Cientista social e militante do movimento feminista no Folha no AR
13/09/2019 07:35 - Atualizado em 16/09/2019 14:11
Fechando a semana, o Folha no Ar, da Folha FM 98,3, recebeu nesta sexta-feira (13), a cientista social e militante feminista Vanessa Henriques. Vanessa também pontuou pautas importantes dos movimentos de mulheres na luta por direitos. Ex-aluna da Uenf, ela relembrou o período de cortes que a Universidade sofreu, nos últimos anos, quando faltaram desde materiais básicos aos essenciais e serviços. O entrevistado da próxima segunda-feira (16) será, Wellington Abreu, superintendente de Petróleo e Tecnologia, de São João da Barra.
— Como uenfeana, eu tenho muita gratidão e muito senso de responsabilidade de retornar isso para a sociedade. Não é grátis, então, estar aqui falando como cientista social e estar intervindo no debate público é uma consequência dessa formação — disse ex-aluna, que pontuou ainda que acredita que os dois candidatos estão preparados para enfrentar a atual fase da educação pública superior do Estado e no Brasil.
Falando sobre as questões relativas ao direito da mulher, Vanessa ponderou a diferença entre patriarcado e machismo, além da participação de mulheres na manutenção do machismo em níveis mundiais. Para ela, as terminologias são distintas, mas não andam separadas.
— Embora a gente não possa dizer, no sentido tradicional de patriarcado, que a gente vive no patriarcado, que é o poder paterno, que está ditando a última palavra, em todas as instâncias, lógico que não porque a gente vive em uma sociedade moderna em que o estado é mais forte em determinadas instâncias do que o poder paterno, mas usa-se o termo ainda e até academicamente, para falar dessa estrutura que permanece ainda, com alguns esquemas de dominação de homens sobre mulheres e o machismo é essa cultura em que o homem tem mais poder, está acima da numa hierarquia. Todos nós somos socializados nessa cultura, homens e mulheres, então, tanto homens quanto mulheres, vão se comportar de forma machista, mas cada uma desempenhando um papel diferente — pontuou ressaltando que ainda é ensinado ao homem que ele tem poder em relação à parceira, o que é perceptível nos casos de violência doméstica e feminicídio. “A mulher, por outro lado, de alguma forma, também aprende a ser submissa, também aprende a incorporar esses valores e também passa para os filhos.
Para Vanessa, a mulheres estão também tomando mais consciência sobre o seu próprio papel na desconstrução dos valores machistas. “Os movimentos de mulheres em prol de direitos iguais têm feito esse debate. É um debate muito atual”, disse ela, alertando ainda que às vezes, quem fala em direitos da mulher é da população LGBT é acusado de ser esquerdista ou comunista, mas que os assuntos estão em escopo mais amplos de direitos humanos.
A cientista social disse que há uma crítica aos movimentos sociais quando à divisão dos temas, que sempre são amplos. “Às vezes o inimigo maior acaba sendo desfocado, porque se está em pequenas disputas que acabam fazendo que uma perspectiva maior seja posta de lado.”
Sobre a paridade entre homens e mulheres em posições de destaque, Vanessa analisa que a política é um dos setores que ainda tem muito a avançar. “O Brasil está numa posição muito baixa no ranking de representatividade de mulheres na política, tendo 52% da população feminina. A gente tem um percentual muito pequeno de mulheres parlamentares, prefeitas, no executivo. Eu acho que essa é uma seara que precisa de certos incentivos, de cotas, inclusive, mas existem várias complicações nesse âmbito. Muitas vezes os partidos botam mulheres – mãe, tia – só para fazer a cota. Esse movimento é muito comum, mas a gente está tendo muitas mulheres que estão tendo uma proeminência grande no cenário político.”
Confira a entrevista:
 
 
 

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