Etanol é aposta para safra da cana
Aldir Sales 04/05/2019 12:25 - Atualizado em 21/05/2019 20:17
  • Início da safra da Nova Canabrava

    Início da safra da Nova Canabrava

Um levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado no final de abril mostra que a projeção para a produção de etanol no Brasil chegue a 33,14 bilhões de litros na safra 2018/2019. Os números representam um novo recorde no país, com um aumento de 21,7% em relação a última safra. A tendência também é acompanhada em Campos. As três usinas do município já anunciaram que vão apostar forte no etanol, que possui um preço mais rentável em relação ao açúcar.
No último dia 12 de abril, a Usina Canabrava deu o pontapé inicial na safra com um culto de ação de graças. A expectativa é de que a moagem atinga a marca de 600 mil toneladas de cana, com capacidade de produção de 750 mil litros de etanol por dia, um aumento de 15% em relação ao ano passado.
Segunda a direção da Canabrava, a produção desta safra será 100% voltada ao etanol e existe previsão de que sejam gerados cerca de 1.500 empregos diretos e outros 3 mil indiretos.
Outra usina que vai trabalhar na produção de etanol é a Paraíso, que fica no distrito de Tocos, na Baixada Campista. Segundo o presidente da unidade, Geraldo Coutinho, ainda não existe previsão sobre os números da produtividade.
— Nos dois últimos anos a produção foi inteiramente de etanol e vamos manter este modelo para esta safra. Ainda estamos aguardando algumas indicações do clima para poder fazer uma estimativa em números da produção — disse o industrial, que confirmou uma conversa com a Coagro para eventual união das duas usinas. “Existe, sim, uma conversa. A Paraíso é a única usina na margem direita do rio Paraíba do Sul e a Coagro é a principal da margem esquerda. Juntar as forças das duas geraria resultados interessantes, mas ainda estamos em processo de conversa. Em um primeiro momento, uma das usinas receberia toda a produção das duas enquanto houver uma consolidação e, depois de dois anos, as duas voltariam a moer, mas, primeiro, precisamos continuar conversando”, declarou Gel Coutinho, informando, ainda, que também não haveria definição sobre qual usina receberia a produção nos dois primeiros anos em caso de acordo.
Já na Coagro, que fica em Sapucaia, a expectativa é de que 80% da cana seja reservada para o etanol, mantendo a tendência do último ano. “Cerca de 80% da cana vai ser moída para a produção de etanol, que está remunerando melhor. Se o açúcar melhorar, tem previsão de melhora de preço no segundo semestre, a gente tem a possibilidade de virar essa produção do açúcar. Isso depende do mercado. A gente deve fazer algo entorno 37 milhões de litros de etanol, e 600 mil sacas de açúcar”, disse o presidente da Coagro, Frederico Paes.
Colheitadeira da Coagro
Colheitadeira da Coagro
Conab prevê açúcar em baixa na atual safra
Também em abril, o Conab divulgou dados da safra 2018/2019 da cana em relação à produção de açúcar, mostrando a tendência de queda, em contraponto com a aceleração do etanol.
A produção de açúcar, inicialmente prevista em 31,35 milhões de toneladas, recuou para 29,04 milhões. Com os novos dados, o órgão indicou uma redução de 9 milhões na produção de açúcar desta safra, em relação à anterior.
Um dos principais ajustes foi nos números de São Paulo. A Conab reajustou os dados do estado para 18,2 milhões de toneladas, 2 milhões menos do que previa antes e mesmo volume apurado pela Unica (União das Indústrias de Cana de Açúcar). A perda deste ano, em relação ao volume do anterior, é de 5,7 milhões de toneladas.
Mercado tem expectativa de crescimento
Segundo o Conab, o país deve alcançar na safra 2018/2019 a marca de 33,14 bilhões de litros de etanol produzidos, um aumento de 21,7% ou 5,9 bilhões de litros em relação à safra 2017/2018. Os dados confirmam o novo recorde de produção de etanol, batendo o índice anterior de 30,5 bilhões na safra de 2015/2016.
Os números são do quarto levantamento da safra de cana de açúcar 2018/2019 e mostram que, no caso do etanol hidratado, a produção deve ser de 23,58 bilhões de litros, 45,1% ou 7,3 bilhões de litros a mais que o ciclo anterior. Antes, a maior produção de álcool hidratado alcançada havia sido de 19,6 bilhões de litros, na safra 2010/2011.
O levantamento mostra que houve redução no caso do anidro, que é utilizado na mistura com a gasolina. A produção ficou em 9,56 bilhões de litros, 13,1% a menos que no período anterior.
O aumento na produção de etanol nesta safra ocorreu principalmente em função da queda de preços do açúcar no mercado internacional e a um cenário mais favorável para o etanol no mercado interno, frente à alta do dólar e do petróleo, de acordo com a Conab. A junção desses fatores fez com que as unidades de produção aumentassem a destinação de cana-de-açúcar para a produção de etanol.
A safra da cana foi de 620,4 milhões de toneladas, apresentando redução de 2% em relação à anterior de 633,26 milhões de toneladas. A produção de açúcar atingiu 29,04 milhões de toneladas, um decréscimo de 23,3% ou 8,8 milhões de toneladas, se comparado à safra anterior. A área colhida ficou em 8,59 milhões de hectares, o que representa uma redução de 1,6% se comparada a 2017/2018.

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