A implantação do Centro de Tratamento do Ictus Cárdio-cerebrovascular é a principal meta do neurocirurgião Makhoul Moussallem, que foi nomeado na última segunda-feira como assessor especial do prefeito de Campos, Rafael Diniz (PPS). O projeto, desejo antigo do médico, consiste na criação de um espaço, em um prédio que falta pouco para ser concluído no Hospital Escola Álvaro Alvim, com tecnologia de ponta e pessoal especializado para atendimento em termos neurovasculares. A primeira conversa entre Makhoul e Rafael para tirar o projeto — que será de âmbito regional e contará com interações com outras esferas de poder e a iniciativa privada — do papel aconteceu em março, após o médico ser homenageado pela Sociedade de Neurocirurgia do Estado do Rio de Janeiro em um evento realizado em Campos.

Segundo Makhoul, o atual presidente Sociedade de Neurocirurgia estadual, Orlando Maia, durante palestra na jornada em Campos questionou o porquê de o município não ter “nada nos hospitais em termos neurovasculares”. A resposta de Makhoul ao questionamento foi que faltava vontade política, já que ele tinha um projeto nesse sentido e havia apresentado aos prefeitos da cidade nos últimos 20 anos e não havia interesse.

— Fiquei matutando: por que eu não faço? Afinal de contas, eu já fiz tanta coisa, vou fechar com chave de ouro. Eu tenho três objetivos com esse projeto. O primeiro é salvar vidas, atendendo a quem não tem condições. Segundo, eu ajudo o Álvaro Alvim, financeiramente. E o terceiro, quero meu nome na placa para posteridade, mais uma obra de Dr. Makhoul — disse o neurocirurgião, que logo depois, ligou para Rafael, marcou uma reunião e apresentou o projeto. Makhoul conta que o atual prefeito demonstrou interesse, mas depois do primeiro diálogo aconteceram alguns imprevistos. O médico teve um problema cardíaco e, posteriormente, precisou fazer uma viagem ao exterior. No retorno ao Brasil, na última semana, foi informado que faria parte da gestão para desenvolver o Ictus Cárdio-cerebrovascular.

Nos planos de Makhoul, o projeto tem condições de ser executado em um ano, com investimento inicial de cerca de R$ 12 a 13 milhões, envolvendo os nove municípios do Norte Fluminense (além de Campos, Cardoso Moreira, Carapebus, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra) e também Casimiro de Abreu e Rio das Ostras. Agora no governo, Makhoul terá aval do prefeito para dialogar junto aos representantes dos demais municípios.

A prioridade do Centro será no atendimento rápido, na primeira hora, para diminuir possíveis sequelas das lesões do sistema nervoso. O neurocirurgião prevê uma parceria com a Arteris Fluminense, com a aquisição de dois ou três helicópteros para atendimento emergencial, além de planejar também uma pareceria com o Corpo de Bombeiros. Cada município atendido pelo Centro pagará uma cota pelo serviço e para iniciar o projeto, o neurocirurgião busca dialogar com deputados do município — já falou com Bruno Dauaire (PSC) e Wladimir Garotinho (PSD), antes de ser convidado a entrar no governo municipal — para articular emendas de bancada na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) e na Câmara dos Deputados.

— Temos que montar uma estrutura que consiste de ressonância magnética, hemodinâmica, tomografia, quando necessário, a gente faz a triagem (se é hemorrágica ou não), eletrocardiograma, ecocardiograma, ultrassom arterial. Vamos montar 24 leitos no Álvaro Alvim.

Histórico — Makhoul Moussallem formou-se em medicina pela Universidade Federal Fluminense, em Niterói, em 1969, apenas 14 anos depois de chegar ao Brasil. Dentre os muitos feitos em sua carreira profissional, foi presidente por dois mandatos da Sociedade Fluminense de Medicina e implantou o primeiro pronto-socorro do município, em parceria com o então Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps), na Santa Casa de Misericórdia.

Realizou o primeiro Congresso Médico de Campos, fundou o Sindicato Médico de Campos e o Clube Médico. Na Beneficência Portuguesa, colaborou com a criação da primeira UTI do interior do Estado. Fundou também o serviço de neurocirurgia da Santa Casa e o Hospital da Unimed, em Campos.

O médico colocou em funcionamento o Hospital Escola Álvaro Alvim, onde foi diretor-geral. Foi o quarto presidente eleito da Sociedade de Neurocirurgia do Estado do Rio de Janeiro, sendo o primeiro do interior do Estado. Foi conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e presidente da Câmara Técnica de Neurocirurgia por 21 anos. (A.N.A.) (A.A.B.)