Ganância leva a filme repetido
25/02/2019 11:46 - Atualizado em 25/02/2019 11:58
Um caso rumoroso tem agitado o mercado carioca nas últimas semanas, tendo sido objeto de diversas matérias em O Globo (confira aqui) e no G1 (leia aqui). A empresa JJ Invest fechou as portas do seu escritório em Copacabana e o seu dono Jonas Jaimovick sumiu do mapa. Milhares de clientes ficaram a ver navios e seus investimentos e aplicações viraram pó.
A JJ Invest atraía investidores prometendo rentabilidade muito acima do mercado, com ganhos entre 5% a 10% ao mês. Atrás de lucro fácil, muitos clientes depositaram na empresa as suas economias, às vezes até o que juntaram por toda a vida. 
Para se credibilizar a JJ Invest aproveitou a pindaíba que vivem os clubes do Rio, com exceção do Flamengo, e associou sua marca ao Vasco, patrocinando-o. Rubro-negro inchado, Jonas Jaimovick atraiu também  Zico, como parceiro e investidor. Patrocinou ainda clubes pequenos, como Madureira e Bangu.
Como sempre acontece nesses casos, o sistema é de pirâmide. Quando um aplicador pede para sacar os lucros, a empresa usa o dinheiro de outro aplicador para paga-lo, para tentar transparecer solidez. Quando há uma crise de confiança e muitos tentam sacar os seus investimentos, a empresa quebra.
Clientes ignoram o óbvio, não há como receber rendimentos muito acima do mercado sem correr muitos riscos. Rentabilidade e risco são diretamente proporcionais. Como bem lembrou o jornalista Saulo Pessanha em sua coluna na Folha da Manhã (confira aqui), o caso se assemelha muito ao do "Banco Morada", ocorrido em Campos na década passada.
Em 2005 o "Banco Morada" (BMR) remunerava em Campos com juros de 3% ao mês os investidores que ali aplicavam dinheiro. Com esta alta taxa mensal, o BMR pagava 42,58% ao ano, em juros compostos, de juros aos seus investidores. Enquanto isto, os bancos pagavam 19% ao ano de juros em aplicações de fundos de renda fixa e DI.
Para fazer tal mágica, o BMR emprestava dinheiro a taxas muito mais altas que os bancos convencionais, se expondo a empréstimos a clientes de alto risco. A conta não fechava e um dia ela veio para ser paga, gerando uma onda de resgates por parte dos investidores, levando à quebra do banco.
Naquele tempo, o sonho de boa parte da classe média era aplicar no banco, atrás dos tais juros de 3%. Muitos venderam bens como casas, apartamentos e fazendas, somente para aplicar o dinheiro lá e viver dos juros. Afinal, trabalhar pra que?
Casos famosos de pirâmide financeira já ocorreram no Brasil e no mundo. Dentre eles destacam-se o do ítalo-americano Charles Ponzi nos EUA na década de 20, de Madoff em Nova York, das Fazendas Reunidas Boi Gordo, da Avestruz Master em Goiás e do Agente BR em São Paulo, estes quatro na década passada.
O fime se repete, agora no Rio.

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    Christiano Abreu Barbosa

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