Em Campos, chikungunya supera mil casos em junho e se aproxima de 5 mil em 2019
Virna Alencar e Camilla Silva 15/07/2019 13:39 - Atualizado em 17/07/2019 17:05
  • Movimentação no CRDI

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    Movimentação no CRDI

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    Movimentação no CRDI

Os números de casos de chikungunya em maio e junho são os maiores de 2019. De acordo com balanço divulgado pela Prefeitura nesta segunda-feira (15), 1.054 diagnósticos foram confirmados no último mês e 1.076 no mês anterior. Até o momento, 4.914 casos da doença foram confirmados em 2019. No Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI), a demora no atendimento e a lotação são alvos de reclamações de pacientes, que formavam fila na unidade desde as primeiras horas desta segunda.
No dia 5 de julho, o CRDI informou que 682 casos haviam sido confirmados em junho. Em 10 dias, 345 novos diagnósticos de pacientes que procuraram a unidade em junho foram confirmados. Em maio, o balanço parcial era de 799, mas subiu após 277 novos resultados.
— Neste início de mês, a procura caiu. O frio é muito ruim para a proliferação do mosquito. Mas é preciso manter a atenção, porque há a previsão de que haja um retorno forte da doença no mês de setembro — alertou o diretor do CRDI, Luiz José de Souza.
A moradora do Jóquei Clube Andrea Vieira Rodrigues, de 44 anos, esteve no CRDI, por volta das 10h30, e disse não ter conseguido atendimento para o marido, de 65 anos, sendo aconselhada a retornar no dia seguinte antes das 7h para conseguir uma das 250 senhas distribuídas por dia.
— Meu marido não consegue levantar da cama. Ele está febril e sente muitas dores nas articulações. A saúde pública de Campos está um caos e, desse jeito, vou ter que procurar atendimento particular e pagar os exames. Minha neta de apenas 3 anos está com os mesmos sintomas. A situação dela fica ainda pior porque é cardíaca. É muita gente que está com chikungunya no bairro e não vemos o carro fumacê passar — lamentou.
Já a moradora do Parque Calabouço Lúcia Maria Pereira, de 56 anos, se antecipou, chegou às 5h no CRDI, e conseguiu pegar o resultado de seus exames, após buscar um primeiro atendimento, na última segunda-feira (8). “Na semana passada, cheguei às 6h30, fiquei no soro e fiz os exames. Saí daqui eram umas 17h. Hoje, cheguei cedo também, só para pegar o resultado. Já são 11h20, mas finalmente consegui”, disse, contando que sente dor no corpo, nas juntas e o resultado do seu exame confirmou mais um caso de chikungunya.
A secretaria municipal de Saúde (SMS) informou que nas segundas-feiras registra-se um fluxo maior de atendimentos no Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI). Ainda segundo a secretaria, as fichas estão sendo distribuídas normalmente. “Desde 20 de maio, o CRDI conta com uma nova estrutura de atendimento. Ao todo, são mais quatro salas divididas da seguinte forma: duas para o atendimento médico à população e as outras para hidratação e enfermagem, respectivamente”, informou a secretaria.
De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), o carro fumacê circula de acordo com cronograma, seguindo critérios estabelecidos pelo ministério da Saúde. “Da forma que vem sendo aplicado, o fumacê não causa dano à saúde, ao meio ambiente e evita resistência por parte dos mosquitos. A Prefeitura de Campos, através do CCZ, monitora todas as regiões do município e as ações são baseadas neste monitoramento e no índice de infestação do Aedes Aegypti. O CCZ vem intensificando os trabalhos, também, através da utilização do larvicida biológico, fazendo o raio das residências dos acometidos pela Chikungunya, utilizando bombas costais como inseticida — que acaba sendo mais eficiente que o fumacê — e utiliza o carro fumacê para controlar o grau de infestação do Aedes em localidades que estejam com altos índices das doenças (dengue, zika e chikungunya), das 6h às 10h e das 18h às 22h. Geralmente, o fumacê é aplicado em momentos de menor força do vento para que não haja desperdício do produto”, informou em nota.
Segundo o subcoordenador de controle de vetores do CCZ, Silvio Pinheiro, “a utilização dos equipamentos de aspersão de inseticida tem caráter complementar às demais ações de controle, em virtude de seu alcance limitado e do grande impacto ambiental, inclusive, matando as libélulas, um ótimo predador, tanto na sua fase adulta quanto aquática. Os adultos se alimentam de mosquitos e os seus filhotes (ninfa), se alimentam de larvas”.
Na próxima sexta-feira (19), será realizado o último mutirão de combate ao Aedes com base no segundo Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (Liraa) do ano. Mais ações de combate ao mosquito serão planejadas de acordo com o próximo Liraa.
Prevenção — Diante do número de casos confirmados, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) ressaltou que realiza, desde o início do ano, diversas ações com o objetivo de conter o avanço das doenças causadas pelo Aedes aegypti. Entre as iniciativas, estão: lançamento da campanha “Atitude contra o Mosquito”, que alerta sobre os riscos das doenças e dá dicas de como eliminar os focos do vetor dentro da própria casa, mobilizando população para combater o Aedes, e a realização do Dia D, com checagem de locais, distribuição de material informativo, laboratório para a exposição ao público sobre as etapas de desenvolvimento do mosquito e orientação de como combatê-lo, além de posto de vacinação contra a febre amarela
Também são promovidas ações com drones do Corpo de Bombeiros para auxiliar agentes de saúde na busca por focos do mosquito; capacitação de mais de dois mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, com o objetivo de melhorar o atendimento aos pacientes; visita de técnicos da secretaria estadual a 36 municípios que apresentam maiores índices de focos do Aedes aegypti para avaliar, junto às secretarias municipais de Saúde, os planos de contingência mais adequados para cada área; disponibilização de larvicida e adulticida para os municípios e ampliação do público-alvo para entrega de repelente em Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Para Alexandre Chieppe, médico da Secretaria de Estado de Saúde, ações simples e rotineiras da população são suficientes para o controle. “Parece pouco, mas dez minutos por semana é tempo suficiente para que uma pessoa olhe todos os possíveis focos do mosquito na sua residência. A vistoria deve acontecer em caixas d’água, tonéis, vasos de plantas, calhas, garrafas, lixo e bandejas de ar-condicionado. Com essas medidas de prevenção, é possível evitar a proliferação do Aedes aegypti”, aponta.
 
 

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