Vai de preto ou verde e amarelo?
06/09/2019 21:02 - Atualizado em 06/09/2019 21:04
Amanhã, 7 de setembro, o presidente Bolsonaro dobrará a aposta em seus fiéis seguidores. Na última terça-feira (3) ele pediu, em cerimônia no Palácio do Planalto, que as pessoas vestissem verde e amarelo durante as festividades da independência como forma de mostrar “ao mundo que a Amazônia é nossa”. Bolsonaro cita que o pedido não seria para que as pessoas o apoiassem, mas sim o Brasil.
“Eu sou um nacionalista do fundo do coração”. Essa frase, dita pelo presidente, reflete muito da identidade política do grupo que levou o PSL à presidência da república. O slogan de campanha “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos“ é a prova irrefutável desse viés, além da flagrante confusão com a laicidade do estado. Apesar dos acordos permissivos com a América do Norte, Bolsonaro tenta copiar o ultranacionalismo, quase ufanista, de Trump. Talvez por desconhecimento do que o exagero nacionalista provocou na história mundial.
As comemorações desse 7 de setembro custarão 15% a mais que a última promovida pelo governo federal. Algo em torno 970 mil reais. O que se mostra incoerente com um governo que contingencia verbas da educação e pede sacrifícios previdenciários à população. O pedido presidencial para uso de roupas nas cores da bandeira será uma prova de popularidade e vem após pesquisas que apontam queda de aprovação do governo. Caso consiga adesão significativa, Bolsonaro poderá provar que ainda possui peso político e manterá ativa uma militância histriônica. Caso o verde amarelo dê lugar ao preto, como já pedem grupos em rede social, Bolsonaro poderá repetir outro presidente que precisava de apoio e fez o mesmo pedido: Fernando Collor de Mello. Collor pediu que “as famílias saiam com uma peça de roupa com as cores da nossa bandeira” e queria provar “onde está a verdadeira maioria”. No discurso da última terça o atual presidente lembra seu colega que renunciou em 1992 mas acredita que “não é nosso caso”.
Em um pronunciamento que fará amanhã (7) em rede nacional, Jair Bolsonaro deverá exaltar a soberania nacional e a importância das forças armadas. Deverá contar com o nacionalismo usual. Usar a Amazônia como um 'bem' da nação e eleger inimigos estrangeiros.
A cerimônia contará com mais de três mil homens das polícias militar e federal e usará snipers. O KC390, o super cargueiro da Embraer, está cotado para ser a atração da festa. Restará saber se contará com um Bolsonaro presidente, que ainda não apareceu, ou o Jair da campanha, lugar que não se desvencilhou. De preto ou de verde amarelo, o que o país espera é a independência responsável de um país de grande importância geopolítica.
 
 
 
 
 
 

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    Edmundo Siqueira

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