Bispo repudia ataques a terreiros em Campos
13/06/2019 19:33 - Atualizado em 18/06/2019 13:31
O bispo da Diocese de Campos, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, emitiu nesta quinta-feira (13) uma nota em defesa da liberdade religiosa e em repúdio aos atos de intolerância e violência contra religiões de matriz africana. Em Campos, seis terreiros foram fechados em Guarus e, na área central, nove foram invadidos e tiveram seus líderes ameaçados. Além disso, mais de 20 terreiros, espalhados por todo o município, estão submetidos a funcionar somente durante o dia. Para amenizar a situação de intolerância, a Prefeitura de Campos criou um Grupo de Trabalho para auxiliar vítimas.
Em nota, o bispo Dom Roberto Ferrería destaca que o desrespeito à liberdade religiosa fere a democracia. “Expressamos como Diocese de Campos nossa solidariedade fraterna e apoio para com os irmãos/as pertencentes às religiões de matriz africana. Repudiamos e manifestamos nosso total desacordo e desconformidade com a perseguição religiosa, a intolerância e violência que levou ao fechamento de terreiros. O desrespeito à liberdade religiosa e à liberdade de consciência ferem profundamente a democracia, a convivência social e torna-se uma grave ameaça à paz. Nossa bênção de consolação e paz”, disse o bispo, que também é referencial da Pastoral Afro-Brasileira no Estado do Rio de Janeiro.
Reunião — Nesta semana, o Grupo de Trabalho para atender às comunidades de Terreiro vítimas de intolerância religiosa se reuniu para definir suas estratégias. Também foram realizadas reuniões com as vítimas e reunião de orientação com as equipes e atendimento. Todo o trabalho vem sendo acompanhado por membros do Fórum Municipal de Religiões Afro-brasileiras (Frab).
O presidente do Frab, Gilberto Totinho, explica que pessoas ligadas ao tráfico de drogas, a partir de uma autodeclaração religiosa, passaram a invadir as Comunidades de Terreiro, depredá-las e a agredir física e moralmente seus ministros e adeptos.
Além do Frab, o grupo de trabalho é composto por representantes das superintendências de Igualdade Racial e de Justiça; e das secretarias de Governo e de Desenvolvimento Humano e Social. Para Thiago Côrtes, da superintendência de Justiça e Assistência Judiciária, fica claro, a partir dos relatos das vítimas, o racismo religioso, praticado em diversos pontos de Campos. “A visão é de racismo religioso e nosso papel é tomar esses relatos e encaminhar ao Ministério Público e Polícia Militar para que sejam tomadas medidas de proteção a essas famílias”, disse o advogado. (M.S.) (A.N.)

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