Jornalista Júlia Maria Assis analisa reforma da Previdência e comenta sobre profissão
Paula Vigneron e Maria Laura Gomes 20/05/2019 13:31 - Atualizado em 27/05/2019 11:30
Isaías Fernandes
Jornalista responsável pela assessoria de comunicação do Sindicato dos Bancários de Campos e Região, Júlia Maria Assis foi a entrevistada da primeira edição desta segunda-feira (20) do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Ela comentou sobre os desafios da profissão e sobre o cenário atual. Um dos temas abordados durante o bate-papo foi a reforma da Previdência, do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Para ela, é necessário que os números que indicam o déficit sejam mais claros. Júlia apontou que, devido ao atual contexto brasileiro, a comunicação sindical tem enfrentado barreiras. “É um momento extremamente complicado que o Brasil está passando, por vários aspectos, e o trabalho da comunicação sindical é complicado porque, às vezes, você tem que convencer o trabalhador de que ele é trabalhador”, afirmou, ressaltando que há uma “demonização” dos sindicatos no país. Nesta terça-feira (21), o entrevistado do Folha o Ar é o médico Adilson Sarmet.
A jornalista explicou que a reforma da Previdência tem maior rejeição da população, se comparada à trabalhista, por ser mais fácil de ser explicada aos trabalhadores.
— Eu trabalho com comunicação. O desafio nosso é levar essa informação para a sociedade. A reforma trabalhista, que passou no governo Temer, era muito difícil de explicar para as pessoas. Era uma centena de direitos perdidos na reforma. A da Previdência é mais fácil. Você diz: “você vai se aposentar mais tarde”. E o cara entende que é isso — relatou.
Para ela, a principal questão não é a necessidade ou não da reforma, mas sim a definição dos números que indicam o déficit da Previdência. Segundo Júlia, estes dados são conflitantes:
— Existe um tripé, que é o tripé da seguridade — saúde, assistência e previdência —, que vários números mostram que não é deficitária (Previdência). Se tiver que fazer alguma reforma, a reforma tem que ser discutida com a sociedade. E, se tem que fazer alguma reforma de fato, ela não pode sacrificar quem é o mais pobre, que não é responsável pelos problemas que possam existir, porque os grandes devedores não pagam o que devem à Previdência.
Em relação a alguns pontos da reforma, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), Júlia afirmou estes devem ser retirados do projeto por serem parte da “gordura”.
— Um projeto, quando é apresentado assim, ele já vem com uma espécie de “gordura” para você tirar na negociação. A grande questão não é o BPC, não é não acumular a pensão por morte. A grande questão, que é o projeto do governo, que é o projeto do Guedes, é a capitalização. O principal objetivo é vender a Previdência para os bancos, para fazer um modelo similar ao do Chile. O Chile tem recorde de suicídio de idosos porque não eles conseguem viver com a mixaria que recebem de aposentaria — comparou.
Jornalismo em pauta — Além de apontar a atual dificuldade da comunicação sindical, Júlia Maria também comentou sobre as diferenças do trabalho do jornalista em redação e em assessoria de imprensa, incluindo a comunicação sindical. Para ela, as experiências nas duas áreas do jornalismo são interessantes, e o assessor deve ficar atento às questões éticas:
— O assessor é uma função de confiança do seu assessorado, mas, ao mesmo tempo, ele tem que ter uma relação de muita verdade e comprometimento com o que a profissão pede dele, que é não desinformar e não omitir nada da sociedade. O jornalismo é fundamental em uma democracia.
Em relação à quantidade de sindicatos que há no Brasil, a jornalista ressaltou uma diferença entre as unidades que representam e as que não representam suas categorias profissionais, sendo estes considerados pelegos. “O problema não é a diretoria. O sindicato é do trabalhador. Se ele não se vê representa, bota uma chapa, tira e coloca uma diretoria justa”, afirmou.
Confira a entrevista:
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