Degustação de Vinhos: Técnicas e Procedimentos
11/10/2019 21:31 - Atualizado em 11/10/2019 21:40
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COLUNA DE VINHOS
Por João Ricardo Correa Rodrigues
 Tenho recebido alguns questionamentos sobre técnicas e procedimentos para degustação de vinhos. Como o assunto é abrangente, irei abordá-lo por etapas. Assim, vamos começar falando um pouco sobre o que é uma degustação e os seus tipos.
 A arte de degustar um vinho consiste em provar, com atenção, um pouco de um vinho específico, buscando determinar, através dos nossos sentidos (visão, olfato e paladar), suas características e qualidades e, ao final, resumir qual foi a percepção sobre o vinho em questão.
 Existem vários tipos de degustações durante a vida de um vinho. Na verdade, ela começa ainda no vinhedo, quando a uva está em maturação e o chefe do cultivo busca identificar a melhor data para a colheita. Depois, na cantina, o enólogo acompanha a evolução da fermentação e dos sabores. Na sequência, na sala de degustação, novamente o enólogo estuda os melhores cortes ou acompanha a evolução dos vinhos nas barricas, tanques ou garrafas. Nesta fase são realizadas, também, degustações técnicas por comissões especializadas, para verificar se o vinho atende às normas das indicações geográficas.
 Já pronto para a comercialização e antes de chegar a nossa mesa, o vinho passa por diversas degustações de representantes comerciais (Wine Hunter), concursos, Sommeliers de restaurantes, lojas especializadas e outros.
 Para todas essas degustações, existe uma técnica especifica e cada degustador aprimora a sua técnica pessoal de acordo com a experiência e facilidade em identificar os diversos aromas, sabores e elementos do vinho.
 Na verdade, iremos encontrar uma quantidade muito grande de tipos de degustações, desde as mais cotidianas até aquelas mais profissionais, das mais abertas às mais restritas. Ainda encontramos as austeras, suntuosas ou simplesmente divertidas. Vou citar as quatro mais comuns:
 Degustação vertical: apresentam-se várias safras de um mesmo vinho e, através da degustação, procura-se identificar a evolução do vinho;
 Degustação horizontal: apresentam-se diversos vinhos da mesma safra e se procura identificar as características de cada um;
 Degustação às cegas: apresentam-se diferentes vinhos, sem que a origem ou informações preliminares sejam passadas para os degustadores, e estes buscam identificar as características do vinho, apresentando uma descrição ou nota dessas qualificações;
 Degustação de demonstração: as vinícolas apresentam os seus vinhos a um público e a degustação é conduzida por um representante dessa vinícola.
Bom, por enquanto é isso! No próximo artigo, falaremos mais sobre a arte da degustação.
 
 
VAMOS À UVA DA QUINZENA
 
 A Gamay (se pronuncia Gamê), cujo nome completo é Gamay noir à jus blanc, provavelmente surgiu de uma mutação da Pinot Noir. É uma uva tinta de pele escura, famosa por produzir vinhos de estilo leve. Embora a origem da Gamay tenha sido creditada à Alemanha, possivelmente foi em Beaujolais, no sul da Borgonha, na França e a partir do século XIV que a uva encontrou o seu terroir mais famoso. É também cultivada no Vale do Loire e na região vizinha de Mâcon, onde é usada na elaboração dos Mâcon tintos, mas em combinação com Pinot Noir.
 
 
 
Outros países a cultivarem essa cepa são Canadá, Estados Unidos, Itália, Nova Zelândia, Austrália, Croácia e Brasil.
 Os vinhos produzidos pela Gamay são reconhecidamente de caráter frutado. Os aromas comuns são cerejas vermelhas e morangos. Às vezes, com notas de banana e até de chiclete. Quando cultivada em solos de granito, a Gamay pode, também, remeter a framboesas e pimentas.
 O vinho Beaujolais é um vinho leve, saboroso, com uma coloração rubi brilhante e viva; tem aromas agradáveis de frutas frescas, pera e maçã. Na boca, tem corpo leve e acidez equilibrada, revelando sabor de ameixas frescas. Os vinhos com a denominação Beaujolais Villages têm todas essas características mais acentuadas e mais equilibradas.
 O Beaujolais Nouveau é um vinho de festa. Desde 1951, os produtores de Beaujolais lançam seus vinhos “novos” na terceira quinta-feira do mês de novembro, em todo o mundo e ao mesmo tempo, a fim de celebrar a vinificação da Gamay. Esse fenomenal evento de marketing foi criado para que os produtores, que viviam uma crise financeira na época. Pudessem se capitalizar rapidamente. O “Dia do Beaujolais Nouveau” pegou e perdura até hoje.
 
 
O Beaujolais e o Beaujolais Villages são vinhos leves, que acompanham bem refeições leves, carnes brancas, salsichas, salame e presunto cru ou cozido, e que pode ser uma bela opção noturna para uma fondue de queijo. Deve ser tomado frio (14-15°C).
 
 
A VINÍCOLA 
Localizada no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves-RS, a Vinhedos Capoani começou sua história em 1973, quando Volmir Luis Capoani plantou as primeiras mudas de videira Chardonnay, sendo o pioneiro nessa região. Juntamente com seus filhos, Wilian e Renan, Noemir assume a administração dos vinhedos da família em 2009, após o falecimento do seu pai, Volmir. A primeira safra passa a ser elaborada a partir de 2010, dando andamento ao projeto de renovação dos vinhedos e o sonho de construção da própria vinícola.
 A Vinícola recebe visitantes, oferece degustações e possui uma loja de vinhos e afins.
 O VINHO
 
 
Gamay Nouveau, 2017
Cor: vermelho-violáceo, claro e brilhante;
Aromas de Frutas vermelhas, como morangos e amoras. Também se apresenta banana. Na boca, a acidez é refrescante, com sabores intensos de frutas vermelhas, leve final pouco persistente.=
O médio teor alcoólico e acidez original fazem do Gamay um vinho apropriado ao clima tropical brasileiro. É frutado e muito agradável, propício para ser degustado em dias quentes.
 
 
Produção: 4.000 garrafas;
 
 
Afinamento: rápida passagem por carvalho francês;
 
 
Vinhedo próprio: Vale dos Vinhedos, Rio Grande do Sul, Condução espaldeira;
 
 
Harmonização: Peixes, frutos do mar, queijos, comida oriental. Ideal para petiscar;
 
 
Temperatura de serviço: 12-14ºC; e
 
 
Graduação alcoólica: 11,5% vol.
 
 
Prêmios:
 - 92 Pontos - Guia ADEGA 2017/2018 – Eleito entre os 3 melhores tintos brasileiros (Gamay); e
 - TOP 100 - Melhores Vinhos do Ano - Revista Adega (dezembro de 2017)
 NOTA DO COLUNISTA
 Nas degustações, sempre tomo outro vinho da mesma variedade de uva e média de preço do país de origem ou de onde a cepa se destaca. Logicamente, serão vinhos distintos, porém, a qualidade dos vinhos brasileiros está no mesmo patamar. No caso de hoje, foi um vinho francês Beaujolais Village, Dufouleur Père e Fils, safra 2017.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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    Sobre o autor

    Nino Bellieny

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