BR 101: ações de curto prazo não resolvem
- Atualizado em 12/05/2019 23:03

No dia 09 tivemos uma manifestação por mais segurança na BR-101, principalmente no trecho da rodovia próximo a São Gonçalo/RJ. Esse fragmento da estrada federal tem sido palco de inúmeros crimes com muitos relatos de vítimas e vídeos circulando nas redes sociais. Em razão da existência de comunidades controladas por traficantes nas proximidades, a ação dos criminosos é facilitada, pois podem facilmente fugir para o interior de uma delas, tornando a sua captura muito mais difícil. Apesar disso tudo, não é um problema novo.

Para ilustrar a rotina de quem trafega pela rodovia, vale recordar alguns casos. No dia 24/04/18 uma viatura da polícia civil que ia em direção ao Rio de Janeiro, foi atingida por disparos de arma de fogo por volta das 7h da manhã quando passava na estrada. No mesmo dia, um ônibus que fazia a linha Tanguá-Praça XV foi assaltado na altura de Itaúna, São Gonçalo.
Diante da ineficiência das forças policiais em coibir essa onda de crimes, durante a intervenção militar, veículos militares passaram a patrulhar a rodovia com o objetivo de melhorar a segurança. Aumentou a sensação de segurança, porém, com o fim da intervenção, esse patrulhamento extra também encerrou.
Com a diminuição do patrulhamento ostensivo, o número de crimes voltou a crescer, e no dia 18/04/19, quase um ano após o atentado contra os policiais, um motociclista foi baleado, por volta de meio dia, quando trafegava pela estrada. Diante do quadro de completa insegurança existente na rodovia BR 101, fica claro que ações de curto prazo não resolvem o problema. A PRF, que tem atribuição para combater os crimes ocorridos na rodovia, sofre com déficit de servidores e não tem como agir nas comunidades próximas. Já as polícias estaduais não conseguem tirar as comunidades do jugo de criminosos.
Somente com uma ação integrada das forças de segurança federais e estaduais, unindo inteligência e ostensividade, será possível dar segurança aos milhares de pessoas que utilizam diariamente a rodovia. Mas para isso é preciso vontade política, e isso não parece ser a prioridade dos governos federal e estadual.

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    Sobre o autor

    Roberto Uchôa

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    Especialista em Segurança Pública, mestrando em Sociologia Política e policial federal