Coletivos de Mulheres se organizam para denunciar atendimento da Deam
17/04/2019 23:48 - Atualizado em 18/04/2019 19:04
Reunião do Coletivo de Mulheres
Reunião do Coletivo de Mulheres / Rodrigo Silveira
Integrantes do Movimento Unificado de Mulheres (Movimentum), do coletivo Nós Por Nós e do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, de Campos estiveram em um encontro, na noite desta quarta-feira (17), com defensoras públicas, com o objetivo de colher instruções para formalizar as denúncias, quanto ao atendimento da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam). Mais de 50 relatos chegaram aos grupos e outros mais de 700, às pessoas próximas à mulher agredida por um DJ de Campos, no início do mês. O caso ganhou ampla notoriedade, depois que a Deam publicou uma nota de esclarecimento, classificando as lesões da vítima como leve, antes de tomar conhecimento sobre exames complementares, que a vítima fez no Hospital Ferreira Machado (HFM), apontando uma perfuração do tímpano. O DJ chegou a ser preso, mas foi liberado horas depois, mediante pagamento de fiança. As denúncias, por intermédio das defensoras, que atuam em Campos e São João da Barra, serão levadas ao Núcleo Especial de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) e à CPI do Feminicídio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Foram apresentadas medidas para a formalização das denúncias; apresentação ao Ministério Público, à corregedoria da Polícia Civil e às Comissões permanentes de direitos Humanos e Direitos da Mulher e Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
No encontro, as defensoras Ana Carolina Palma de Araújo e Patrícia Silva Porto Ribeiro, disseram ter contato direto com a coordenação do Nudem, órgão diretamente ligado à Defensoria Pública do Estado, Flávia Nascimento, que irá apresentar essas denúncias ao Ministério Público. Elas tomaram conhecimento de alguns relatos chegados ao coletivo Nós Por Nós, lidos pela coordenadora Rafaelly Galossi. No conteúdo constam casos de desencorajamento às vítimas, negativa de confecção do registro de ocorrência, sugestionamento, coação e até mesmo assédio. Em um dos casos, a vítima teria contado que buscou a Deam, depois de ter sofrido ameaça e violência em um bar e foi questionada se estava bebendo e acompanhada de homens. Depois, o celular da vítima teria sido levado e devolvido horas seguidas com violação de fotos e mensagens.
O amigo da vítima, que recebeu mais de 700 denúncias, ainda está em fase de recolhimento de autorizações para juntar às dos coletivos. O Movimentum foi representado por Juliana Rocha Tavares e Conceição Gama, que também é conselheira do Comdim.
Ao final do encontro, ficou definida a criação de um relatório geral de todos os casos e posterior envio às defensoras, que irão entregá-lo pessoalmente à coordenadora do Nudem, Flávia Nascimento, no Rio de Janeiro. Serão enviados os casos, com prints dos relatos anexados e comentários, além de apontamento de medidas para solucionar os casos de negligência, como a criação de um Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) e capacitação da equipe da Deam. A segunda medida é protocolar o registro do coletivo Nós Por Nós e do Movimento Unificado de Mulheres junto à CPI do feminicídio para que os dois tenham atuação nas audiências, representando Campos na Alerj.
Pelo adiantar da hora em que a reunião terminou, não foi possível o contato com representantes da Deam.

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