Dono do Grupo Petrópolis se entrega no Paraná
Aldir Sales 05/08/2019 22:09 - Atualizado em 16/08/2019 14:14
O proprietário do Grupo Petrópolis – dona da Cervejaria Itaipava, Walter Faria, se entregou nesta segunda-feira (5) à Polícia Federal em Curitiba, no Paraná. Ele teve a prisão decretada na semana passada, durante a 62ª fase da operação Lava Jato, que investiga pagamentos de propinas disfarçadas de doações eleitorais que também envolveria a empreiteira Odebrecht. Em março de 2016, o jornalista Aluysio Abreu Barbosa publicou no blog Opiniões, hospedado no Folha1, a relação entre o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) e “doações” contabilizadas em planilhas apreendidas pela Polícia Federal com a construtora, responsável pelo maior contrato da história de Campos (de aproximadamente R$ 1 bilhão para a construção das casas populares do Morar Feliz).
Na época, vereadores então da oposição queriam saber a relação da doação somada de RS 1 milhão para o diretório estadual do PR, então presidido por Garotinho, e a planilha da Odebrecht, que apontava o repasse do mesmo valor para a conta do partido no Rio de Janeiro.
As distribuidoras Leyroz e Praiamar, que trabalham com produtos do Grupo Petrópolis, repassaram no mesmo dia R$ 800 mil e R$ 200 mil, respectivamente, para o diretório do PR em 2010, quando Garotinho se elegeu deputado federal.
Já nas planilhas da Odebrecht apreendidas pela Lava-Jato, Garotinho aparece como “beneficiário” de uma doação no valor de R$ 1 milhão em 1º de setembro de 2010 — mesmo dia e valor das duas doações somadas da Leyroz e Praiamar. Ambas foram declaradas pelo PR à Justiça Eleitoral, que não registrou nenhuma doação da Odebrecht a Garotinho em 2010.
O uso das duas empresas distribuidoras de bebida como “laranjas” das doações da empreiteira, numa transação que pode ter superado a casa dos R$ 30 milhões, foi fartamente noticiado na época pela mídia nacional. Dos seus supostos esquemas, teriam ser beneficiado também Aécio Neves (PSDB/MG) e Aloizio Mercadante (PT/SP), além do ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB).
De acordo com a PF, um dos executivos da Odebrecht, em delação premiada, afirmou que usou o Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014, o que resultou em dívida não contabilizada pela empreiteira com o grupo investigado, no valor de R$ 120 milhões. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios do grupo. O grupo também teria auxiliado a empreiteira Odebrecht a pagar valores ilícitos, por meio da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior.

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