Não ironize seus pais por ter que ajudá-los a usar o computador, eles lhe ensinaram a usar a colher!
- Atualizado em 01/09/2019 23:35
Mundo virtual: um universo que se descortina à frente. É assim que os especialistas que trabalham na orientação de idosos para o uso da tecnologia costumam definir o que acontece com seus aprendizes quando estes passam a usar as redes sociais e seus smartphones. Os especialistas também descrevem os benefícios e dificuldades da imersão dos idosos no mundo da tecnologia. Eles começam a fazer parte de algo novo no qual todos os outros membros da família já estavam inseridos, menos eles!
O número de idosos conectados tem crescido. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2008, apenas 5,7% das pessoas acima dos 60 anos eram internautas. Em 2013, o número aumentou para 12,6%. Em 2015, do total da amostra, 86% disseram que o celular é o dispositivo mais usado e 78% deles possuem um smartphone; 76% usam o Facebook e somente 9% não utilizam nenhum serviço de comunicação. No entanto, apesar de serem consumidores de tecnologia, a pesquisa mostra que eles não se sentem incluídos no mundo digital. Os entrevistados disseram sentir-se menosprezados pelas empresas de tecnologia e tratados como analfabetos digitais, principalmente pela própria família.
Seus pais te ensinaram a usar a colher. Porque, agora, falta paciência para ensiná-los a usar o smartphone, tablet ou notebook?
A inclusão digital é apenas uma consequência. O maior contato com amigos e familiares – ainda que à distância e de forma virtual – diminui a solidão. Segundo uma pesquisa do Pew Research Center, entidade norte-americana, 50% dos idosos que utilizam a Internet melhoram o contato familiar, social, comercial (por meio da leitura de notícias) e até educacionais – para além do aprendizado da tecnologia, os idosos também passam a realizar pesquisas, a ver filmes e a fazer cursos on-line. Outra grande vantagem na retomada do aprendizado é a atualização cultural e o aumento da autoestima.
O uso das redes sociais amplia o contato e a interação com a própria família, já que muitos passam a se comunicar com maior efetividade e constância com os filhos e netos por meio do smartphone e seus aplicativos de troca de mensagens.
A preferência, de acordo com pesquisas, é clara pelo uso do Facebook e do WhatsApp – sempre no celular. Este último tem uma imensidão de aplicativos, mas os idosos não usam a maioria deles. A principal justificativa é “que não sabem para que serve”.
O aprendizado novo estimula o cérebro, portanto, há inúmeros benefícios cognitivos, afastando os riscos de demência ou doença de Alzheimer. Segundo um estudo da Clínica Mayo, dos Estados Unidos, que acompanhou 1.929 pessoas com mais de 70 anos durante quatro anos, utilizar o computador ao menos uma vez por semana reduz em 42% a probabilidade de o idoso ter problemas de memória e raciocínio. Em comparação, ler revistas reduz em 30%, enquanto trabalhos manuais, como tricô e crochê, em 16%. Os ganhos, portanto, são muitos e vale a pena vencer as barreiras inicias para obtê-los.

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    Helô Landim

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