Carlão faz distinção e críticas a adversário
Aluysio Abreu Barbosa 13/09/2019 08:53 - Atualizado em 16/09/2019 14:12
Entrevista ao Folha no Ar
Entrevista ao Folha no Ar / Isaías Fernandes
“É muito nítida a diferença entre a minha candidatura a reitor e do professor Raúl Palacio, no que tange ao mérito acadêmico (…) A gente não pode colocar a eleição para reitor como se fosse uma mera candidatura política simplesmente (…) Infelizmente, acredito que o nosso erro se iniciou há um tempo, na medida em que, por exemplo, o estatuto da Uenf prevê que para ser chefe de laboratório, você precisa ter reconhecimento científico na área. No entanto, para reitor, ele é omisso. Este é o ponto, inclusive, caso eu venha a ser indicado (eleito reitor) pela comunidade, ele é um ponto a ser revisto (…) Nós não estamos lá (na reitoria) para sermos apenas gestores administrativos”. Logo na abertura do Folha no Ar na manhã dessa quinta-feira (12), programa da Folha FM 98,3, foi o que o professor Carlão Rezende elencou como o principal diferencial da sua candidatura no segundo turno pela reitoria da Uenf. Seu oponente, o professor Raúl Palacio foi o líder parcial no primeiro turno, com 41,70% dos votos.
Carlão teve os mesmos 28,52% no primeiro turno da eleição conquistados pelo terceiro candidato, professor Enrique Medina-Acosta, que se declarou neutro no segundo turno. Mas o candidato da chapa 11 conquistou a vaga por ser 11 meses mais velho, no critério de desempate fixado no estatuto da universidade mais importante de Campos e região. Com votos de professores (com peso de 70%), técnicos (15%) e alunos (os outros 15% do colégio eleitoral), o segundo turno terá início neste sábado (14) nos polos avançados do Cederj. E terá seu ápice na terça (17), nos campi Campos e Macaé.
No segundo bloco da entrevista, Carlão questionou pontos que o professor Raúl tinha levantado na manhã do dia anterior (11), diante do mesmo microfone democrático da Folha FM:
— Um ponto que foi colocado aqui (no Folha no Ar) e que no debate foi também questionado, porque na realidade ele (Raúl) personifica a situação de 2017 (quando os salários da Uenf chegaram a ficar dois meses atrasados, por conta da crise financeira do Estado do Rio) como se fossem o (Luis) Passoni (atual reitor) e ele os responsáveis por manter a universidade aberta. Se esquecem da comunidade. Na realidade, durante aquele período, quem tocou não foi o R$ 1 milhão que a Comissão de Educação liberou. Foram recursos dos projetos de pesquisa das pessoas. O laboratório continuou a funcionar porque tinha recursos de projetos de pesquisa. Eu acho que essa personificação de uma solução centrada em uma ou duas pessoas é, primeiro, subestimar toda a capacidade de todo o corpo docente, técnico e de alguns estudantes, porque muitos voltaram para casa. Porque a greve foi longa. E dos terceirizados que trabalhavam lá também.
Como na quarta Raúl chegou a projetar sua vitória no segundo turno com uma estimativa entre 55% e 60% dos votos, Carlão também foi perguntado se fazia alguma projeção de resultado. Ao que respondeu:
— Eu não tenho projeção. Eu só vejo o seguinte: 60% aproximadamente das pessoas votaram contra a administração que está aí (de Passoni), que Raúl representa a continuidade. Obviamente não haverá 100% de transferência de votos do Medina para mim. Ele se manteve fora, disse que não declararia apoio a mim, ou qualquer outra pessoa. Inclusive, o posicionamento dele foi muito mais enfático que o meu no primeiro turno, contra a administração que está aí e tenta se manter por mais quatro anos. Então, eu acredito que, mesmo que não haja uma transferência de 100%, parte desses eleitores deve votar na chapa 11, não necessariamente no Raúl. Agora o Raúl sempre foi uma pessoa desse tipo mesmo, ele acha que sabe tudo e vai resolver tudo do jeito dele. Então, eu não tenho uma projeção. Se ele fez uma pesquisa, eu não fiz absolutamente nenhuma (…) Mas eu vou continuar acreditando que eu tenho chance até o final do segundo turno.
Último candidato a reitor da Uenf a ser ouvido pelo Folha no Ar antes da consumação do pleito, Carlão também disse, no terceiro bloco da entrevista, ter se sentido prejudicado para montar a logística da sua campanha:
— Por exemplo, a lista de professores votantes, eu só fui conseguir dois dias antes da eleição. Uma coisa que para mim, que já participei apoiando em outras eleições, nunca tinha visto antes. A norma é omissa, mas a gente sempre pedia e tinha a lista. Agora, tive dificuldade de conseguir. Eu mesmo fui um dos caras que apoiou Passoni, estava à frente da eleição dele (a reitor). Agora, eu só tive acesso a isso muito próximo à eleição. Isso dificulta a logística da campanha para alguns, porque acredito que quem está dentro da máquina tenha conseguido isso de forma muito mais fácil (…) A Comissão Eleitoral teria que dar para todo mundo a lista de informações (…) Só há dois dias eu recebi telefones e e-mails de contatos dos (11) polos (Cederj). E então comecei a mandar o material que eu tinha de forma digital. Até então, todas as vezes eu estava indo aos polos entregar material escrito. E vocês sabem que essa garotada do ensino à distância olha mais internet e WhatsApp do que folheto. Eu me senti prejudicado nessa parte.
Na sua última fala na entrevista, Carlão destacou:
— Eu tenho uma história de trabalho coletivo muito grande. Prezo muito por estarem ao meu lado pessoas que realmente possuem qualidade acadêmica. Estando na reitoria, certamente as pessoas que estarão ao meu lado, elas serão escolhidas através de critérios objetivos muito claros de desempenho acadêmico (…) O que mede o meu trabalho é a quantidade de projetos que eu conquistei para a universidade, é a quantidade de artigos que eu publiquei para a universidade, a quantidade de gente que eu formei pela universidade e as aulas que eu dou (…) É um privilégio de poucos participar da criação de uma universidade. Eu vou morrer daqui a algum tempo, a Uenf vai ficar, jovens estarão aqui, meus filhos e meus netos talvez estudem aí. E daqui a pouco as pessoas vão estar celebrando os 100 anos da Uenf (…) Eu fico muito feliz de ter optado em vir para Campos. Não foi falta de opção. Foi uma opção de futuro mesmo. Eu me orgulho de estar aqui. E vou continuar lutando pela Uenf de todas as formas, independente de onde eu tiver; se eu estiver só na minha sala, no meu laboratório, se eu estiver na reitoria. (A.A.B.)

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