PM e ex-PM presos como executores da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
12/03/2019 07:08 - Atualizado em 12/03/2019 12:55
Às vésperas de os crimes completarem um ano, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), e a Polícia Civil prenderam nesta terça-feira(12/03), Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, denunciados pelos homicídios qualificados de Marielle Franco e Anderson Gomes e tentativa de homicídio de Fernanda Chaves. As prisões ocorreram por volta das 4h desta madrugada na Operação Lume, realizada nas residências dos denunciados.
De acordo com a denúncia, as investigações concluíram, por meio de diversas provas, que Lessa foi o autor dos crimes, tendo efetuado os disparos de arma de fogo, com a participação de Elcio que foi o condutor do Cobalt utilizado para a execução. Ronnie Lessa é policial militar reformado e Elcio foi policial militar, tendo sido expulso da corporação.
Para os promotores do GAECO/MPRJ, a empreitada criminosa foi meticulosamente planejada durante os três meses que antecederam o atentado. Além das prisões, a operação realiza mandados de busca e apreensão nos endereços dos denunciados para apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munições e outros objetos.
De acordo com o jornal O Dia e o G1, Ronnie, apontado como o autor dos disparos, foi preso em casa, em um condomínio na Barra da Tijuca, onde o presidente Jair Bolsonaro também tem uma casa. Em outubro de 2009, Ronnie Lessa perdeu uma das pernas após uma granada explodir dentro de seu carro, em Bento Ribeiro, na Zona Norte. Ele é "ficha limpa" e no mês seguinte aos homicídios de Marielle e Anderson sofreu um atentado a tiros junto com um amigo bombeiro também na Barra.
 Junto com os pedidos de prisão e de busca e apreensão, o GAECO/MPRJ pediu a suspensão da remuneração e do porte de arma de fogo de Lessa. Também foi requerida a indenização por danos morais aos familiares das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho menor de Anderson até completar 24 anos de idade.
A Operação Lume foi batizada em referência a uma praça no Centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia um projeto chamado Lume Feminista. No local, ela também costumava se reunir com outros defensores dos Direitos Humanos e integrantes do Psol. Além de significar qualquer tipo de luz ou claridade, a palavra lume compõe a expressão 'trazer a lume', que significa trazer ao conhecimento público, vir à luz.
“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, diz a denúncia acrescentando que a barbárie praticada na noite de 14 de março de 2018 foi um golpe ao Estado Democrático de Direito.
As investigações, de acordo com o MP, continuam. Agora para a identificação dos mandantes.
(Texto: Assessoria do MP com informações dos jornais O Dia e Extra)
Atualização:
O governador do Rio de janeiro, Wilson Witzel, o secretário de Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, e delegados da Delegacia de Homicídios (DH) concedem entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira (12), para dar esclarecimentos sobre a prisão dos suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
“Esses que foram presos hoje poderão fazer uma delação premiada”, afirmou Witzel, após falar sobre a comparação dessa investigação com a Lava Jato e a possibilidade de novas fases da investigação do caso Marielle.
 
O governador ainda destacou que hoje o estado trouxe respostas à população. "É uma resposta importante que nós estamos dando para a sociedade: a elucidação de um crime bárbaro cometido contra uma parlamentar, uma mulher, no exercício de sua atividade democrática. Teve sua vida ceifada de forma inaceitável. Mas muito mais ainda inaceitável porque estava exercendo seu mandato”, disse o governador logo no início da coletiva.
Ministro Sérgio Moro 
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou, através da conta oficial do Ministério no twitter, que espera que as prisões dos acusados de ter assassinado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018, bem como o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos, sejam “mais um passo para a elucidação completa deste grave crime e para que todos os responsáveis sejam levados à Justiça”.
 
Moro disse que a Polícia Federal (PF) tem contribuído com as investigações, a cargo da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro. O ministro garantiu que a PF continuará colaborando com todos os recursos necessários à continuidade das investigações, incluindo as já instauradas, para apurar supostas tentativas de obstruir o avanço do trabalho policial.
 
 

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    Suzy Monteiro

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