A Importância do Rótulo na Garrafa de Vinho
- Atualizado em 09/06/2019 07:43
BNB Coluna Vinhos
Por João Ricardo Rodrigues
Como analisar as informações dos rótulos dos vinhos
Continuando a nossa experiência com os vinhos do Rio Grande do Sul, iremos abordar um assunto importante principalmente para quem esta iniciando. Ao entrarmos em uma adega, loja de vinhos ou quando estamos em um restaurante nos deparamos com uma infinidade de marcas, tipos de uvas e outras informações que são importantes para a escolha de um bom vinho.
Para ganharmos confiança em nossas escolhas hoje vamos falar sobre a certidão de nascimento do vinho: o rótulo, feito para saber exatamente o que estamos comprando. É fundamental entender as principais informações contidas nele.
Tudo regido pelo art. 16 Decreto nº 8.198 de 2014.
Basicamente, existem dois tipos:
Rótulos de vinhos do Novo Mundo
Destacam principalmente o nome do vinho e a(s) uvas(s) que o compõem (Merlot, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, entre outras). São comuns em vinhos de países como o Brasil, Argentina, Chile, África do Sul, Estados Unidos, Austrália, entre outros.
Rótulos de vinhos do Velho Mundo
Destacam o produtor e a região onde as uvas foram cultivadas (Bordeaux, Champagne, Rioja, Chianti, entre outras).
São comuns em vinhos de países como a França, Itália, Espanha, Portugal, dentre outros.
Como o nosso foco são os vinhos do Rio Grande do Sul, iremos no ater nesse momento somente aos rótulos do Novo Mundo.
Começando:
Nome do vinho
O nome geralmente ganha grande destaque no rótulo, principalmente em vinhos do Novo Mundo.
Muitas vinícolas possuem diversas linhas de vinhos e, para melhor identifica-las, cada linha recebe seu próprio nome.
Nome do produtor
O nome do produtor muitas vezes aparece com destaque e pode ser uma grande empresa ou uma pequena vinícola familiar.
Alguns produtores não dão um nome específico aos seus vinhos, utilizando apenas o nome da própria vinícola, muitas vezes seguido pelo nome da uva e safra.
Tipo de Uva
Muitos vinhos (principalmente do Novo Mundo) apresentam no rótulo uma ou mais uvas que foram utilizadas em sua produção.
Isto ajuda o consumidor a ter uma noção do estilo e sabor do vinho que está comprando, além, é claro, dos pratos que podem harmonizar com ele.
Se produzido com duas ou mais uvas, é nomeado como vinho de corte ou assemblage *A região onde o vinho foi produzido ganha mais destaque em rótulos de vinhos do Velho Mundo, onde indica, muitas vezes, a qualidade superior de um vinho.
Além da região de origem, muitos vinhos dão destaque às sub-regiões – áreas menores com solos e micro-climas de características particulares que encontram-se dentro de regiões maiores.
Geralmente, quanto mais específica a origem das uvas, podendo ser uma sub-região ou até mesmo um determinado vinhedo, mais refinado o vinho e maior o seu preço.
A safra indica o ano em que as uvas foram colhidas.
É uma informação muito importante, já que alguns vinhos podem melhorar com o tempo, enquanto outros perdem suas melhores características.
De modo geral, a maioria dos vinhos brancos e rosés devem ser consumidos dentro de 2 ou 3 anos, enquanto a maioria dos tintos em até 5 anos.
Existem também os vinhos de guarda, aqueles que podem evoluir por muitos anos e até mesmo décadas.
Os vinhos que não apresentam a safra no rótulo, como a maioria dos vinhos espumantes e vinhos do Porto, são aqueles produzidos com uvas colhidas em diferentes anos.
Premiações
Essas medalhas são dadas em diversas competições que acontecem ao redor do mundo onde os vinhos são avaliados por juízes que são experts na indústria do vinho: há blogueiros, imprensa especializada e até mesmo profissionais com títulos de Master of Wine e Master Sommelier, que são as graduações máximas que se pode atingir como especialista em vinho.
Grau Alcoólico
Quantidade de álcool presente na bebida, varia de acordo com vários aspectos de cada vinho.
Volume da garrafa
Expressa a quantidade de bebida na garrafa: a mais comum é de 750 ml.
Tipo de Vinho
Como já vimos temo os vinhos de mesa e finos e outras especificações que veremos com mais detalhes em outras avaliações
Bom essas são as informações básicas, algumas vinícolas colocam no verso da garrafa o contra-rótulo com mais informações sobre a vinícola, harmonizações, métodos de produção e outras.
A cada vinho aqui apresentado iremos postar a analise do rótulo.
Bom, vamos ao vinho de hoje:
Produzido pela Cordelier de Fante, industria de bebidas localizada na maior cidade produtora de vinhos do Brasil: Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, o Equilibrium Cordelier safra 2013, é um corte tinto composto de Cabernet Sauvignon, Merlot e Ancellotta, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho.
João Ricardo Rodrigues
Avaliação
Surpreendeu-me, entrega bem mais do que custa. De cara mostra um forte aroma floral, confirmado no palato, depois de um tempo aparecem especiarias, fruta madura, que justificam seu nome: Equilíbrio.
Apesar de o aroma ser o carro chefe, não deixa a desejar no paladar. Mantém as notas aromáticas com bons taninos integrados, álcool e acidez na medida e boa personalidade.
Macio, final médio e saboroso. O rótulo indica que tem potencial de guarda, mas não paguei pra ver, quem sabe na próxima.
Harmonizei com picanha na tábua, mas também pode ser com queijos de massa dura, massas com molhos fortes, pizzas, carnes vermelhas e carnes de caça.
 
* Vinhos de corte ou vinhos de “assemblage”:
Como já vimos, os vinhos feitos com apenas uma variedade de uva são chamados varietais ou monocastas. Já os vinhos elaborados com mais de uma uva são chamados de vinhos de corte ou vinhos de “assemblage” (traduzindo do francês, mistura).
Mas para que se misturar as uvas para se fazer um vinho? Cada uva tem suas características e dão origem a vinhos de sabores, aromas e cores diferentes. Misturando na quantia certa as proporções de algumas uvas, podemos obter mais cor, mais corpo, menos acidez, mais equilíbrio…
Ou seja, o que quisermos. Essa é na verdade a grande arte do enólogo. Saber com exatidão as características de cada uva e fazer os assemblages de maneira a elaborar vinhos equilibrados e que traduzam a personalidade da vinícola e do terroir da região.
*Vinho adquirido no Emporium Gourmet – Boa Vista Roraima.

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    Nino Bellieny

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