Polícia Civil e MP cumprem mandados contra suspeitos de integrarem milícia
31/05/2019 09:11 - Atualizado em 17/06/2019 20:36
Reprodução - TV Globo
Uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil prendeu nesta sexta-feira (31) oito pessoas suspeitas de integrarem a milícia que era comandada por Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica. Dos oito presos, quatro são PMs. Um deles é o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, detido em Pedra de Guaratiba.
Ferreirinha foi apontado pela Polícia Federal como o responsável por atrapalhar a investigação da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A Operação Entourage tenta cumprir 30 mandados de prisão e não tem relação com o atentado. Curicica está detido em um presídio federal e, segundo as investigações, não tem mais controle sobre seu antigo grupo paramilitar.
Plano de vingança — De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro, Ferreirinha foi segurança e motorista de Orlando Curicica, mas se voltou contra o patrão.
Durante meses, ele foi considerado a principal testemunha do Caso Marielle. Seu depoimento à Delegacia de Homicídios sobre o caso Marielle já foi, segundo policiais, uma tentativa de tomar pontos dominados por Curicica. À época, o PM afirmou que seu antigo chefe e o vereador Marcello Siciliano tramaram a morte da vereadora. Ambos sempre negaram.
Em março, a TV Globo mostrou com exclusividade o depoimento da advogada de Ferreirinha à PF. Camila Nogueira disse que desconfiava da versão apresentada pelo cliente e que se sentiu usada. Ela esclareceu que "essa criação de Rodrigo Ferreira e a manipulação com os policiais civis que fez com ela foi mais um dos fatos que levaram a declarante a ter medo de ficar nessa situação".
"Também exerceu a função ligada à gestão financeira da malta, como recolhedor dos valores cobrados a títulos das taxas cobradas nos locais de domínio", informa a denúncia do MP apresentada à Justiça.
Operação — Equipes deixaram a Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, por volta das 5h20. A operação Entourage foi montada para desarticular uma das maiores milícias que atua na Zona Oeste do Rio, de acordo com policiais. A ação conta com o apoio do Gaeco, das Corregedorias da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros e do setor de inteligência da Seap.
O grupo comandado por Orlando Curicica é, de acordo com as investigações, apontado por dominar as comunidades de Curicica, Terreirão, Boiúna, Santa Maria, Lote 1000, Jordão e Teixeiras, no bairro de Jacarepaguá.
As investigações da Delegacia de Homicídios da Capital revelaram que o grupo explora ilegalmente serviços como transporte, lazer, alimentação e segurança dessas comunidades através da cobrança de taxas. A quadrilha explora ainda a grilagem de terras nessas regiões. As associações de moradores também seriam dominadas por esses grupos, segundo os policiais.
A investigação mostra ainda que a milícia atua com violência, o que inclui a execução de testemunhas e tentativas de homicídio de autoridades responsáveis pelas investigações. Os membros dessa quadrilha fazem imperar a “lei do silêncio” entre os moradores da localidade em que exercem o controle criminoso.
O MPRJ informa que a expansão do grupo na região ocorreu entre 2015 até o final de 2017, na área de Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes. A organização é caracterizada por clara estruturação e divisão de tarefas, nos quais havia os membros incumbidos da gestão do esquema criminoso; os seguranças designados para a proteção pessoal dos chefes do bando; os responsáveis pelas áreas dominadas; os soldados; os cobradores ou recolhedores; os vendedores de armas de fogos e cigarros; os olheiros; e os incumbidos da clonagem e receptação dos veículos usados por seus integrantes.
Fonte: G1

ÚLTIMAS NOTÍCIAS