Até quando?
- Atualizado em 12/08/2019 15:18
Em artigo publicado aqui no dia 11 de maio de 2019 foi abordado o problema dos recorrentes casos de violência que ocorrem na BR-101, principalmente no trecho que corta o município de São Gonçalo/RJ. Foram tantos os casos, inclusive tendo moradores de Campos entre as vítimas, que no dia 09 de maio aconteceu uma manifestação em frente à Câmara de Vereadores de Campos solicitando que medidas fossem tomadas para melhorar a situação. Desde então já se passaram três meses e apesar de algumas ações pontuais como o uso de policiais militares no patrulhamento da rodovia, a violência no local continua.
Essa semana, no dia 08 de agosto, um sargento da Polícia Militar foi morto enquanto fazia patrulhamento na rodovia. Lotado no RECOM (batalhão de rondas especiais e controle de multidões), o policial estava junto com sua equipe dando apoio à Polícia Rodoviária Federal (PRF) no policiamento. No momento do fato os policiais estavam baseados nas proximidades da comunidade Recanto das Acácias, em São Gonçalo, quando ouviram um disparo de arma de fogo e logo a seguir notaram que o sargento havia sido atingido no tórax. Ele ainda foi socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu. Ainda não se sabe de onde partiu o tiro.
Segundo dados divulgados em audiência pública realizada pela comissão de segurança pública da Alerj uma semana antes do crime, a situação do policiamento na região é muito precária. O efetivo da Polícia Militar em São Gonçalo tem menos de um policial para cada 1000 habitantes, sendo que o recomendado pelas Nações Unidas é de um policial para cada 300 habitantes. E se o policiamento já é deficiente para uma população de cerca de um milhão de habitantes, isso se agrava com a necessidade de atuar em uma rodovia que é atribuição do governo federal. Com 7 policiais rodoviários federais para cobrir 21km de estrada e mais os 13km da Ponte Rio Niterói, é inviável uma cobertura adequada.
Com 12% dos casos de roubos de veículos de todos o Estado do Rio de Janeiro e com cerca de 20% dos roubos de cargas ocorridos, esse trecho entre os municípios de Niterói e Itaboraí, passando por São Gonçalo é hoje um sério problema de segurança pública. Enquanto o governo federal não chamar para si a responsabilidade de liderar e coordenar uma ação conjunta, unindo reforço no policiamento a ações de inteligência, a população e os policiais irão continuar a ser vítimas na rodovia do medo.

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    Sobre o autor

    Roberto Uchôa

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    Especialista em Segurança Pública, mestrando em Sociologia Política e policial federal