Médica espancada por lutador conta detalhes da agressão
Clícia Cruz 23/08/2019 19:08 - Atualizado em 26/08/2019 13:30
Genilson Pessanha
A médica Cíntia Silva Maciel, de 32 anos, agredida pelo namorado, o lutador de muay thai e professor de uma academia em Campos, Francinei Gonçalves Farinazo, de 35 anos, na madrugada do último domingo (19), está aguardando a definição da Justiça sobre a medida protetiva solicitada pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). O inquérito foi finalizado pela delegada Ana Paula Carvalho e já foi enviado ao Ministério Público, que, segundo o advogado Luiz Fellipe Gomes, ainda não se manifestou. Nesta sexta-feira (23), Cíntia contou detalhes da agressão e relatou como foram os últimos momentos do casal, antes do ataque de fúria que deixou a médica desacordada e com diversas lesões.
No relato, a médica contou que os dois passaram todo o sábado juntos, praticaram atividade física durante o dia e, à noite, foram a um bar com amigos e que depois resolveram ir a um restaurante japonês.
— No caminho para o restaurante ele já estava alterado, eu estava com umas amigas no carro que presenciaram. Chegando ao restaurante, um garçom, muito conhecido meu, trouxe uma bebida pra eu experimentar e ele não gostou. Foi muito grosso com o garçom, o garçom até ficou assustado e retirou a bebida, eu fiquei muito constrangida — contou a médica.
Ela disse que diante da cena, resolveu ir embora e que em frente ao restaurante a discussão continuou e ela foi empurrada pelo namorado. Cíntia saiu do estabelecimento com a prima, para levá-la para a casa e não pretendia retornar ao local, mas que um amigo de Francinei ligou insistentemente para ela, pedindo que ela voltasse, porque ele estava descontrolado, que queria conversar com ela.
Ao retornar ao restaurante, o namorado entrou no carro e disse que iria para casa, que não queria ir para qualquer outro lugar. Cíntia conta que sabia que o namorado queria ir a um evento naquela noite e que disse a ele que sabia que ele não queira ir para casa e que se ele fosse ao evento iria com ele. Foi nesse momento que ele teria iniciado as agressões físicas, golpeando Cíntia no rosto, com as duas mãos.
— Eu tentei proteger o rosto, pedia pra ele parar, mas, num determinado momento, perdi a consciência, só me lembro que acordei no Ferreira Machado, sendo atendida pelos meus colegas e o buco-maxilo que me atendeu percebeu que não parecia que eu havia sofrido um acidente e me perguntou se eu havia sido agredida. Mesmo com dificuldade pra falar, eu consegui responder que sim. Eu não imaginava que ele faria uma coisa dessas comigo — lembra a vítima, que nesse momento da entrevista não conteve as lágrimas.
Cíntia contou que conheceu Nei, como é conhecido o professor de muaiy thai, num show, em setembro de 2018, mas que eles só começaram a namorar em fevereiro deste ano, que os dois possuem muitos amigos em comum e que eles incentivaram o casal a namorar, porque teriam muitas coisas em comum, inclusive o gosto pela atividade física. 
Advogado da vítima
Advogado da vítima / Genilson Pessanha
Ela também relatou que o namorado era uma pessoa muito carinhosa, mas, que há um mês e meio, eles tiveram uma discussão séria, que ele acabou dando um soco na mão dela.
— Na época ele disse que foi reflexo, porque eu tentei tirar a mão dele da marcha do carro, ele me pedia pra quando estivesse nervoso que era pra deixar ele gritar, falar, pra não interferir — disse Cíntia, relatando que o namorado tinha consciência que se descontrolava com facilidade.
Sobre o fato da medida protetiva ainda não ter sido deferida, Cíntia disse que confia na Justiça e que está protegida por familiares e amigos. O único contato feito por Francinei foi no dia da prisão, quando mandou uma mensagem para ela, pedindo que o tirasse da delegacia. Procurado pela reportagem da Folha da Manhã, Francinei preferiu não se pronunciar.

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