Homem é preso no Açu suspeito de agredir a companheira por dez anos
Virna Alencar e Daniela Abreu 11/09/2019 13:53 - Atualizado em 16/09/2019 13:55
Isaías Fernandes
“Eu não quero que essa medida protetiva que carrego na bolsa sirva para enxugar as lágrimas dos meus filhos, caso eu seja morta.” A frase foi dita, na porta da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), há menos de um mês, por Jackeline Maysa Rangel Barcelos, de 46 anos. Desde essa quarta-feira (11), após 11 anos de um casamento do qual 10 deles foram vividos sob diversos tipos de agressão, ela pode sentir a tal sensação de liberdade. Seu ex-marido foi preso no Açu, em São João da Barra, em cumprimento de um mandado de prisão, expedido pelo 1º Juizado Especial Criminal da Comarca de Campos. Ele foi levado para a 145ª Delegacia de Polícia de São João da Barra e em seguida para a Deam, em Campos, de onde seguiu para o presídio Carlos Tinoco da Fonseca. A luta de Jackeline começou em 2016 e só terminou nessa quarta, depois de ela ter buscado o Ministério Público. Esse é mais um dos diversos casos de violência contra a mulher que repercutiram na região e em Campos, que soma feminicídios.
— Foi um misto de alívio, uma sensação de que nem tudo é impunidade, de que agora eu posso ir e vir, já que estava me escondendo no lugar de um cara que deveria estar preso, portanto, eu estava presa. Estou fazendo tratamento de pânico, depressão e ansiedade, estou há dois meses sem levantar da cama e há mais de 17 dias sem me alimentar. Foi uma explosão dentro de mim, me descontrolei quando o vi preso, mas extravasei tudo aquilo que estava acumulado durante anos — desabafou.
Na tarde de ontem, a mãe da vítima também prestou depoimento na Deam.
Jackeline foi acompanhada pelo coletivo “Nós Por Nós”, do qual recebeu acompanhamento desde o exame de corpo de delito, realização do registro de ocorrência, até a prisão do agressor.
No dia 19 de agosto, Jakeline esteve na Deam e contou que tem três filhos, de 14, 16 e 28 anos, e viveu 11 anos com o companheiro, dez deles sendo agredida. Ela disse que a primeira denúncia foi feita em 2016, quando o agressor foi liberado. A medida protetiva veio após nova agressão em 2018. Em abril deste ano o homem a teria ameaçado novamente, mas como ainda não tinha sido notificado da medida protetiva, não foi preso. O mandado de prisão foi expedido após ela buscar o Ministério Público, em maio deste ano.
Outros — A violência contra a mulher tem avançado em Campos e região e alguns casos ganharam destaque este ano, que soma quatro feminicídios e um homicídio.
O primeiro caso ocorreu no dia 11 de janeiro, o corpo de Zeli Aparecida de Lima foi encontrado pelos filhos. A casa fica atrás do “Restaurante da Família”, no Centro de Campos. O caso foi registrado como feminicídio qualificado por asfixia e o ex-marido da vítima, que é apontado como suspeito, continua foragido.
Em abril, no dia 2, em Donana, a jovem Tamires Ramos Martins, de 23 anos, foi morta a tiros pelo ex-namorado, que não aceitava o fim do relacionamento.
Em junho, no dia 3, a professora Regiane da Silva Santos, de 36 anos, morta a tiros, dentro de uma academia, no distrito de Travessão. Ela estava sob o amparo de três medidas protetivas, a mais recente requerida em maio deste ano. Três dias após o crime, o ex-marido se apresentou na delegacia de Itaperuna.
No dia 22 de agosto, Maria da Conceição dos Reis Silva, de 67 anos, teve 36% do corpo queimado em um incêndio em sua residência, no Parque Vera Cruz, em Guarus. Ela morreu após 8 dias internada, mas antes, teria revelado a policiais que o marido, de 81 anos, a acordou dizendo que iria matá-la, jogou álcool sobre o corpo dela e ateou fogo, mas, em seguida, ficou agitado, dizendo que iria ajudá-la. Ele foi preso, mas teve concessão de prisão domiciliar.
No dia 26 de agosto, Dayane da Silva Martins, de 23 anos, foi morta com um tiro pelas costas, na rua Projetada A, no Parque Santa Rosa, em Guarus. 
 
 
 
 

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