Nascimento, Vida e Morte de um Vinho
25/08/2019 11:59 - Atualizado em 25/08/2019 15:48
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Coluna de Vinhos- João Ricardo Rodrigues
Para a maioria dos vinhos o auge é agora!!! 90% deles não melhoram depois de postos à venda e são cada vez mais produzidos para serem comercializados e bebidos jovens entre um e cinco anos de idade.
O que é então o vinho de guarda? Para respondermos essa pergunta precisamos entender um pouco sobre a vida do vinho, em uma analogia com o homem, todo vinho nasce, amadurece, mantém a maturidade por um tempo, decai até ficar decrépito e morre.
 A fase de guarda do vinho se inicia após o seu engarrafamento e chamamos essa fase de envelhecimento, durante isso, os vinhos tintos sofrem uma redução quando perdem cor e ganham complexidade e sedimentos, há também perda de tanicidade e acidez, tendendo a se harmonizar e a ganhar complexidade, formando o buquê. (O buquê é o aroma do vinho maduro e engloba as mutações físicas e químicas que ocorrem à medida que o vinho envelhece).
 Porém expectativa de vida do vinho é variável indo de poucos meses até séculos. Os fatores que conservam os vinhos são a acidez, os taninos e os antocianos e a doçura, vinhos com boas quantidades desses fatores são mais longevos sendo que a curva evolutiva varia de vinho para vinho, de safra para safra, porém o veredicto final sempre será na abertura da garrafa.
 Na escolha de um vinho de guarda é importante se observar alguns fatores como a vinícola produtora, a safra, o processo de produção e engarrafamento e principalmente, ter um local adequado para fazer a guarda do vinho. O ideal é comprar mais de uma garrafa e degustar uma de inicio fazendo anotações das características marcantes, e ao longo da guarda nas demais degustações, acompanhar a evolução do vinho até o auge.
 Algumas sugestões de vinhos com potencial de guarda:
 Velho mundo: clássicos como os Grands Crus de Bordeaux e Borgonha, Barolo, Bararesco, Brunello di Montalcino, Chianti Riserva, os Supertoscanos, a maioria dos tintos tradicionais portugueses, espanhóis Reserva e Gran Reserva são todos vinhos que podemos ter em nossas adegas por alguns ou muitos anos.
 Quanto aos brasileiros
Se alguém encontrar um do Lote 43 da Miolo ou os Baron de Lantier 84, vale a experiência de provar um vinho brasileiro de guarda já no auge, sugiro também os: Don Candido Quarta Geração Marselan, de 2005, Don Laurindo Cabernet Sauvignon 1994, Don Giovanni Cabernet Franc e o Aurora Cabernet Sauvignon Millésime.
 A Uva
 A Sangiovese é uma uva tinta italiana, amplamente produzida na região central da Itália, pertence à família da Vitis vinifera, sua origem é incerta, mas algumas informações históricas remetem a registros de que no século XVI, sua produção cobre 11% da superfície vitivinícola nacional, é considerada uma das “jóias” da Toscana.
 Dá origem a vinhos de estilos e personalidades bem distintas doando características diversas dependendo do seu terroir, alguns são leves e fáceis de beber, como os populares Chianti, outros mais encorpados, como o Vino Nobile di Montepulciano e em sua melhor forma, produz um vinho rico, complexo e de envelhecimento prolongado, como o Brunello de Montalcino.
 Os bons vinhos feitos com a Sangiovese são ricos em taninos, fortes e encorpados, na sua cor podemos perceber um rubi intenso, no seu gosto e aroma, amarena que é um tipo de cereja, amoras, ameixas, mirtilo, em seus aromas florais podemos encontrar violetas e rosas, além de notas de ervas e especiarias, já nos grandes vinhos envelhecidos a baunilha e o tabaco.
 A Sangiovese que foi muito cultivada na Serra Gaúcha e hoje encontra-se em quantidade reduzida.
 Para harmonizar os vinhos tintos menos encorpados, como o Chianti, um bom espaguete a bolonhesa, já os mais encorpados uma boa bisteca de carne.
 A vinícola
 Uma Família de origem Italiana e centenária, onde pela tradição e vocação Orval Salton e filhos criaram o Estabelecimento Vinícola Valmarino em 1997. O nome homenageia os antepassados oriundos de Cison de Valmarino, Treviso - Itália.
 Por ser uma empresa familiar, com produções limitadas, tem como meta principal a elaboração, com qualidade, de vinhos e espumantes diferenciados, que possibilitam prazer e satisfação a seus apreciadores. Utilizamos a tecnologia e os cuidados artesanais como ferramentas principais para revelar a qualidade das uvas e buscar o equilíbrio e a complexidade de nossos produtos.
 Cultivamos atualmente 16 ha de vinhedos aos quais são aplicadas técnicas necessárias para a obtenção de uvas sãs e de plena maturação.
 Fonte site da vinícola.
Sede da Vinícola
Sede da Vinícola / Foto divulg e Analúcia R.
Localizada no distrito de Pinto Bandeira, Município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, a uma altitude média de 700 metros, entre encostas e montanhas. Com 16 ha de parreirais, as uvas da Valmarino são produzidas no sistema tradicional de parreirais em latada, praticamente inexistente em todas as demais vinícolas que produzem vinhos finos, substituídos pela espaldeira (plantas em linha).
 A qualidade da uva vem de um plantio diferente das latadas convencionais, havendo quantidade bem menor de plantas por hectare, com menor produção, além de um rígido raleio de cachos durante o ciclo produtivo, resultando-se em 10 toneladas de uvas/há, sãs e maduras (baixíssima produtividade em se tratando de latada). Em resumo, o uso de uma técnica antiga de plantio exige da Valmarino um cuidado extremo no trato com a videira e com a uva para se alcançar a qualidade desejada.
 O Vinho
 Valmarino Sangiovese, safra 2017
João Ricardo
João Ricardo / Foto divulg e Analúcia R.
 
 
Cor vermelha rubi, característico desta variedade;
 Aromas de frutas vermelhas e pretas como amora e ameixa e discreta baunilha resultante do estágio de parte do vinho em barris de carvalho americanos;
 Na boca apresenta um vinho com taninos macios e boa acidez, corpo leve a médio e final de boca com persistência moderada.
 Vinho com estilo de ser servido jovem, porém ganha com o envelhecimento.
 100% Sangiovese.
 13% Vol.
 12 meses de envelhecimento em barricas de carvalho de 2º uso (americanas).
 3.423 garrafas numeradas.
 Potencial de guarda de 6 a 8 anos desde que conservado adequadamente.
 Produção limitada de 3.423 garrafas de 750 ml numeradas da safra 2017.
 Temperatura de Consumo: De 18° a 20° C.
 Preço médio entre R$ 80,00 e R$100,00.
A estrela de hoje
A estrela de hoje / Foto divulg e Analúcia R.
 Adquirido na loja virtual da vinícola. Clique AQUI
 Dicas de harmonização/acompanhamentos:
-Filé a Milanesa, carne assada, rodízio ou espeto corrido de carne de gado, filé ao Molho Madeira, sopa de carne com legumes, pizzas do tipo Portuguesa, Napolitana e 4 Queijos.
Notas
1-Nas degustações sempre tomo um outro vinho da mesma variedade de uva e média de preço do pais de origem da cepa, logicamente serão vinhos distintos, porém a qualidade dos vinhos brasileiros estão no mesmo patamar, no caso de hoje foi um vinho italiano, Garofoli Monte Reale Sangiovese Marche IGT 2017.
2-Artigo a pedidos da leitora Vanessa Novaes.

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    Sobre o autor

    Nino Bellieny

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