Bolsonaro se supera: "Só aos veganos é importante a questão ambiental"
27/07/2019 21:22 - Atualizado em 27/07/2019 21:43
O presidente Jair Bolsonaro parece uma ficção. Sentimos que a qualquer momento vamos acordar, cair da cama, e tudo isso não terá passado de um pesadelo. As coisas que ele diz e faz são tão absurdas que deixam qualquer escritor de surrealismo de queixo caído. Não parecem vida real - parecem um simulacro, uma viagem alucinógena sem pé nem cabeça. E hoje, sábado, ele ousou a citar nós, veganos, em seus comentários ridículos. Num evento do Exército que aconteceu hoje na Zona Oeste do Rio ele reafirmou que quer transformar a Baía de Angra dos Reis em uma "Cancún Brasileira", e que apenas "veganos que comem só vegetais" se importam com a questão ambiental.
Sabe-se que Bolsonaro tem uma casa na Vila Histórica de Mambucaba, que fica na Estação Ecológica (Esec) de Angra, cujo status ele quer alterar. No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela inconstitucionalidade da redução de Unidades de Conservação (UCs) por medida provisória. "Me ajudem a fazer a Baía de Angra a Cancún Brasileira".
Bolsonaro também falou que não quer "sujar a imagem" da "sua pátria", divulgando dados. "No Brasil, parece que os chefes de Estado e alguns fazem campanha contra a sua pátria. Lula em 2002 disse que o Brasil tinha 30 milhões de crianças nas ruas. É uma péssima propaganda contra o Brasil, essa questão ambiental é a mesma coisa."
E voltou a citar os veganos (estamos até achando que tem uma perseguição no ar... dele e do Ricardo Salles, óbvio), num comentário nada a ver, totalmente ridículo, como se nós veganos fôssemos homens das cavernas. "Quando acabarem os commodities do Brasil, nós vamos viver do que? Do que a gente vai viver? Vamos virar veganos? Viver do meio ambiente? Não podemos tratar o meio ambiente como uma psicose ambiental", vomitou.
ESPECISMO, RACISMO E PRECONCEITO CONTRA ÍNDIOS
E não bastasse toda essa besteira proferida, ainda afirmou que esteve recentemente com índios e que índios não querem viver isolados em reservas, "como em um zoológico"."O índio é um ser humano igual a nós. Não é pra ficar isolado em uma reserva como se fosse um zoológico".
Nós ativistas anti-especistas gostaríamos de lembrar que essa coisa de equiparar homens (animais humanos) a animais não-humanos é que é uma coisa da era das cavernas. Nós ativistas anti-especistas já deixamos claro que índios não são animais, e animais não são índios, e nenhum é melhor do que o outro, assim como animais e não-índios não são. Essa é a base da defesa anti-especista, o não-antropocentrismo. Bolsonaro dizer que reservas são como zoológicos é uma tentativa discursiva de diminuir os índios e, ao mesmo tempo, colocar os animais como inferiores ao ser humano (discurso especista). A mesma tentativa foi feita quando Bolsonaro disse dos negros, falando que "lá o afrodescendente mais leve pesava sete arrobas". Senhor presidente, não diminua as reservas indígenas e não envolva os animais em seus comentários desconexos. Ao invés disso, Bolsonaro deveria tratar das demarcações de terras indígenas e fechar os zoológicos que ainda existem no país. A boca deste homem é um esgoto a céu aberto.
Bolsonaro ainda disse, neste sábado, que na próxima semana nós teremos uma surpresa nos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Dados preliminares de satélites do Instituto já mostram que mais de 1.000 km2 de floresta amazônica foram derrubados na primeira quinzena deste mês, aumento de 68% em relação a julho de 2018.

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    Thaís Tostes

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