O "filhismo" no Bolsonarismo e em Campos
22/10/2019 18:07 - Atualizado em 22/10/2019 18:13
Wladimir, Garotinho, Caio e Arnaldo. Famílias políticas
Wladimir, Garotinho, Caio e Arnaldo. Famílias políticas
Na entrevista que deu ontem na FolhaFM, onde se lançou a prefeito, Roberto Henriques (antigo PPL, em processo de fusão com o PC do B) falou em “filhismo” em uma referência a Caio Vianna (PDT), Wladimir Garotinho (PSD) e Rodrigo Bacellar (SD).
A herança política pode ser uma dádiva ou um fardo. Em Campos o filhismo pode projetar protagonistas eleitorais e, ao mesmo tempo, decretar o insucesso ao final da corrida, pela ampla rejeição e processos acumulados ao longo dos anos pelos “pais políticos”.
Repare bem (parafraseando Ciro Gomes) caro leitor, como pode ser complexa a relação familiar na política. No clã Bolsonaro, o senador Major Olímpio, bolsonarista de carteirinha, disse que os filhos do presidente têm “mania de príncipe”. A deputada Joice Hasselmann , outra bolsonarista convertida (ate então), disparou: “Esses moleques precisam de camisa de força. São um risco para o Brasil e para o mandato do presidente”.
No governo federal os filhos atrapalham um pai governante já desastrado, ao ponto de recomendar que as pessoas defequem em dias alternados, usando outras palavras, em tom, digamos, mais coloquial. O filhismo abala a república. Já levou o presidente a interferir na Polícia Federal, na Receita e no Coaf. Provocou a demissão de dois ministros e impuseram ao vice-presidente uma posição menos importante.

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Em terras Goytacá, pensar em um governo dos “filhos políticos” pode trazer alguns dissabores. Caio, com uma relação conturbada familiar, não se saberá quem governará de fato: pai, mãe ou madrasta. Wladimir, apesar de exercer um bom mandado parlamentar, esbarrará, caso eleito, na figura centralizadora e corrosiva do pai. Rodrigo, carrega a influência do pai Marcos Bacellar, trazendo nebulosidade a um possível governo municipal.
Segundo estudo publicado na revista Galileu, em março deste ano, “um em cada dez líderes vêm de lares nos quais já há fortes laços políticos”. A dinastia palaciana vem deixando cada vez evidente o grito “O rei está nu!”, como no conto de Hans Andersen em “A nova roupa do imperador”. As dinastias campistas lutarão por retorno ao trono, porém para um reinado com sério risco de falência, que não deixará apenas o rei nu.

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    Edmundo Siqueira

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