Remédios que Matam
Extraído de Vida& Saude, terra.com.br
Por Roberta Figueira

Um levantamento divulgado recentemente indicou que a maioria de intoxicações por medicamentos acontecem com remédios considerados inofensivos pela população como analgésicos, anti-inflamatórios e antigripais. No Brasil a situação não é muito diferente. Segundo levantamento do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológica (Sinitox), ligado ao Instituto Fio Cruz, os medicamentos são os principais responsáveis por intoxicação humana superando venenos, drogas e agrotóxicos.


A situação piora bastante quando há uma combinação entre diferentes medicamentos. “Muitas vezes o problema vem de uma automedicação. Um amigo ou familiar recebeu uma prescrição de um remédio e repassa para o paciente quando está com sintomas parecidos, apenas querendo ajudar. Porém, não é porque uma medicação funcionou bem para um que terá o mesmo efeito no outro. Isso traz um risco muito grande de complicações”, alerta o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia Carlos Augusto Mello da Silva, do Centro de Informações Toxicológica do Rio Grande do Sul. Além de outros medicamentos, alguns alimentos, hábitos e doenças também podem alterar o metabolismo de remédios. Por isso, é importante deixar seu médico a par da situação geral de sua saúde e questioná-lo sobre as restrições que envolvam seu tratamento.

Outro problema comum é um paciente que já faz um tratamento com acompanhamento médico esquecer de informar durante a consulta com outro especialista quais são os medicamentos que já estão sendo usados. Para evitar esse problema, Carlos Augusto indica que o paciente sempre leve as receitas para consultas em médicos e visitas ao hospital. “Outra opção, especialmente para as pessoas mais idosas que costumam usar diversos remédios regularmente, é anotar os nomes dos medicamentos, horários e doses em um papel. Dessa forma os riscos de o especialista receitar um produto que terá uma interação prejudicial com outros diminuirá muito”, aconselha ele.

Segundo Anthony, a interação entre medicamentos pode intensificar ou anular o efeito deles, além do risco de gerar algum novo problema. “Cada paciente tem uma reação imunológica diferente. Isso também varia durante a vida. Algo que causava alergia em você durante a infância pode não oferecer riscos na vida adulta, você pode desenvolver uma hipersensibilidade durante a gravidez ou depois de algum vírus que causou mudanças em seu sistema imunológico. Então, o acompanhamento médico é sempre algo indispensável”, justifica ele.

Confira algumas combinações perigosas:

Anticoncepcional + antidepressivo fitoterápico (hipérico ou erva de São Jorge)
A mistura diminui em até 60% o efeito contraceptivo da pílula

Anti-inflamatórios + ácido acetilsalicílico (aspirina)
A mistura pode causar uma irritação na mucosa gástrica devido a um efeito somatório, aumentando o risco de desenvolvimento de gastrite e úlceras.

Anti-inflamatórios + paracetamol
Os dois remédios juntos podem gerar problemas renais levando a quadros hepáticos

Antidepressivos + antigripal (anfetamina)
Essa combinação pode gerar um grande aumento da pressão, levando até a delírios.

Anti-inflamatórios + corticoides
Aumenta a retenção de líquidos e sal, causando inchaço, e pode levar a um aumento de pressão. Também pode irritar o estômago, gerando em alguns casos sangramentos e formação de úlceras.

Antiácidos + antibióticos
O antiácido pode interferir na absorção do antibiótico diminuindo sua eficiência

Anti-hipertensivo + calmantes
Causa sonolência e queda de pressão

Remédios para disfunção erétil + antidepressivos
Aumenta os riscos de priapismo, quando o pênis fica ereto por mais de seis horas causando problemas para o órgão

Anticoncepcional + anti-inflamatórios
Em algumas situações pode causar sangramentos

Colírios + descongestionantes nasais
Em alguns casos pode gerar um aumento de pressão, especialmente em idosos e crianças

Anti-hipertensivo + diurético
A combinação pode levar a perda de sais minerais, causando desidratação e problemas renais

Anticoncepcional + antibiótico
Alguns tipos de antibióticos podem causar algumas alterações pontuais no metabolismo do anticoncepcional

Remédios para emagrecer + antidepressivo
Pode causar taquicardia e aumento da pressão arterial

Inibidores de apetite + ansiolíticos
A combinação traz possibilidade de o paciente sentir irritabilidade, confusão mental, alterações de batimentos cardíacos e tontura

Anticoncepcional + hormônios femininos, como estrógeno
Dependendo do tipo de pílula pode haver um excesso de estrógeno aumentando o risco de coagulação sanguínea

Anticoagulantes + antifúngicos
Há alteração no metabolismo dos medicamentos e pode causar arritmias cardíacas

Anticoagulante + anti-inflamatório
Aumentam os riscos de hemorragia

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    Nino Bellieny

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