Arnaldo aproxima Caio da turma bolsonarista e se distancia de vez da realidade
14/08/2019 22:42 - Atualizado em 15/08/2019 02:10
Movimentação deixa claro que o caminho para a esquerda campista em 2020 é a unidade, através da composição de um forte bloco partidário.
Foto: Genilson Pessanha - Folha 1
Foto: Genilson Pessanha - Folha 1
A última semana foi marcada por uma articulação pra lá de risível entre algumas peças da política campista. O ex-prefeito de Campos, Dr. Arnaldo Vianna, decidiu reaproximar seu filho Caio, que se define como um jovem progressista, de Gil Vianna, que na eleição passada foi vice na chapa de Caio e hoje é o nome da família Bolsonaro na cidade.
Em Campos, assim como em muitas cidades do país, o compromisso ideológico nunca foi uma coisa levada muito a sério nas eleições municipais. A movimentação de Arnaldo não causa espanto uma vez que o mesmo já apoiou figuras como Geraldo Pudim na cidade.
Mas a questão aqui é que já há algum tempo Caio namora a possibilidade de costurar uma articulação do PDT com os partidos de esquerda da cidade, em especial com o Partido dos Trabalhadores (PT), que ainda reserva um considerável tempo de campanha e militância organizada em Campos, principalmente nas universidades com a juventude e em importantes sindicatos.
Em junho deste ano, o senador Flávio Bolsonaro declarou o deputado estadual Gil Vianna como “comandante” do PSL em Campos e candidato da família para as eleições de 2020. Flávio é o filho de Jair que, segundo o MP, possuía uma organização criminosa que movimentava milhões em seu gabinete, através do desaparecido Fabrício Queiroz. 
Gil Vianna disse ser motivo de orgulho compor o PSL, partido responsável pela condução do maior desmonte social do país, que tem atacado o direito à aposentadoria, ameaçado a pesquisa científica e o acesso ao ensino superior, conduzido uma desastrosa política ambiental e protagonizado as mais vergonhosas declarações através de Jair Bolsonaro.
Arnaldo parece não identificar que a massa que elegeu Bolsonaro tem rapidamente se dissolvido. Quer atrelar seu filho a uma turma delirante, sustentada pelas fake news, que apesar de ainda ser muito barulhenta e conseguir aglutinar parte da classe média, têm demonstrado nas manifestações de apoio a Bolsonaro em Campos que não conseguem reunir mais que 120 pessoas após os últimos escândalos como a “Vaza-Jato”, enquanto as manifestações em defesa da educação e contra a reforma da previdência movimentaram milhares de pessoas, muitos que já abandonaram o barco do bolsonarismo.
Caio se mostrava como um potencial candidato à polarização Diniz x Garotinho, mas a que depender de suas articulações, está fadado a ser mais um candidato sem compromisso popular e que vive à sombra de seus antepassados políticos. Se esta movimentação de acordo com a turma bolsonarista se confirmar, perde qualquer possibilidade de diálogo com o campo progressista.
Cabe aos partidos de esquerda em Campos reconhecerem o momento que está colocado: somente a composição de um bloco em unidade pode apontar soluções para superar nossa ainda gritante desigualdade, em uma cidade marcada pelo peso do sobrenome e pela influência dos “donos do poder”. Inverter esta ordem e se firmar como uma terceira via real, com capacidade de ameaça, exige trabalho árduo e organização de longo prazo, no entanto, tendo em vista a tática adotada pelos nomes se colocam como alternativa à polarização, talvez o resultado não esteja tão distante.

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    Gilberto Gomes

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