"Saúde vai ao trabalhador" discute suicídio com policiais militares
Ícaro Barbosa 11/09/2019 17:52 - Atualizado em 16/09/2019 13:57
Isaías Fernandes
Entre o final da manhã e início da tarde desta quarta-feira (11), na 6ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP), aconteceu a palestra “Saúde vai ao trabalhador”, que tratou de assuntos sensíveis em todos os meios sociais, mas bastante espinhosos dentro da área militar: alcoolismo, uso de drogas, ansiedade, depressão, problemas de sono e suicídio. Os temas foram tratados com ênfase na campanha nacional de prevenção ao suicídio, “Setembro Amarelo”.
A iniciativa da palestra foi tomada pela Casa da Amizade do Rotary Club de Itaperuna, representada por Maria Lúzia Borges Amaral, e pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), que enviou, como palestrante, a psicóloga Ada Maria França.
– Nós iniciamos o projeto no 29ª BPM (Itaperuna) e, agora, estamos fazendo aqui, na 6ª RISP, para tentar alcançar o maior número possível de policiais e auxiliá-los. Minha palestra é voltada para eles, eu desenvolvi a palestra para alcançá-los e, assim, nós estamos fazendo. Até porque existe muito tabu, no meio militar, sobre esse assunto. Precisamos falar sobre, é importante orientá-los – explicou a psicóloga e palestrante, Ada Maria França.
Maria Lúzia Borges Amaral também comentou que a ação havia começado sem pretensão. "Nós do Rotary estamos fazendo nossa parte, servindo e proporcionando, e os resultados e ações estão sendo muito bem recebidos pelas forças policiais".
A palestra mostrou relatos de policiais que acabaram buscando aliviar suas tensões em bebidas e drogas, outros, que assistiam, relatando como já haviam visto coisas do gênero acontecerem, mostrando que não são casos incomuns e que demonstram a importância de lidar com o stress da atividade policial com pessoas qualificadas, como psicólogos e psiquiatras.
Técnicas de respiração para ajudar no autocontrole durante o dia-a-dia foram ensinadas e informados sintomas de problemas recorrentes no meio militar, inclusive as prevenções ao comportamento suicida. Em 2018, segundo a 13ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 104 policiais cometeram suicídio no ano passado, número maior do que as mortes durante serviço (84 casos).
O comandante do 6º Comando de Policiamento de Área, coronel Marco Aurélio Vollmer, falou sobre a palestra e expressou apoio a iniciativas como essa. Segundo ele, é importante fornecer informações que ajudem o policial a lidar com a depressão, doença do século, impedindo que chegue ao ponto de a pessoa tirar a própria vida; justamente o objetivo do “Setembro Amarelo”.
– No mundo militar e civil existe preconceito contra esse tema. Nós tentamos identificar e tratar o mais rápido possível, como já tive que fazer algumas vezes. É importante frisar que policiais que passam por acompanhamento psicológico têm a arma recolhida, até porque pode se transformar em um agente facilitador para cometer o ato. Ele também é enviado para o serviço interno e, se necessário, tira licença médica até que conclua o tratamento, pois não há como o enviarmos para a rua – declarou o coronel .
 
 

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