O copo...
06/07/2019 12:24 - Atualizado em 06/07/2019 12:30
Escrevo para vocês dois contos que nos inspiram a simplificar a vida e apurar nossa sensibilidade para o que realmente importa.
Certa vez, uma psicóloga falando sobre gerenciamento do estresse em uma palestra levantou um copo d'água e todos pensaram que ela perguntaria a velha pergunta sobre o "copo meio cheio ou meio vazio". Mas com um sorriso no rosto ela perguntou "Quanto pesa este copo de água?". As respostas variaram entre 100 e 350g. Ela então respondeu: "O peso absoluto não importa. Depende de quanto tempo você o segura. Se eu segurar por um minuto, não tem problema. Mas se eu o segurar durante uma hora, ficarei com dor no braço. Se eu segurar por um dia meu braço ficará amortecido e paralisado. Em todos os casos o peso do copo não mudou, mas quanto mais tempo eu o segurar, mais pesado ele ficará". Ela continuou: "O estresse e as preocupações da vida são como este copo d'água. Eu penso sobre eles por um tempo e nada acontece. Eu penso sobre eles um pouco mais de tempo e eles começam a machucar. E se eu penso sobre eles durante dias, eu me sinto paralisada, incapaz de fazer qualquer coisa. Às vezes um problema é pequeno e leve, mas de tanto que o seguramos, eles se tornam mais pesados do que são. "Problemas existem, mas chega um momento que precisamos deixar de pensar neles. Então... lembre-se de "largar o copo".
No outro conto, um velho Mestre pediu a uma jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal num copo d'água e bebesse. -"Qual é o gosto?" - perguntou o Mestre. -"Ruim" - disse a aprendiz. O Mestre sorriu e pediu à jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e a jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse: -"Beba um pouco dessa água". Enquanto a água escorria do queixo da jovem, o Mestre perguntou: -"Qual é o gosto?" -"Bom!" disse a jovem. -"Você sente o gosto do sal?" perguntou o Mestre. -"Não", disse a jovem. O Mestre então disse: - "A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Então, quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas. Deixar de ser um copo. Tornar-se um lago”.
Muitas vezes, sofremos mais do que a própria dor, pois não damos sentido ao nosso sofrimento e também não aproveitamos o momento para um crescimento ou, talvez, descobrir um novo caminho, uma nova forma de viver.
A dor, a incompreensão, a decepção, o desprezo, a rejeição, os problemas... às vezes, nos levam a um sofrimento maior do que realmente ele é, e acaba nos paralisando. No entanto, não devemos cultivar o sofrimento, mas devemos dar um novo sentido a ele. Como ensinou o mestre a jovem. O primeiro passo que devemos dar diante de um conflito é encará-lo, nomeá-lo. Existe o perigo de passarmos pela vida vendo tudo com óculos cor-de-rosa, assim não precisamos enxergar e nem enfrentar os conflitos, e agimos como a avestruz, que disse: “O que não deve ser não existe”, e colocou a cabeça na areia.
É importante que não coloquemos “panos quentes” nos conflitos individuais ou comunitários, pois conflitos são sempre uma chance de inspirar nossa criatividade a procurar soluções melhores. Na convivência entre homens e mulheres, de culturas e gerações diferentes, geralmente, ocorrem conflitos que não podem ser resolvidos inteiramente. Por isso, precisamos aprender a conviver com os conflitos, com as nossas diferenças.
É fundamental aceitar as dores que uma ruptura traz e recomeçar. É essencial transformar-se e crescer. Fazendo, da vida, uma linda obra de arte. Ao transformar o sofrimento em uma oportunidade de vida nova, torna-se possível transformar os sonhos em realidade, e acreditar no amor como única verdade!
Transformar o nada em tudo, e amar tudo o que se tem, mesmo em meio às dificuldades.
Estes contos deixam um belo ensinamento: não importa o tamanho dos problemas e desafios que temos, o que importa é a capacidade que temos de começar sempre, correr atrás dos sonhos sem cansar, lutar sem brigar. Ajudar sem esperar, amar sem cobrar... Sonhar sem desanimar... e, enfim, acreditar que você pode "se" transformar, pois um homem só tem o direito de olhar o outro, de cima para baixo, quando está o ajudando a levantar-se.
E como nos diz Fernando Pessoa: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.”...
Portanto ouse... torne-se um lago e tenha uma excelente semana!
Com afeto,
Beth Landim

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