Odvan recorda histórias com Eurico Miranda: "Protegia muito os jogadores"
Matheus Berriel 12/03/2019 18:06 - Atualizado em 15/03/2019 18:00
Rodrigo Silveira/Folha da Manhã e Marcelo Sadio/Vasco
Multicampeão pelo Vasco, o campista Odvan tem boas lembranças do período em que defendeu o clube tendo Eurico Miranda como dirigente, entre o final do século passado e o início do atual. Ao Folha1, o ex-jogador fez elogios ao dirigente, que morreu nesta terça-feira (12), vítima de câncer no cérebro, aos 74 anos:
— Foi um período muito bom. O Eurico foi um dos caras que me contrataram para o Vasco, me deu total apoio enquanto eu estava lá. Era um cara que representava muito bem o Vasco. Quando o Vasco ganhou vários campeonatos importantes, ele era dirigente. Sempre tive uma relação muito boa com o Eurico, brincava muito com ele. Ele chegava p*to para falar alguma coisa com a galera, eu brincava e já tirava um sorriso dele. Era um cara que protegia muito os jogadores na época — afirmou.
Entre as histórias sobre o dirigente, o ex-zagueiro citou uma que representa o tamanho de sua paixão pelo Vasco. Lembrou também do episódio do Chocolate de Páscoa, em 2000, quando o Cruzmaltino goleou o Flamengo por 5 a 1 na final da Taça Guanabara:
— Todo brasileiro sabe e via a forma como ele se comportava ao falar do Vasco. A ponto de ele falar, uma vez, que se a mãe dele morresse e tivesse jogo do Vasco, ele não iria ao velório. Uma grande perda para o futebol brasileiro, porque está acabando aquela harmonia e a gozação que tinha. Ele criava e fazia muito bem isso. Faz falta, porque hoje o futebol está uma coisa muito fechada, não tem uma brincadeira ou provocação. Lembro que ele criou aquela do chocolate no Maracanã, distribuiu 40 mil chocolates para a torcida do Vasco. Foi uma coisa bem bolada, e nós enfiamos cinco no Flamengo. Hoje, acabou isso, você não vê mais os dirigentes trazendo esses encantos — completou.
A morte de Eurico:
Mais polêmico presidente da história do Vasco, tendo exercido o cargo por quatro mandatos, Eurico Miranda lutava contra o câncer no cérebro. Ele foi levado pela manhã a um hospital na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde faleceu no início da tarde. Atualmente, ocupava o cargo de presidente do Conselho de Beneméritos cruzmaltino. O cartola deixa esposa (Sylvia Miranda), quatro filhos (Eurico, Álvaro, Mario e Sylvia) e sete netos. O velório acontecerá a partir das 18h, na Capela Nossa Senhora das Vitórias, em São Januário, aberto ao público, e o enterro será na tarde desta quarta (13), reservado a amigos e familiares, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Devido à morte do dirigente, o Vasco cancelou o treino de ontem e decretou luto oficial de três dias. O arquirrival Flamengo foi um dos clubes a emitir nota de pesar, bem como o Botafogo, que também decretou luto de três dias. A bandeira de General Severiano ficou a meio mastro. Luto também na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ), que lamentou o ocorrido e se solidarizou com os familiares.
Eurico Miranda era um dos três ex-presidentes do Vasco ainda vivos. Os outros são Antônios Soares Calçada e Roberto Dinamite. Famoso por puxar os gritos de “Casaca”, fumar seus charutos e alimentar a rivalidade histórica com o Flamengo, já ingressou nas atividades administrativas do Vasco em 1967, aos 23 anos. Desde então, foi diretor de cadastro, assessor especial da presidência, representante do clube na FFERJ, diretor de futebol, vice-presidente da mesma pasta e presidente, além de ter fundado o grupo político União Vascaína, em 1979, junto a outros vascaínos. Também já foi dirigente do Clube dos 13 e diretor da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), tendo idealizado a criação da Copa do Brasil.
Durante os quase 14 anos à frente do departamento de futebol do Vasco, contribuiu para a conquista das Copas Libertadores (1998) e Mercosul (2000), de três Campeonatos Brasileiros (1989, 1997 e 2000), um Rio-São Paulo (1999) e seis Estaduais (1987, 1988, 1992, 1993, 1994 e 1998). Como presidente (de 2001 a 2008 e de 2015 a 2017), foi três vezes campeão estadual (2003, 2016 e 2017), duas da Taça Guanabara (2003 e 2016) e quatro da Taça Rio (2001, 2003, 2004 e 2017), mas acabou amargando dois rebaixamentos no Campeonato Brasileiro (2008 e 2015) — o primeiro, inédito para o clube. Fora do Vasco, foi eleito deputado federal em 1994 e 1998, pelo Partido Progressista Brasileiro (PPB), em 1994 e 1998. (M.B.) (A.N.)

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