidente brasileiro já teria dito que detestaria ver a “esquerdalha” de volta ao poder no país de Eva Perón. Reclama de ideologismos pregando justamente outro viés ideológico. Como chefe de estado, Bolsonaro não se comporta à altura, podendo prejudicar relações comercias e diplomáticas, área que se mostra mal assessorado.
Fernández por sua vez publica uma foto, após sua eleição, com correligionários fazendo o gesto do movimento “Lula Livre”, iniciado pelo PT. Erra ao inflar uma ideia que tem algum sentido em terras brasileiras, mas afeta a soberania quando feito por representeante de outro país. Lula foi preso cumprindo todo o devido processo legal. Passou por duas instâncias e teve respeitado o contraditório e a ampla defesa. Caso caiba alguma nulidade ou vício no processo, deve ser discutido pelo sistema judiciário brasileiro – e somente ele.
A narrativa “Lula Livre” impõe a uma parcela da esquerda uma ideologia mofada, anacrônica, que quer colocar o líder carismático e caudilho em um pedestal que não lhe cabe. Para Lula ser o líder de latino-americano dessa parcela que vem perdendo os embates eleitorais pelo mundo, deveria ter aceitado exílio quando foi indiciado, impondo um status de prisão política na prática.
Bolsonaro continua sendo o seu principal adversário. Sua dinastia tosca composta por filhos que causam problemas e provocam a todo momento animosidades contra instituições essenciais a qualquer país democrático, como o congresso e judiciário, acabam por sendo a oposição ideal.
Talvez um erro não justifique o outro. Mas o fato é que a combalida democracia brasileira parece não aceitar mais as barbaridades retóricas do presidente e o insistente "Lula Livre".

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    Edmundo Siqueira

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