Manifestantes saem às ruas após Justiça liberar comemorações de 1964  
- Atualizado em 31/03/2019 20:33
Manifestantes a favor e contra às comemorações alusivas ao 31 de março de 1964, quando foi instituído o governo militar no Brasil, saíram às ruas neste domingo (31) em várias cidades, incluindo Campos, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. À noite, na Esplanada dos Ministérios, um grupo favorável às celebrações exibiu 30 vídeos em um telão de 24 metros quadrados, mostrando a atuação das Forças Armadas de 1964 a 1985.
As manifestações foram convocadas após o presidente Jair Bolsonaro orientar a leitura de uma ordem do dia nas unidades militares em alusão à data. Segundo militares, a ordem do dia foi lida na sexta-feira (29), sem alterações de rotina.
No sábado (30) a Justiça Federal liberou as comemorações pela tomada de poder pelos militares e a deposição do ex-presidente João Goulart, há 55 anos.
Campos
 
 
Protesto aconteceu no Jardim São Benedito
Protesto aconteceu no Jardim São Benedito / Foto: Natália Soares Ribeiro
Em Campos, o Movimento Unificado de Mulheres convocou a população para um protesto no Jardim São Benedito. O “Ato Silencioso Ditadura Nunca Mais” foi em memória das vítimas da ditadura militar brasileira. Segundo a descrição do evento, a manifestação foi de “repúdio às iniciativas de comemoração a este triste e indigesto episódio da nossa história”. Os cartazes trouxeram nomes de mortos e desaparecidos durante a ditadura. Eles também lembraram que corpos de vítimas da ditadura teriam sido incinerados na usina Cambaíba, como aponta o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Claudio Guerra, no livro “Memórias de uma Guerra Suja”.
Foto: Natália Soares Ribeiro
Foto: Natália Soares Ribeiro
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentraram a partir das 16h na Cinelândia, no centro. Com cartazes críticos, os manifestantes exibiram fotografias de vítimas do regime militar e relatos de episódios que aconteceram no período. O começo do ato foi marcado por músicas como “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, “Cálice”, “Apesar de você” e “Vai passar”, de Chico Buarque.
No carro, de som, políticos, entidades estudantis e outras lideranças populares falaram sobre o período da história do Brasil, lembrando de atos como o incêndio da sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo, ocorrido no dia 1º de abril de 1964.
Filho do cartunista Henfil, o cronista Ivan Cosenza de Souza disse que há uma tentativa de reescrever a história do Brasil. “É incrível que pessoas tentem passar panos quentes nessa página horrível da história do Brasil”.
A funcionária pública Anabela Rocha disse que o ato foi espontâneo: “Eu acho importante deixar claro que a gente não quer que nunca mais aconteça algo parecido". “A gente repudia totalmente que haja qualquer tipo de comemoração”.
Manifestantes fazem ato contra o regime militar de 1964, na Cinelândia
Manifestantes fazem ato contra o regime militar de 1964, na Cinelândia / Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Com informações da Agência Brasil

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    Arnaldo Neto

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